Antonello da Messina – CRISTO MORTO AMPARADO POR UM ANJO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

Crisanj   detanj

A composição Cristo Morto Amparado por um Anjo, obra do pintor italiano Antonello da Messina, é tão impactante que, à época em que foi feita, ocasionou uma profunda impressão em Veneza. E mesmo hoje, quando observamos a obra, sentimos o mesmo impacto.

Em primeiro plano, um pequeno anjo ampara o corpo sentado, belo e vigoroso de Cristo do qual jorra, abaixo do peito direito, o sangue proveniente de uma abertura feita por uma lança. O anjo envolve-o com um manto azul. Seu bracinho direito segura o braço forte de Jesus, cuja mão encontra-se virada para trás, o que permite a visão de salientes veias. A mão esquerda ensanguentada sobre a coxa põe à vista o furo do prego.

Um pequeno pano branco cobre a genitália do Mestre, mas deixa à vista uma ínfima parte de seus pelos púbicos. Portanto, Jesus é representado na obra em toda a sua humanidade, como também expressa o seu rosto ainda petrificado pelo padecimento pelo qual passou.

O rosto choroso do anjo é a parte mais comovente da composição (observar gravura menor), pois é um retrato pungente da dor. Seus olhos estão voltados para baixo, as sobrancelhas contraídas e a boca entreaberta. Grossas gotas de lágrimas escorrem-lhe pelo rosto. Através de sua expressão de sofrimento é possível ler claramente a indagação: Por que isto aconteceu?

Em segundo plano, uma paisagem com muitas videiras e parte de uma edificação em ruínas descortina-se. E, mais distante, vê-se uma cidade, onde se divisa a torre de uma igreja e serras ao fundo.

Ficha técnica
Ano: c. 1475 s 1478
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 74 x 51 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Arte/ Publifolha

2 comentaram em “Antonello da Messina – CRISTO MORTO AMPARADO POR UM ANJO

  1. Edward

    LuDias

    “Por que isto aconteceu?”

    Essa é a pergunta que não conseguimos deixar de fazer, por vezes, diante de nossa vida. O sofrimento humano pode assemelhar-se ao de Jesus, e ser ainda o mesmo do anjo, que está chorando ao seu lado. O significado do quadro é extraordinário por despir-nos, colocar-nos a nu, diante da vida. Somos todos passíveis de maiores e perversos sofrimentos, sejam físicos, sejam mentais. Por incrível que pareça, a questão fez-me lembrar a poesia de Cruz e Souza, O Acrobata da Dor. Sei lá, mas temos, muitas vezes, este sentimento de que estamos mentindo para o mundo que somos felizes, mesmo quando a tragédia nos abate e tudo se desmorona em nós, principalmente nossos sonhos mais lindos.

    Os versos desta poesia nos trazem muita reflexão, principalmente diante do quadro “Cristo Morto Amparado por um Anjo”, pois talvez pensemos, algumas vezes, estar no quadro como o Anjo, ou agir como o palhaço que trabalha no circo de horrores, buscando a felicidade como um acrobata, que se desvia da dor:

    ACROBATA DA DOR
    CRUZ E SOUZA

    “Gargalha, ri, num riso de tormenta,
    Como um palhaço, que desengonçado,
    Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
    De uma ironia e de uma dor violenta.

    Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
    Agita os guizos, e convulsionado
    Salta, gavroche, salta clown, varado
    Pelo estertor dessa agonia lenta…

    Pedem-te bis e um bis não se despreza!
    Vamos! retesa os músculos, retesa
    Nessas macabras piruetas d’aço…

    E embora caias sobre o chão, fremente,
    Afogado em teu sangue estuoso e quente
    Ri! Coração, tristíssimo palhaço.”

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      Esta pintura é mesmo um redemoinho de emoções, que nos engole com uma força tal, que nós nos fazemos a mesma pergunta: Por isso aconteceu? Por que tem que ser assim? E nos calamos sem encontrar uma resposta exata, uma vez que ela é a própria vida. E a vida não é uma matemática.

      Admira-me o talento do artista ao pintar o rosto do anjo com tamanha expressividade, qua ainda hoje, séculos e séculos depois, toca-nos pungentemente o coração. Simplesmente maravilhoso!

      Esta poesia de Cruz e Souza é muito tocante. E o que somos nós neste mundo senão artistas de um circo mambembe? Com tudo isso, alguns ainda se acham os tais! Quão bobos são!

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário para LuDiasBH Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *