ACEITANDO OS OPOSTOS DA EXISTÊNCIA

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos ensina como lidar com as diferenças.

Alguém que diga que não pode passar sem isto e que tem horror àquilo é um joguete das circunstâncias. Quando possui ou desfruta as coisas que “adora”, está feliz. Quando lhe faltam, fica triste e ansioso. Quando consegue estar distante e protegido contra aquelas coisas que “detesta”, sente-se bem. Quando não, adoece.

Uma pessoa, assim, só conquistará sua mente e se sentirá realizada, quando desenvolver sama bhava (bhava, atitude psíquica; sama, igual). Só assim conhecerá satisfação, contentamento, equilíbrio e equidistância dos opostos da existência. É condição de maturidade. E, reciprocamente, gera maturidade. À medida que, por outros meios, a mente vai sendo conquistada, o homem vai deixando de ser um vinculado e um frágil, vai atingindo sama bhava ou equanimidade; vai triunfando sobre a dança das circunstâncias externas e ficando invulnerável, imperturbável, independente, incondicionado aos acontecimentos que lhe escapam ao controle.

O homem vulgar, em sua imaturidade, adoece dos nervos porque é extremado tanto no sofrimento como no gozo. Quando as coisas lhe são favoráveis, o sol brilha, o mundo sorri, os amigos estimam-no, há aplausos, lucros, saúde, tudo vai de “vento à feição”, ele exulta, goza, festeja, dança, ri e chega até ficar generoso e confiante. Quando, no entanto, sobrevém o desfavor da sorte, quando há chuva miúda ou cerração escondendo o sol, se os amigos afastam-se ou falham, quando recebe críticas e censuras e sabe de calúnias, se o filho vai mal na escola ou o movimento da bolsa é ruim, entrega-se ou ao abatimento ou à revolta; o desalento então cava-lhe rugas na testa e “brechas na alma”.

A personalidade imatura não conhece meio-termo entre gargalhadas e lágrimas, desvarios de prazer e gemidos de dor, satisfações de orgasmo e pranto de desespero. Pessoas, assim, levadas ao sabor das tempestades emocionais, precisam aprender a equanimidade dos sábios que não se perturbam quando o destino lhes tira dos lábios a taça de mel e, em troca, dá uma de fel. O sábio sabe que na vida há noites frias e quentes, dias trágicos e venturosos, sins e nãos, saciedades e fomes, berços e esquifes, vitórias e derrotas, lucros e perdas, portas que se fecham e portas que se abrem. O sábio não se deixa perturbar nem pelo dulçor nem pelo amargor dos frutos que lhe são dados. Não chora demais nem ri sem medidas. É sereno. É equânime. É igual. É invulnerável aos opostos.

O caçador de prazeres, de compensações, de fortuna, de posições, de aplausos, de lucros, de tudo que julga desejável é, em geral, um débil, pois na mesma medida com que se alegra com a conquista daquilo que busca, desespera-se, sente-se desamparado e perdido diante dos menores vetos e negativas que o destino lhe impõe. Quase sempre sente medo de perder o que tem ou o que pensa que é, e adoece de medo diante das ameaças a ele ou a seu patrimônio. Ao primeiro prenuncio de dor de cabeça, ele se acovarda e, assim, agrava-a.

Quem faz da equanimidade sua fortaleza interna é inexpugnável. Não teme perder nem se perturba na ansiedade de conquistar. Equânime não é a pessoa fria, indiferente e inconsequente. Embora se apercebendo da significação de ser favorecido ou desfavorecido, embora participe ativamente dos fatos, consegue um sadio isolamento emocional, colocando-se acima deles. Na estratosfera do Espírito reside sua tranquilidade.

Tufões e muita chuva só perturbam as camadas inferiores da atmosfera da mente e da matéria. Aprenda a ser equânime, amigo e torne-se invencível. Para isto, procure fazer uma noção exata do mundo que o cerca. Aprenda a tomar as coisas como vêm. Liberte-se dos óculos escuros do pessimismo e igualmente dos óculos azuis do otimismo. Contemple com isenção os dois polos perenes da realidade. Vício e virtude, bom e mau, bem e mal, fácil e difícil, verso e reverso, junções e separações, queda e ascensão estiveram e sempre estarão em toda a parte, quer você goste, quer não, quer lucre ou perca, sofra ou goze.

Na obra do Absoluto “tudo é necessário” e em nossa vida “nada é imprescindível” a não ser o amor de Deus. Aprenda a aceitar com equanimidade o que a vida lhe der. Só assim poderá seguir o que o sábio Epíteto ensinou: “Não faça sua felicidade depender daquilo que não depende de você”. Quando a ansiedade lhe impedir o sono ou estiver querendo impacientar-se na fila de atendimento; quando o patrão disser que não lhe vai conceder o aumento ou a chuva estragar seu domingo na praia; quando sua úlcera começar a dar sinais; quando sentir ímpetos de desespero, de desânimo ou outra emoção perniciosa, diga a si mesmo: “Devo aproveitar esta oportunidade que a vida me apresenta e aprender a ser equânime”.

O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: imagem copiada de Mulher Portuguesa

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