A ESCRAVIDÃO NEGRA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Se alguém ferir com vara seu escravo ou sua escrava, e o ferido morrer debaixo de sua mão, será punido; porém, se ele sobreviver por um ou dois dias, não será punido, porque é dinheiro seu. (Êxodo 21, 20-21)

Mulheres em haréns eram perpétuas vítimas de estupro, e os homens que as guardavam, os eunucos, tinha os testículos – ou, no caso dos eunucos negros, toda a genitália – decepados com faca e cauterizados com manteiga fervente para não morrerem de hemorragia. (Steven Pinker)

A massa da humanidade não nasceu com sela nas costas, assim como uma  maioria favorecida não nasceu de botas e esporas, pronta para cavalgar legitimamente os demais. (Thomas Jefferson)

Nos séculos XVIII e XIX, os escravos africanos eram raptados ou capturados em guerras. Eram levados para o Novo Mundo para uma servidão vitalícia, da qual raramente eles ou seus filhos conseguiam escapar. ( David Feingold)

A prática da escravidão é um cancro presente em toda a história de nossa civilização. Basta folhear as Bíblias hebraica e cristã para deparar com inúmeras passagens relativas a essa abominação. Até mesmo filósofos, como Platão e Aristóteles, julgavam-na importante para a sociedade “civilizada”. Para bom entendedor, a classe de escravos não fazia parte da sociedade “civilizada”. Inicialmente, os cativos vinham como pilhagem, recompensa de guerra, mas depois as coisas foram mudando, priorizando o trabalho barato dos indefesos. Na Idade Média, os povos eslavos foram brutalmente capturados e escravizados. E mais patético é saber que os africanos, antes de serem submetidos ao jugo dos europeus, já eram tiranizados por outros africanos, e também por Estados Islâmicos na África do Norte e no Oriente Médio, conforme afirma o escritor canadense Steven Pinker em seu livro “Os Anjos Bons da Nossa Natureza”.

A escravatura do povo africano encontra-se entre as passagens mais cruéis da história da humanidade. Vendidos por seu próprio povo, os futuros escravos eram capturados, separados de suas famílias, sem ao menos delas se despedirem, acorrentados uns aos outros e jogados nos porões fétidos e sombrios dos navios que atravessavam o oceano Atlântico. E morriam aos milhares nessas travessias. Calcula-se que somente nos porões dos navios negreiros foram mortos mais de um milhão e quinhentos mil negros. Aqueles destinados aos mercados do Oriente Médio eram obrigados a caminhar por desertos e selvas. Existe o cálculo de que, no mínimo, 17 milhões tenham morrido nessas jornadas.

Os escravos tinham um preço tão baixo no mercado, que seus senhores não se preocupavam em mantê-los vivos, por isso, muitos tombavam entorpecidos pelo excesso de trabalho e pela pouca alimentação. Mas no mercado local, milhares de outros negros chegavam para substituir os que se extinguiam. Viviam debaixo da chibata, eram estuprados, mutilados e assassinados por qualquer motivo. Não dá mesmo para acreditar, em sã consciência, que, no Ocidente, os donos de escravos fossem seguidores de um homem cujo doutrina era o pacifismo e a caridade – Jesus Cristo e, no Ocidente, fosse seguidores de um homem bom – o profeta Maomé.

A Europa, na Idade Média, passou a libertar seus escravos, levando em conta dois motivos: 1- os Estado fracos não tinham como garantir as propriedades dos senhores de escravos; 2- a servidão feudal, que se baseava na parceria agrícola, era muito mais proveitosa ao senhores feudais, que praticamente não tinham despesas, pois tributavam as pessoas que moravam em suas terras. Em vez de gastarem, eles recebiam. Mas no século XVIII, partindo de intelectuais, iniciou-se um movimento contra o escravagismo. Esse movimento cresceu tanto que pôs fim a essa mancha pérfida da história humana.

Embora tenha sido uma das nações que mais se envolveu com o tráfico de escravos, a Grã-Bretanha, que o proibiu em 1807, e em 1833 aboliu o escravagismos em todo o país e colônias, muito contribuiu para que outros países também rejeitassem o tráfico de escravos. E para isso, ela chegou a usar sanções econômica nos países escravagistas, assim como fez uso de sua Marinha Real. Por que esse país mudou tão drasticamente de postura? Alguns historiadores dizem que foi em razão de motivos humanitários. É uma pena que esses motivos tivessem demorado tanto a chegar! Quanto ao Brasil, vergonhosamente foi o último país da América Latina a abolir a escravidão, e foi também o último em que as mulheres conquistaram direitos iguais.

É triste constatar que muitos políticos e pregadores religiosos (católicos e protestantes) usaram a Bíblia para justificar a prática da escravidão negra. Deduziam tais perversos que o grande livro cristão aprovava tal comportamento. Também argumentavam que a raça africana era inferior, além de que os escravos libertos não conseguiriam viver por conta própria. Porém, “Tais racionalizações desmoronaram sob o escrutínio intelectual e moral. O argumento intelectual dizia que era indefensável permitir a uma pessoa ser dona de outra, enquanto  a repulsa moral ganhou vida com os relatos de escravos.”, segundo o escritor Steven Pinker. E uma obra de ficção denominada A Cabana do Pai Tomás (de Herriete Beecher Stowe, em 1852) ganhou o mundo e o coração das pessoas, inflamando o movimento abolicionista.

Nota: Mercado de Escravos em Roma, obra de Gerome Jean-Leon/ Dança de Escravo, obra de Dirk Valkenburg

Fonte de Pesquisa
Os Anjos Bons da Nossa Natureza/ Steven Pinker

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