A INFÂNCIA NO IMPÉRIO ROMANO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Nos seus primórdios, as mulheres romanas e gregas amamentavam os próprios filhos, depois veio uma época em que as de famílias aristocráticas e abastadas confiavam-nos  a uma “nutriz”, que não apenas os alimentava como os criava até a puberdade, juntamente com o “nutridor” (espécie de pedagogo). As crianças ficavam o tempo todo com eles, juntando-se aos pais e convidados somente durante o jantar, carregado de cerimonial. À nutriz e ao nutridor era permitido bater nas crianças. A primeira deveria ser grega, pois as crianças necessitavam aprender, ainda no berço, a língua da cultura, e ao segundo era atribuído o encargo de ensiná-las a ler. Quando se tratava de uma família aristocrática ou rica, a nova família morava no campo, sob a direção de uma parenta mais velha e rigorosa. Ela era responsável por todas as crianças sob sua custódia, cabendo-lhe fiscalizar seus estudos, deveres e distrações.

A segunda família, ao final, juntamente com o irmão de leite, acabava tendo muita influência na vida de seus educandos. Os laços eram tão fortes que, ao se casar, tanto a mãe biológica quanto a nutriz acompanhavam a garota na noite de núpcias, a fim de aconselhar seu esposo. Essa nova família também se envolvia na vida das crianças, quando adultas, e com elas tramava. Nero, por exemplo, ao assassinar sua mãe Agripa, contou com a cumplicidade de seu nutridor, e sua nutriz sepultou-o, após ser abandonado por todos e ter se suicidado.

No que diz respeito aos parentes, por norma, a avó paterna devia ser rígida, enquanto a materna era compassiva. O mesmo se dava com os tios. A severidade na educação da criança e do pubescente era tão cultivada, que o filósofo Sócrates dizia que o caráter maleável do bebê deveria ser forjado com severidade, ainda que esse chorasse e esperneasse. O pai era responsável pela aspereza, sendo sempre chamado pelo rebento de “senhor”, enquanto à mãe cabia protegê-lo contra a ociosidade. A moral da época exigia que os pais vissem os filhos como a continuidade deles próprios, enaltecendo a linhagem da família. Achavam que o amor excessivo, regado a ternura e compaixão, tornavam –nos fracos. Tal conduta entre pais e filhos criava uma grande distância entre eles. É claro que tais costumes eram inerentes às famílias aristocráticas e ricas.

A educação dada na casa dos pais era vista como de péssima qualidade, pois a criança ali se tornava preguiçosa; passava a preocupar-se com o luxo, como os adultos; indolentes, não praticavam exercícios, querendo andar só em liteiras; seus pais não lhes corrigiam o linguajar despudorado; ouviam o que não deviam durante os jantares e ainda tomavam conhecimento da presença de concubinas e favoritos na casa.

A visão de família no Império Romano era muito complexa para nós, cidadãos do século XXI. Enquanto os filhos podiam ser rejeitados pelos pais, a adoção era regra comum. Portanto, os filhos tanto podiam ser gerados quanto adotados. E a família, que dava um filho para adoção, sentia-se imensamente gratificada, como se tivesse casado uma filha com alguém de grande importância. O adotado passava a usar o nome de sua nova família, sendo considerado continuador de sua linhagem, podendo, inclusive, preceder o pai adotivo na linha sucessória. Um exemplo conhecido é o de Otávio Augusto que, adotado, tornou-se filho de César, vindo a ser imperador de Roma.

Como podemos deduzir, as crianças eram usadas a bel prazer de suas famílias, educadas com excessiva rigidez, onde o amor e o carinho ficavam aos cuidados  da criadagem.

Leia também o  texto anterior desta série: O PAI DEFINIA: VIVER OU MORRER

Fontes de pesquisa:
História da Vida Privada I / Comp. das Letras
Nossa Herança Ocidental/ Will Durant/ Editora Record/ 4ª edição

Nota: imagem copiada de modeloteams.blogspot.com

4 comentaram em “A INFÂNCIA NO IMPÉRIO ROMANO

  1. Matê

    Lu
    O assunto é muito interessante.
    Fiquei pensando: no Brasil Colônia não havia a mãe preta? Amas de leite, trazidas da senzala para servirem o “patrãozinho”.
    A diferença é que as escravas eram apenas nutrizes. Não podiam, jamais, castigar o sinhôzinho, nem se relacionar com a família da casa-grande.
    Abraços
    Matê

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      É interessante notar que muitas mulheres da alta sociedade fazem a mesma coisa hoje, ao se negarem a amamentar os bebê, e ao colocar os filhos em internatos na Europa. Ou seja, para ficarem livres deles arranjam muitas nutrizes e nutridores.

      Beijos,

      Lu

      Responder

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