A CAMA QUE DEU CRIA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalhoathena1

Não é preciso muito esforço para tomarmos conhecimento das boas ações que acontecem em torno de nós. O triste é que estamos nos acostumando demais em ver apenas o mal em tudo que nos rodeia, e perdemos a chance de nos depararmos com o bem. Existem pessoas que desenvolveram um medo excessivo no contato com o estranho, medo esse que tem virado uma desculpa para a omissão. Elas estão ficando neuróticas e entorpecidas e, por que não dizer “maléficas”, em seus julgamentos preconcebidos? São perigosas, pois, se tiverem uma arma à mão, puxarão com facilidade o gatilho, à vista de qualquer temor, ainda que infundado.

Hoje, eu tive o prazer de conversar com meu amiguinho Jadilson, que há muito tempo eu não via. Conversa vai, conversa vem, acabamos falando sobre o pavor que vem acometendo as pessoas, o que as torna cada vez menos compassivas. Daí pulamos para o fato de que, ao nos desfazermos de coisas que não mais usamos, estaremos ajudando muitas outras pessoas. Ele então me narrou um fato muito interessante, que ora repasso ao leitor, e espero que sirva de estímulo para que ele possa se desfazer de tudo aquilo que abarrota seu lar, e, que tem certeza de que nunca fará uso, pois é preciso abrir espaço para que energias novas entrem em nossa casa e em nossa vida.

Cerca de seis meses atrás, contou-me Jadilson, ele foi chamado por seu patrão, que lhe perguntou se queria a cama de solteiro de seu filho, que fora trocada por outra que ele ganhara de presente da madrinha. O porão estava cheio e ele não tinha onde guardar mais coisas.

Jadilson aceitou-a com um sorriso largo, pois uma cama melhor seria muito bem vinda em seu pequeno quarto. Após o serviço, foi até à casa do patrão, desmontou a dádiva e a levou para casa com sacrifício, já que não tinha carro, mas bem feliz da vida. É fato que teve que esperar que ficasse mais tarde, para que a acomodasse com facilidade no lotação, que viaja bem vazio após a meia-noite.

No final de semana, montou sua nova cama, até botou colcha nova, e se sentiu o homem mais abençoado do mundo. Olhou para sua caminha antiga, companheira de tantos momentos de cansaço, tristeza e alegria, e agradeceu. Ele lhe daria um novo destino. Não um porão, mas um lugarzinho bem aprazível, onde seria bem tratada.

Ofertou a Ivani, sua sobrinha, sua antiga cama, que se encontrava bem superior à dela. A adolescente deu pulos de alegria, pois não é todo dia que se ganha um presente tão necessário ao corpo. Como ela crescera, sua velha cama estava com um rangido que a incomodava à noite.

A mãe de Ivani, por sua vez, deu a cama usada pela filha para a faxineira de um prédio vizinho. Dois dias depois, a mulher apareceu no seu portão, e era pura satisfação, contando-lhe que o filho estava todo festivo com seu novo presente. Contou também que ela havia repassado a cama do filho para dois menininhos, filhos de sua vizinha, que não tinham cama e, por isso, dormiam no chão.

Mas o caso não termina por aqui, meu caro leitor… Alguns dias depois, o patrão de meu amiguinho Jadilson travou com ele o seguinte diálogo:

– Como é, já se acostumou com a nova cama ou passou-a para frente? – questionou o patrão

– O senhor nem imagina o milagre que aquela cama fez! Ela deu muitas crias. – respondeu Jadilson

– Como assim? – questionou o patrão.

– Eu fiquei com ela, dei a minha para uma sobrinha, que deu a sua para uma faxineira, que deu a do filho para dois meninos que dormiam no chão. Como vê, o senhor ajudou cinco pessoas. – explicou Jadilson.

Seu patrão encheu os olhos de água, e lhe disse que iria esvaziar o porão assim que tivesse um tempinho, pois ali havia coisas que a família jamais usaria, mas que poderiam estar fazendo falta para outras pessoas. E arrematou:

– Obrigado por me fazer menos egoísta!

6 comentaram em “A CAMA QUE DEU CRIA

  1. Pedro Rui

    Um dia fui a casa de uma amiga que tinha muita roupa de bebê e não sabia o que fazer dela. Eu tinha outra amiga que ainda não tinha roupa para seu bebê, que tinha acabado nascer. Falei com as duas e a primeira deu tudo que tinha: roupa, carrinho, cama e brinquedos. Conclusão, ficaram as duas felizes, pois é com estas pequenas “grandes” ações que podemos fazer o mundo melhor e não custa nada. Eu fiquei muito feliz por ajudar as duas e pelo bebê que herdou tudo isso. Podemos e devemos fazer a diferença.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui

      Que gesto lindo o seu. Poucas pessoas são capazes de se interessar por outras, assim como você o fez.

      “… pois é com estas pequenas “grandes” ações que podemos fazer o mundo melhor e não custa nada.”

      Você, realmente, fez toda a diferença,tornando ambas as mães muito felizes. Realmente foi uma pequena “grande” ação. Parabéns!

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Edward Chaddad

    LuDias

    A solidariedade é um dos sentimentos mais divinos que conheço. Ela desfaz nossos sentimentos egoístas e nos aproxima muito da compaixão. Somos irmãos, não é verdade. E assim, sua história é uma maneira muito interessantes de exemplificar como podemos fazer o mundo mais feliz, sendo solidários.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      Esta história aconteceu de verdade.
      O mais interessante foi a tomada de consciência do patrão.
      Até ali, ele só guardava as coisas desnecessárias para a família, no porão.
      Com certeza tornou-se um novo ser humano.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Manoel Matos

    Lu

    É incrível ver como uma pequena ação pode trazer tantos dividendos. Gostei da história.

    Abraços

    Nel

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Nel

      Trata-se realmente de um fato verídico e não da imaginação da escritora.
      Podemos sempre fazer o bem.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário para LuDiasBH Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *