A ERA DOS FESTIVAIS – UMA PARÁBOLA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

era

Eu preciso ir ao Rio avisar o Geraldo Vandré que se ele ganhar o Festival vai sair de lá preso pelos militares. (Telé Cardim)

Os militares mandam você afastar Nara Leão do júri. Ordem dos militares não se discute. (Walter Clark, da Globo, para Solano Ribeiro)

A Vida não se resume a festivais. (Geraldo Vandré)

Aqueles que amam a música popular brasileira não podem deixar de ler A Era dos Festivais – Uma Parábola, do escritor, jornalista e historiador paulista Zuza Homem de Mello. O livro abrange um período que vai de 1965 a 1972.

A Era dos Festivais – Uma Parábola não se trata de um livro qualquer sobre música, como muitos dos que encontramos por aí, mas de um trabalho sério e profundo, que demorou cinco anos para ser elaborado. Traz não somente as músicas classificadas e as preteridas, como o desenrolar dos festivais nos seus bastidores e também muito de nossa história durante o seu período mais negro – a ditadura militar.

O livro de Zuza conduz-nos detalhada e apaixonadamente através da existência dos festivais em nosso país, passando pela apresentação das músicas nos seus variados estilos, pelo contato com as plateias efervescentes nas suas torcidas, assim como nos mostra as tramas urdidas para classificar essa ou aquela canção e impedir que outras ganhassem, principalmente quando a Censura resolveu envolver com as suas garras sebosas a criatividade dos compositores, cortando palavras, versos e excluindo canções.

A Era dos Festivais – Uma Parábola mostra a passagem da descomprometida bossa nova para um estilo mais contundente, com letras em que fica visível o desacordo da música brasileira com a ditadura militar, que se intrometia no mundo da arte, tentando fazer dela um veículo que abonasse a sua sandice e um passaporte de cumplicidade aos olhos do mundo. E disso Zuza pode falar com maestria, pois foi um personagem desse tempo.

Em seu livro, A Era dos Festivais – Uma Parábola, Zuza fala-nos de como se deu o surgimento de grandes nomes da música popular brasileira como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Elis Regina, Edu Lobo, Tom Zé, Jair Rodrigues, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Taiguara, Egberto Gismonti, Zé Kéti, Gal Costa, Raul Seixas, Caetano Veloso, Dori Caymmi, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Geraldo Azevedo, Hermeto Pascoal, Beto Guedes, Ivan Lins, Nana Caymmi, Luis Gonzaga Júnior, Os Mutantes, Maria Alcina, Tony Tornado e muitos outros. Fala-nos também daqueles que tiveram a sua carreira encerrada pela ditadura vigente no país, como o mineiro Silan Antônio de Jesus. E tristemente nos conta sobre o papel de submissão da Rede Globo diante da ditadura e o porquê de ter se transformado numa gigantesca rede de TV.

A Era dos Festivais – Uma Parábola emociona-nos ao contar a história sobre o empate de Disparada, composta por Geraldo Vandré e Théo de Barros, defendida por Jair Rodrigues, com A Banda, composição de Chico Buarque, defendida por ele e Nara Leão, mostrando-nos o caráter íntegro de Chico. Sem falar na postura da ainda garota Nara Leão, diante dos ditames da ditadura militar.

O livro de Zuza Homem de Mello é realmente imperdível para os amantes da boa música brasileira.

Fonte de pesquisa:
Livro: A Era dos Festivais – Uma Parábola
Editora: 34

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