ALEIJADINHO, ARTE E POESIA

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Autoria de Luiz Cruz

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Antônio Francisco Lisboa (1737-1814), o Mestre Aleijadinho, produziu uma das obras mais marcantes de todos os tempos, especialmente no Brasil – escultura, desenho, entalhes e arquitetura. Sua formação cultural, seu talento e sua condição social e física (ainda por desvendar) criaram situações para a construção de um mito, que tem atraído a atenção de pesquisadores, de artistas e de poetas, todos captados pela expressividade de suas obras. O mestre atraiu, ainda, a atenção de viajantes estrangeiros que percorreram pelo Brasil. Foi tema de estudos de dois grandes especialistas, Germain Bazin e John Bury, que foram responsáveis pela divulgação de sua obra internacional.

“O Brasil deu nele o seu maior engenho artístico, eu creio. Uma grande manifestação humana. A função histórica dele é vasta e curiosa. No meio daquele enxame de valores plásticos e musicais do tempo, de muito superior a todos como genialidade, ele coroava uma vida de três séculos coloniais. Era de todos, o único que se poderá dizer nacional, pela originalidade das suas soluções. Era já um produto da terra, e do homem vivendo nela, e era um inconsciente de outras existências melhores de além-mar: um aclimado, na extensão psicológica do termo.” (Mário de Andrade)

“Esse mulato de gênio / lavrou na pedra-sabão /todos os nossos pecados, / as nossas luxúrias todas, / e esse tropel de desejos / e essa ânsia de ir para o céu / e de ficar mais na terra; / Era uma vez um Aleijadinho, / não tinha dedo, não tinha mão, / raiva e cinzel lá isso tinha, / era uma vez um Aleijadinho, / era uma vez muitas igrejas / com muitos paraísos e muitos infernos, / era uma vez São João, Ouro Preto, Sabará, Congonhas,/ era uma vez muitas cidades /e um Aleijadinho era uma vez.” (Carlos Drummond de Andrade)

“No anfiteatro de montanhas / Os profetas do Aleijadinho / Monumentalizam a paisagem

As cúpulas brancas dos Passos / E os cocares revirados das palmeiras / São degraus da arte de meu país / Onde ninguém mais subiu

Bíblia de pedra sabão / Banhada no ouro das minas.” (Oswald de Andrade)

“- Mestre Lisboa tinha sessenta e dois anos quando Tiradentes, enforcado pela Coroa, teve a cabeça exposta aqui em Vila Rica – recordou a escrevente. – Nunca se envolveu com os revoltosos?
– Não quis se meter na conjuração – Observou Bretas. – Preferiu fugir do sol por suspeitar da própria sombra.” (Frei Beto)

“A mão doente parou, / Fica suspensa no ar, / Inutilizada no ar.

Lá fora os lundus dos escravos / Acordam a lua do sono. / A escultura bem que pede /
Uma força maior. / – Homem se me acabas / Eu acabo te abraçando. –

E a mão nunca chega / Até o fim do caminho / Ela está presa, bem presa, / Desde o princípio do mundo.

Então de dentro do corpo / Do homem disforme e triste / Sai uma boca de fogo, / Sopra no corpo da estátua / Que respira já prontinha, / Dá um abraço no escultor.” (Murilo Mendes)

“passo pelos Passos / e não perco minhas vistas / nas montanhas gerais

no adro / esculpe-se diálogo / profetizando eternidade.” (Júlio Castañon Guimarães)

“Obra-prima da arquitetura brasileira, a fachada de São Francisco de Assis de Ouro Preto tem um caráter único pelo extraordinário conhecimento arquitetônico que revela.”(Germain Bazin)

“A subordinação do edifício às estátuas dos profetas e o excepcional interesse que elas despertam como obras de arte costumam desviar a atenção do aspecto arquitetônico da obra propriamente dito. Para quem se aproxima da igreja a partir do Jardim dos Passos, a visão do parapeito do adro sugere a de uma fortificação, cuja estrutura básica constitui-se a partir de uma sucessão de horizontais que marcam o topo do aclive. E é aqui que as esculturas desempenham seu tradicional papel arquitetônico, formando uma série de pináculos, cujas linhas ascendentes fornecem o necessário contraste com os parapeitos planos e horizontais. Trata-se de uma solução extremamente adequada e satisfatória, pois o escultor usou as linhas e volumes de suas figuras com arrojada assimetria”(Jonh Bury)

Nota: Fotos de Luiz Cruz – Profetas, Congonhas / MG

2 comentaram em “ALEIJADINHO, ARTE E POESIA

  1. Luiz Cruz

    Terezinha,
    Sem dúvida, é um belo poema e um reconhecimento da expressividade do trabalho do Aleijadinho. Oswald produziu um conjuntos de poemas sobre Minas quando participou da Caravana Modernista de 1924. Todos são de grande sensibilidade!
    Obrigado por sua presença aqui e por seu retorno.
    Luiz Cruz

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  2. Terezinha

    Umas das mais belas interpretações da obra de Aleijadinho, no meu ponto de vista:

    “As cúpulas brancas dos Passos / E os cocares revirados das palmeiras / São degraus da arte de meu país / Onde ninguém mais subiu

    Bíblia de pedra sabão / Banhada no ouro das minas.” (Oswald de Andrade)”

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