Caravaggio – O JOVEM BACO

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

baco

Baco, o deus do vinho, é aqui representado pelo mestre Caravaggio. Antes de pintar O Jovem Baco, o artista já havia pintado o Pequeno Baco Doente, tela em que se autorretratou.

Caravaggio mais uma vez desrespeita as convenções da época. O deus mitológico aqui mostrado, encontra-se no auge de seu vigor físico, exalando saúde por todos os poros. Possui rosto redondo, lábios carnudos, bochechas rosadas e um olhar cheio de sensualidade, mas sem o glamour que seria esperado de um deus do Olimpo. Não se coaduna com a tradição iconográfica de um deus e tampouco encontra-se dentro das exigências da idealizada arte renascentista. O que se vê na composição não é um deus mitológico, mas um rapaz do povo no auge de sua vitalidade, ou seja, um Baco extremamente moderno que se encontra, inclusive, com as unhas sujas e as faces extremamente coradas.

Debaixo do tecido  é possível ver um pedaço do colchão em que se encontra Baco, o que traz simplicidade ao cenário e indica que esta é uma cena quotidiana. Para evitar que o profano resvale demasiadamente para a caricatura, Caravaggio pinta o jovem com um certo ar de sensualidade, ou seja, agrega poesia à composição. É possível notar que algumas frutas já se encontram em fase de apodrecimento, o que vai de encontro à suntuosidade do deus do vinho da Antiguidade. Por sua vez, o vinho ganha destaque ao ser colocado em primeiro plano.

Chamam a atenção na pintura:

• a postura do deus Baco;
• o gesto de Baco oferecendo a taça ao observador;
• a variedade de ornamentos que o cercam: pâmpanos, tecidos, vestimentas, frutas e garrafa com vinho.

Sobre o modelo que posou para o Jovem Baco, existem duas hipóteses:

  1. Seria um castrati (eunuco) que morava no palácio do cardeal Del Monte.
  2. Seria o próprio pintor que teria se autorretratado. Os defensores desta hipótese justificam-se, levando em conta a pose frontal do modelo, indicativa do uso do espelho para pintar a si próprio.

A composição  Jovem Baco foi encontrada em Florença, em 1913, nos depósitos da Galleria degli Uffizi. É tida como uma das maiores obras-primas de Caravaggio. Embora não se tenha dados sobre sua feitura, sabe-se que é uma obra da fase juvenil do pintor. É provável que tenha sido encomendada pelo seu mais importante mecenas, o cardeal Francisco del Monte, para presentear o grão-duque Ferdinando I de Medici.

Curiosidades:

• Sémele, quando estava grávida, exigiu que Júpiter aparecesse na sua presença, para que ela pudesse ver o verdadeiro aspecto do pai do seu filho. O deus ainda tentou dissuadi-la, mas em vão. Quando finalmente ele apareceu em todo o seu esplendor, Sémele, como era uma pobre mortal, não pôde suportar tal visão e caiu fulminada. Júpiter retirou o feto do filho das cinzas, ainda no sexto mês, e o botou dentro da barriga da sua própria perna, onde terminou a gestação. Ao se tornar adulto, Baco apaixonou-se pela cultura da vinha e descobriu a arte de extrair o suco da fruta.

Baco era o nome que os romanos davam ao deus grego Dionísio. É o deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, especialmente sexuais, e da natureza. Príapo é um de seus companheiros favoritos (também é considerado seu filho, em algumas versões de seu mito). As festas em sua homenagem eram chamadas de bacanais – a percepção contemporânea de que tais eventos eram “bacanais” no sentido moderno do termo (orgias) ainda é motivo de controvérsia, mas, se o deus Príapo era seu amigo…

Ficha técnica
Obra: O Jovem Baco
Ano: cerca de 1596/1597
Dimensões: 98 x 85 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Coleção Folha
Grandes mestres/ Abril Coleções
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman
Mitologia/ Thomas Bulfinch

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *