Bosch – O CHARLATÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor holandês Hieronymus Bosch era um artista profundamente preocupado com a maldade humana, como comprovam suas obras. Levava consigo uma visão pessimista do ser humano, que, segundo ele, já vivia em pecado desde a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, estando a maioria já condenada aos horrores do Inferno. Em sua pintura O Charlatão, também conhecida como O Ilusionista ou O Prestidigitador, feita em sua juventude, o artista traz como tema as ardilezas humanas. Ele estava com 25 anos à época, e talvez por isso, ela seja bem menos aterradora do que as que viriam. Foram encontradas cinco versões desta pintura e também uma gravura, sendo a vista acima a mais aceita como original. Nesta obra, Bosch já dá mostras de sua visão perspicaz e crítica, ao demonstrar como as pessoas podem ser crédulas no trato com os vigaristas, e como sempre há quem queira passar o próximo para trás.

Um espertalhão armou sua banca próxima a um velho muro. As pessoas observam-no embasbacadas. Estão presentes: uma mesa central, e sobre ela uma varinha mágica, copos, bolas e uma rã. De um lado está o enganador e do outro se encontram nove adultos e uma criança. O grupo está separado da parte externa do local pelo muro alto.

A enorme figura do velho, que se encontra curvada sobre a mesa, parece ter a impressão de que está a expelir rãs pela boca, tamanha é a sua perplexidade, assim como confirma o olhar e a postura curiosa do garotinho. Somente um jovem, que pousa a mão no ombro da mulher, parece indiferente, enquanto sua acompanhante segura seu colar, possivelmente com medo de ser roubada. Por sua vez, o homem que se encontra à sua direita, fingindo olhar para cima, está prestes a cortar a bolsa, que se encontra pendurada na cintura do velho. Poderia ser um cúmplice do embusteiro.

Dentre as figuras que se encontram na composição, apenas o charlatão possui um chapéu preto, modelo que era usado anteriormente pelos nobres e posteriormente pela burguesia cheia de dinheiro. O ilusionista usa-o com o intuito de aparentar respeitabilidade. À sua frente está seu cachorrinho, e encostado à mesa, e de frente para o observador, encontra-se um aro, o que nos leva a supor que o animal salta através dele.

O espertalhão traz na mão direita uma bolinha e na esquerda uma cesta. Dentro dessa é possível ver a cabeça de um animal, que tanto pode ser um macaco quanto uma coruja, esta última presente em muitas obras do pintor. Por sua vez, à época, o macaco simbolizava a esperteza, a inveja e a malícia.

Como o leitor poderá perceber, não é de hoje que se fazia o truque de passar bolas (pedras, moedas…) de um copo para outro, sem que o público notasse. E, apesar disso, muita gente ainda continua sendo enganada.

Ficha técnica
Ano: c. 1502
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 53 x 65 cm
Localização: Museu Municipal, Saint-Germain-en-Laye, França

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Bosch/ Abril Coleções

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