A HORA DOS RUMINANTES (4) – LEITORES DETETIVES

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quando os homens misteriosos e intrigantes armaram barraca em Manarairema, tratei de pedir ajuda aos gentis leitores, para que trouxessem luz àquela situação, pois nenhum habitante do povoado, por mais que matutasse, tivera ainda uma resposta, mas, apesar da boa vontade de todos, o caso ainda se encontra insolúvel, embora muitas pistas tenham sido dadas, o que já é meio caminho andado. Vejamos as possibilidades.

O nosso consagrado perito Manoel Rodrigues apresentou três hipóteses: a) seriam os ditos alienígenas; b) compradores de terras petrolíferas; c) roteiristas de filme. Ficou de estudar o caso com mais acuidade, mas, em função de outros compromissos, não foi possível trazer-nos outros dados.

A aclamada delegada Rosali Amaral levantou a possibilidade de que tais sujeitos sejam militares que se instalaram no povoado, para estudar a gente da região com seus costumes e implantar ali uma reforma agrária, entre aspas. Pois, o motivo real dessa invasão, aparentemente inofensiva, está guardado a sete chaves pelos forasteiros. Há naquelas terras um tesouro escondido por antigos desbravadores, desconhecido pela população local. As escavações feitas, na verdade, têm como único objetivo encontra-lo. De modo que muita água irá correr debaixo da ponte, digo, no acampamento.

O advogado criminalista, Gutierritos, sentiu-se intrigado com o fato de os estranhos permanecerem distante da população local. Segundo ele, tais elementos irão molestar os habitantes do pacato e feliz povoado. A desconfiança tomará conta dos habitantes locais, deixando-os nervosos. Daí os boatos, o mudar dos costumes, a expectativa, tudo envolto em clima de mistério. O fato é gravíssimo. O nobre criminalista também com as forças do além, pedindo ajuda a The Ghost, um espírito desencarnado seu velho conhecido. Num caso desses, qualquer ajuda é bem vinda.

O perito Moacyr Praxedes dá ao fato uma visão mais romanesca. Acha que se trata de um circo, que chegou ao povoado e, como a faina para armá-lo é grande e demanda tempo, ninguém ainda poderá deixar o local. De modo que o povo de Manairarema está fazendo tempestade em copo d`água.

Aninha Timotheo, outra autoridade no caso, alega que a cidade possui abundância de metais. O acampamento instalou-se ali, para divisão de trabalho numa espécie de garimpo. Os forasteiros, sonhadores, instalaram-se no local, de boca fechada, para que a notícia da riqueza não se espalhasse. Quanto menos pessoas fizerem o serviço, maior é o lucro. Logo, bico fechado!

Maria Tereza Allagio, uma sapiência em tecnologia de ponta, apresenta a versão de que os invasores desceram de pára-quedas, numa operação militar, de madrugada, monitorados pelo GPS. O local foi escolhido por ser pouco povoado. Baseados nos mapas da NASA, os militares estão à procura de fragmentos de um satélite secreto, em missão fracassada, levando objetos altamente tóxicos e radioativos.

O nosso pesquisador de OVNIS, Manoel Matos, trabalha com a possibilidade de que os visitantes são extraterrestres de outro sistema solar. Como o planeta deles vai ser engolido por um buraco negro, estão procurando outro lugar, para viverem. Eles conseguem assumir o aspecto físico de qualquer outro ser. E são bem piores do que os terráqueos.

A auxiliar da delegada, Sinara Santos, diz que se trata de um grupo terrorista, que está enriquecendo urânio ali, para construir uma bomba atômica e por isso não quer ser visto ou incomodado.

E, por último, a famosa pesquisadora, Terezinha Pereira, diz não ter chegado a um parecer final. Prefere rever as pistas dos colegas para chegar a um parecer mais conclusivo.

Vamos aos fatos:

Antes de concluirmos o processo sobre o motivo da vinda dos misteriosos visitantes a Maneirama, deparamos com dois fatos novos: 1- a decisão de Geminiano de trabalhar para os invasores; 2- Amâncio decide visitá-los, custe o que custar. O fato é que tivemos que nos ater a novos pareceres do inquérito. Vejamos:

Gutierritos louva o fato de que Amâncio esteja buscando uma explicação sobre o que fazem os sibilinos visiteiros nas cercanias do povoado, mas acha que o vendeiro vai ficar só no papo furado e nada vai fazer. Talvez ele volte contando vantagens, mas sem sequer entrar no território inimigo.

Por sua vez, o senhor Moacyr continua insistindo na história do circo. Diz que o Amâncio será barrado pelo vigia do acampamento com a explicação de que, por enquanto, não será permitida a entrada de ninguém, para não estragar a surpresa, que está sendo preparada para o povo do vilarejo. Assim, o vendeiro voltará de mãos abanando e contará o ocorrido para todos.

A senhorita Sinara alega que a valentia de Amâncio vai acabar logo que ele vir os homens armados com metralhadoras, cercando o local. Irá voltar com as calças borradas.

Rosali Amaral acredita que Amâncio, um cabra por demais avarento e legítimo representante do poder econômico do lugarejo e, sendo sua venda um local, onde o fluxo de negócios é mais acentuado, quer ser o primeiro a usufruir de algum benefício, que porventura aqueles forasteiros possam trazer. Por isso, resolveu, na valentia, visitar os desconhecidos e, assim, desvendar, de uma vez por todas, o mistério; ver de perto o que se passa do outro lado do rio, e saber qual o motivo da mudança de atitude do carroceiro Geminiano, que agora, de bico calado, passou a prestar serviços de carreteiro para “os homens”, na maior subserviência.

Portanto, amigos, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Não sabemos por que aqueles homens estranhos foram parar em Manairarema, nem o porquê de Geminiano ter aceitado trabalhar para os tais e tampouco se o Amâncio terá acesso a eles.

Só nos resta aguardar!

A seguir o capítulo 5

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