A CARTA DO PISTOLEIRO MAINHA (1ª Parte)

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Autoria de Guaipuan Vieira

mainha

Eu escrevi um folheto
De grande repercussão
A respeito de Mainha
E sobre a sua prisão
Cujo folheto atingiu
A sua quinta edição.

Por causa disso Mainha
Me mandou uma mensagem
E nela naturalmente
Salvaguarda sua imagem
Dizendo que não é rico
À custa de pistolagem.

Eu recebi a mensagem
Enviada por Mainha
E garanto aos meus leitores
Que não é invenção minha
Porque eu sou um poeta
Que nunca fugiu da linha.

O recado que transcrevo
Só mudei mesmo o estilo
Pois eu transformei em versos
Sem guardar nenhum sigilo
Transcrevo o que me foi dito
Portanto eu fico tranquilo.

Ao tomar conhecimento
Do que andei escrevendo
O detento com razão
Escreveu se defendendo
Me enviando a mensagem
Que assim começo dizendo:

-“As duas grandes famílias
Com muito orgulho pertenço
Aos Maias pelo meu pai
Que sempre teve bom senso
Da mamãe herdei Diógenes
Que tem um padrão imenso.

Muitos pensam que eu sou
Um terrível pistoleiro
Um sujeito endiabrado
Perverso e arruaceiro
Pensam que eu sou também
Um filho de cangaceiro.

A mente do nosso povo
Muitas vezes é enganada
Com especialidade
Quando é mal informada
E a vítima com as notícias
É a mais prejudicada.

Eu nunca fui pistoleiro
A todos posso provar
Se matei foi por vingança
Assunto particular
Pistoleiro que eu saiba
É pago para matar.

Se eu fosse perigoso
Não teria sido preso
Pois cabra desta maneira
Tem o olhar bem aceso
Tem ouvidos de tiú
Ninguém o pega indefeso.

O bandido perigoso
de tudo está informado
Pra isto paga coiteiro
Anda muito bem armado
Nunca é preso sempre é morto
Dentro dum fogo cruzado.

Na noite em qu’eu fui preso
Pelo senhor delegado
Não reagi à prisão
Nem também estava armado
E é a pura verdade
Conforme foi constatado.

Mesmo assim a própria imprensa
Que na minha casa andou
Pesquisando a minha vida
de tudo se inteirou
Porém me deram uma fama
Que só me prejudicou.

O bandido foragido
Muda a sua identidade
Abandona a sua terra
Parte pra outra cidade
Mesmo assim vive escondido
Garantindo a liberdade.

Como então sou foragido
Se tenho a minha morada
Nela vivo com meus filhos
E minha mulher amada
Que vive sempre com medo
De eu morrer numa cilada.

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