Arquivo da categoria: Arte Urbana

Arte urbana através dos tempos.

Arte de Rua – SEHER ONE

Autoria de Lu Dias Carvalho

prof.12
Eu acredito que a nossa infância é o nosso destino. Tudo o que me rodeava na minha infância, e o modo como eu desenvolvi as coisas que vi, os desenhos animados, as histórias em quadrinhos que eu li, o cinema e as ruas foram fatores que desempenharam um papel no despertar do amor pela magia da arte. (Seher One)

O mexicano David Pinon Hernandez, conhecido como Seher, sinônimo de “profeta” no Oriente Médio, é designer e um dos famosos artistas de rua. Diz-se muito tranquilo e criativo, apaixonado por arte e design de livros, que tem na natureza a sua fonte de inspiração. Ele conta que desde criança já gostava de desenhar e tinha predileção pelas histórias fantasiosas, com seus personagens irreais. E assim que cresceu, travou conhecimento com amigos, que se dedicavam ao grafite, o que o levou a participar da arte de rua, tendo feito grafite durante seis anos. Com o tempo, percebeu que apenas as letras não lhe eram suficientes, pois tinha fascinação por personagens imaginários. Dos adesivos caseiros ele passou para os cartazes, depois para as técnicas mistas e os murais.

Seher One define-se como um artista urbano, que possui uma técnica mista, em que utiliza sprays, acrílico e marcadores para criar um mural, que deve ir muito além do reboco e do uso de seu nome. Seu objetivo é repassar uma ideia, emoção ou o movimento das coisas, de modo que tudo seja fluido e flutue. Para ele, sua arte é uma espécie de pós-grafite. Nos seus trabalhos, procura incluir elementos que acha importantes, entrelaçados com lembranças de sua infância. Alguns desses elementos são repetitivos, como uma caixa de leite, abóbora, fauna e crânios, cada um com seu significado próprio. E, embora seu trabalho já tenha um início e um fim determinado no projeto, enquanto o elabora ele o transforma, acrescentando elementos novos.

Seher One é conhecido particularmente pela mistura de cores que apresenta em seus trabalhos. E, segundo ele, uma de suas influências foi o pintor espanhol Salvador Dalí, assim como Andy Warhol, MC Escher, Hasao Miyasaki e Takashi Murakami, entre outros. Embora goste de cores, é importante que se preserve o equilíbrio da obra, numa busca constante de aperfeiçoamento, explica ele.

O artista mexicano, que se diz um amante das cores, diz que elas possuem fortes associações com as emoções humanas. E cada uma delas reflete o seu estado de espírito num determinado momento. Para ele, a cor é o elemento principal de sua obra, acima até mesmo do próprio design. Ele faz o desenho em branco e preto e, de acordo com o seu estado de espírito, ou da mensagem que está querendo transmitir,  usa esse ou aquele padrão de cores.

Segundo Seher One, embora sinta uma grande admiração por muitos artistas tradicionais mais velhos, gostaria muitíssimo de pintar com Os Gêmeos (brasileiros) e Kaws.

Fonte de pesquisa
http://artasylumboston.wordpress.com/seher-one

Arte de Rua – ACOMANCHI

Autoria de Lu Dias Carvalho

nina123

O grafite para mim é uma linguagem universal em sua forma mais pura, independentemente de como ele é feito e as razões pelas quais aparece em uma superfície. Grafite é também um estado de espírito. (Acamonchi)

O artista gráfico mexicano, Gerardo Yepis, conhecido como Acamonchi, uma gíria para andar “às cavalitas” (a cavalo) no norte do México, usa a arte de rua para dar vida ao seu belo trabalho artístico, além de trabalhar como designer gráfico com vários clientes, tais como Vans, Adidas, MTV, vinho Rioja, Electra Bikes, etc. Para enfatizar as questões políticas e culturais sérias, ele usa o humor, através de ilustrações, cartazes ou adesivos, combinados ao grafite.

A carreira de Acamonchi teve início em meados dos anos de 1980, quando se inspirou na cultura “undergroud” existente na fronteira entre o norte do México e os Estados Unidos, assim como no movimento punk. Seus primeiros trabalhos focavam a imagem do apresentador de televisão Raul Velasco, candidato à presidente do México, que foi assassinado por Luís Donaldo Colosio. Atualmente, Acamonchi tem voltado a sua atenção para a pintura, compondo painéis e murais, em que usa tinta em aerossol, canetas de tinta e pigmentos tradicionais, inspirados na arte de rua, explorando novas formas de expressão. O artista também usa o seu trabalho para criticar a cultura popular de seu país.

O artista mexicano sonha ganhar dinheiro suficiente no tipo de arte que faz, mas sem ter que sacrificar sua integridade, de modo a continuar fazendo arte de rua nas mais diferentes partes do mundo. Diz gostar mais da arte de rua, da arte do stencil, etiquetas, cartazes e postagem, mas também aprecia o grafite. Para ele, o ideal é fazer algo novo em cada cidade, usando estilos originais e complexos, pois há sempre algo diferente por que se interessar, e aprecia, preferencialmente, uma mistura de elementos com composições fortes. Surpreende-lhe a persistência dos escritores do grafite, que, mesmo sendo presos, voltam sempre com uma mensagem mais forte ainda e mais ousada.

Segundo Acamonchi, embora haja hoje uma grande tecnologia disponível para o artista, ele gosta do trabalho de serigrafia, stencils, em suma, do método “faça você mesmo”, pois aprecia a técnica e estética com as suas limitações, inclusive, gostaria de fazer mais experimentos com carimbos de madeira, dados de metal, mimeógrafo, etc. Diz também não ser um fã da impressão digital, apesar de essa apresentar inúmeras vantagens. É o toque artesanal, com suas possibilidades e imperfeições encontradas nas técnicas arcaicas de reprodução, que o estimula.

Fontes de pesquisa
O mundo do grafite/ Nicholas Ganz
http://blog.canyon-tech.com/2010/09/profile-acamonchi-graffiti-artist
http://usanaco.wordpress.com/2010/08/19/entrevista-a-gerardo-yepiz/

Arte de Rua – ASTRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

nina1234

Eu obtive um diploma de pintor decorativo, e aprendi muito pintando ao longo dos anos. Hoje em dia, ainda prefiro fazer o meu trabalho legal, já que leva muito mais tempo do que costumava. (Astro)

Astro, também conhecido por Eggs (ovos), aos seis anos de idade já fazia as suas pinturas com spray, sem que ao menos tivesse capacidade para compreender o que pintava. Em 2000, ele começou com grafite. Atualmente pinta com spray ou giz pastel, principalmente nos muros e trens.

Com o passar dos anos, o artista desenvolveu um estilo próprio, conhecido em todo o mundo. Ele se diz inspirado pela arte moderna, pelos mais variados tipos de caligrafia e ornamentos. Atualmente, encontra-se envolvido com o “CelloGraff”, que é um tipo de arte que faz uso do papel celofane, que é enrolado em torno de objetos, possibilitando criar uma superfície ideal. Tem viajado pelo mundo junto com seu colega Kanos, com o objetivo de levar esse tipo de arte. Segundo ele, o uso do celofane permite pintar mesmo em lugares considerados impossíveis, como na frente de monumentos.

O artista canadense é grafiteiro, designer gráfico, ilustrador e designer de personagens Seus desenhos surreais são muito apreciados. Adora letras e monstros. Além disso, faz murais, ilustrações e bonecos com meias. As paredes pintadas por Astro apresentam personagens interessantes. Seu estilo é limpo, simples, mas eficiente, e tem nas linhas o seu lema. Ele participa de vários festivais em todo o mundo.

Fontes de pesquisa
O mundo do grafite/ Nicholas Ganz
Nota: obra de Astro e Kanos

Arte de Rua – ABOVE

Autoria de Lu Dias Carvalho

nina12

Com o intuito de ocultar sua identidade, o artista de rua escolheu o pseudônimo de Above (significa “acima”, em inglês), quando começou a pintar grafites. Ele é estadunidense e principiou a criar sua arte em1995. Iniciou pintando seu nome em trens de carga, usando o velho e conhecido spray.

Foi na França que Above criou o ícone da seta, apontando para cima. Quando ali estudou, colocou suas setas nos mais diferentes pontos da cidade, usando variados meios: etiquetas, madeira, adesivos e stenceis. Ao retornar aos Estados Unidos, criou um novo estilo, ao dependurá-las pela cidade, amarradas com fios, como se fossem tênis velhos, que costumamos ver pendurados nos fios de luz. Above explicou em uma entrevista, que passou a achar inútil pintar letras num trem que, quando em movimento, ninguém poderia ler. Por isso, optou por algo de fácil entendimento, como a seta, ainda que fosse vista em uma fração de segundo.

O artista já pintou obras de arte em mais de uma centena de cidades, em mais de 60 países. Suas obras sempre trazem uma mensagem sobre temas em destaques, quer sejam sociais ou políticos, nacionais ou internacionais, com o objetivo de despertar a consciência das pessoas, chamando-lhes a atenção para o fato. Quando pintou um mural em Joanesburgo, na África do Sul, na parede externa da Jewel City, um dos maiores exportadores de diamantes do mundo, Above escreveu “Os diamantes são o melhor amigo de uma mulher e o pior inimigo do homem“, numa crítica contra os “diamantes de sangue”, extraídos de uma zona de guerra e vendidos para financiá-la. Ele enganou os proprietários, pois esses achavam que só haveria a referência à mulher. O artista acabou criando uma obra social e política.

Nota: a imagem do texto trata-se de um estêncil social e político do artista, direcionada à Zona do Euro, criticando a crise do desemprego na Espanha.

Fontes de pesquisa
O mundo do grafite/ Nicholas Ganz
http://en.wikipedia.org/wiki/Above

Arte de Rua – GESER

Autoria de Lu Dias Carvalho

nina1

O grafiteiro estadunidense Geser, também conhecido como Ges, começou a pintar em 1993, quando era ainda um adolescente e suas pinturas não passavam de mera diversão. Naquela época, conforme explica ele, a informação era muito limitada e o grafite constituía um mistério, tendo que ser descoberto um pouco a cada dia, ao contrário de hoje, quando não mais existem perguntas sem respostas, inerentes ao fato de ser um “escritor do grafite”.

Para Geser, o público ainda é muito ignorante quanto à compreensão da arte do grafite. E mesmo a mídia descreve-a como um elemento criminoso, repassando uma propaganda negativa sobre esse tipo de arte, influenciando as pessoas negativamente, sem nada conhecer do trabalho dos artistas.

Segundo Geser, o grafite tanto evolui através de alguns participantes quanto permanece tradicional e clássico entre outros, numa harmônica convivência entre o estilo anterior e o recente, o que torna essa arte muito atraente. Para ele, a Europa detém muito mais eventos organizados do que os Estados Unidos, apresentando estilos que variam de país para país, sendo a cidade de Barcelona, na Espanha, uma das mais admiráveis na arte do grafite.

Ao ser questionado se acreditava numa carreira como um “escritor do grafite”, ou seja, transpondo sua arte para as paredes, Geser afirmou que não se importa de fazer trabalhos ocasionais, sendo pago. Mas sente uma frustração ao lidar com os clientes, pois esses não sabem definir o que exatamente querem. O que lhe dá uma vontade de deixar aquilo que está fazendo e voltar a pintar um ponto num túnel, por exemplo, para se divertir. Mas, como possui compromisso com suas contas, precisa também ganhar dinheiro. Pintura para ele deve ser algo divertido, sem compromisso com o dinheiro, embora esse seja necessário.

Fonte de pesquisa
http://www.molotow.com/magazine/blog/blog/2012/07/23/interview-geser/
O mundo do grafite/ Nicholas Ganz

O GRAFITE NO MUNDO (I)

Autoria de Lu Dias Carvalho

nina

O Graffiti é uma grande cultura que está diariamente muito entrelaçada na nossa sociedade,  e, que é naturalmente ligada ao desenvolvimento político, social e cultural de uma nação, uma vez que é nessa forma de arte que a população mais jovem encontrou uma saída, no seu desejo de expressar uma ideia e mostrar a falta de conformidade com o sistema e com a própria sociedade. (Seher One)

A chamada arte urbana originou-se nos Estados Unidos, tendo como locais iniciais as cidades de Nova York e Filadélfia, dali se expandindo por todo o país e, posteriormente, para quase todo o mundo. Portanto, não é de se estranhar que os Estados Unidos sejam um campo riquíssimo para a arte do grafite, agregando os mais diferentes estilos de letras e figuras, assim como grandes nomes de artistas do pós-grafite.

No Canadá, existe a tradição dos monikers (figuras e desenhos pintados em trens de carga, criados com pastel oleoso), exportados para o resto do mundo. Embora bem próximo aos Estados Unidos, o grafite só se tornou presente ali por volta de 1984. A princípio houve um grande número de artistas grafiteiros, mas depois a arte declinou, para reaparecer na década de 1990.

O grafite na América do Sul ainda se encontra num estágio inicial de desenvolvimento. Mesmo assim, já vem ganhando espaço e notoriedade com seus desenhos figurativos e exemplares, que recebem a influência dos problemas econômicos e sociais inerentes a essa parte do mundo. Dentre os países sul-americanos, o Brasil é o de maior destaque, tendo as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro como o epicentro deste movimento artístico. Ali estão artistas renomados da tipografia, reconhecidos internacionalmente. A seguir, vêm a Argentina e o Chile.

No nosso país destacam-se nomes como Vitché, Nina, Herbert e os irmãos Gêmeos dentre outros. A ilustração acima é de Nina Pandolfo.

Fonte de pesquisa
O Mundo do Grafite/ Nicholas Ganz