Arquivo da categoria: Canto da Amazônia

Artigos sobre a Amazônia brasileira, mostrando, principalmente, sua fauna e flora.

A FLORESTA AMAZÔNICA E A RÃ AZUL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O dia amanhece exuberante na selva amazônica.
Vista de cima a mata é uma colcha em alto relevo,
com retalhos coloridos que vão do verde ao negro.
Nuvens de vapor ascendem lentamente aos céus.
A floresta se estende até onde os olhos alcançam.

A mata ergue-se faceira sobre o relevo acanhado,
deita sobre as rochas expostas nos desfiladeiros,
esparrama-se no meio de vales sinuosos e verdes
com seus rios ágeis, caudalosos e encachoeirados.
A espuma das correntes marca os cursos certeiros.

Nas margens verdes cresce uma vegetação densa,
seguindo soberba para o coração frágil da floresta.
Ao longe, serras azuladas circundam a bela mata.
Pelas copas das árvores escoam  a luz do sol que
brinca com a fauna e a flora numa festa mágica.

A cantoria maviosa das aves anuncia a vesperata.
A vegetação varia, conforme a luz e o teor do solo.
A angelim, ouro da  indústria madeireira, ondula-se.
Coatás-de-cara-vermelha esmiúçam tudo em volta.
Um bando de mutum-poranga voa em retirada.

A noite amazônica é uma sinfonia das mais belas:
o som ritmado dos insetos, a percussão dos grilos,
a orquestra melódica das rãs e o som dos jacarés…
o coaxar de sapos e pererecas no  acasalamento…
Um cardume estelar ilumina a encantadora selva.

Flora e fauna preparam-se pra um baile à fantasia,
tamanha é a beleza, por onde que se dirija o olhar.
Maria-leque, papa-formiga-de-topete,  e as cobras
multicoloridas compõem o ornamento do folguedo,
Mas a rã azul é a musa mais exuberante da folia.

Nota: Imagem copiada de biopvh.blogspot.com

A BELA VOZ DO UIRAPURU

Autoria de Lu Dias Carvalho

    ui    uir

Uirapuru, uirapuru/ Seresteiro, cantador do meu sertão/ Uirapuru, uirapuru/ Seresteiro cantador do meu sertão/ Uirapuru, uirapuru/ Ele canta as mágoas do meu coração/ A mata inteira fica muda ao teu cantar/ Tudo se cala para ouvir tua canção/ Que vai ao céu numa sentida melodia/ Vai a Deus em forma triste de oração/ Se Deus ouvisse o que te sai do coração/ Entenderia que é de dor tua canção/ E dos teus olhos tanto pranto rolaria/ Que daria para salvar o meu sertão. (Jacobina e Murilo Latini)

Uirapuru é o nome comum dado a várias espécies de aves passeriformes, piprídeas, principalmente as mais coloridas dos gêneros Pipra, Chiroxiphia e Teleonema. Recebe também outros nomes como: irapuru, guirapuru, arapuru, irapurá, virapuru, tangará, rendeira, pássaro-de- fandango e realejo. Os nomes: uirapuru, guirapuru, virapuru, arapuru e irapurá são originários do tupi-guarani “wirapu´ru” ou “guirapuru”, e tangará vem de “tãga´rá”.

Dentre as várias espécies chamadas de uirapuru, uma é tida como a verdadeira e, portanto, é chamada de uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus). Trata-se de uma ave pequenina, medindo cerca de 10 centímetros, cujas penas variam entre os tons avermelhados e o marrom claro. Possui pés grandes e bico vigoroso e na cabeça traz manchas brancas, bem próximas aos olhos.

O uirapuru é nativo da América do Sul, presente, principalmente, em florestas e várzeas. Pode ser encontrado nos seguintes lugares: Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil. No nosso país, ele se faz presente em quase toda a Amazônia. Tanto pode viver sozinho, formar casais ou viver juntamente com outras espécies de pássaros, o que leva o caboclo a achar que seu canto melodioso é o responsável por atrair bandos de aves, mas, segundo pesquisas, ele se une a outros pássaros à cata de alimentos. Possui voos curtos, vivendo numa área limitada. Constrói seu ninho com raízes e folhas e o esconde em meio à folhagem.

Embora pareça uma ave bem comum, de plumagem bastante simples, o uirapuru está entre os pássaros que possuem um dos mais belos cantos, sendo a avezinha, inclusive, apelidada de corneta ou músico da mata. Seu canto melodioso só pode ser ouvido durante cerca de15 dias por ano, ao amanhecer ou entardecer, durante 5 a 10 minutos, enquanto trabalha na construção de um ninho para atrair a fêmea. Ele pode apresentar até sete cantos diferenciados. Macho e fêmea são dotados do belo canto, embora o macho cante melhor. O belo trinado da ave não se assemelha ao de nenhuma outra. Por isso, segundo reza uma lenda, todas as aves emudecem para ouvi-lo.

O uirapuru é um pássaro que se movimenta com muita rapidez pelo solo ou entre as folhagens, com seus pés grandes e plumagem colorida. Trata-se de uma avezinha muito agitada. Aprecia as florestas tropicais, onde se alimenta de frutas e de pequenos insetos. Muitos acreditam que ele se alimenta melhor por ocasião das estações chuvosas, época em que as formigas deixam os formigueiros para atacarem os animais rasteiros, fazendo a festa da passarada.

Existem muitas superstições envolvendo o uirapuru, que durante muito tempo teve um lugar privilegiado em nosso país, mas que hoje se encontra quase que totalmente esquecido. Eis algumas:

  • Aquele que obtiver uma pena terá muita sorte na vida.
  • Quem conseguir um pedaço de seu ninho terá o amor da pessoa amada pelo resto da vida.
  • Quem ouvir seu canto deverá fazer um pedido imediatamente, e será atendido.
  • Guardar qualquer parte da ave traz sorte nos negócios.
  • A companhia de um uirapuru empalhado traz muita sorte na vida e, especialmente, no amor.

Mitos de mau gosto, especialmente os dois últimos, e de extrema gravidade, pois têm sido responsáveis pela extinção da ave, ao lado do desmatamento.

Lenda sobre o uirapuru

 Certa vez um jovem e valente guerreiro acabou se apaixonado pela esposa de um grande cacique, mas como não podia se aproximar dela, fez um pedido a Tupã, que não exatamente um Deus, mas sim uma manifestação divina representada pelo trovão, que transformou o jovem guerreiro num pássaro chamado Uirapuru e assim a noite ele se aproximava de sua amada e cantava para ela.

Entretanto, seu maravilhoso canto também chamou a atenção do cacique, que fascinado ficou e assim certo dia perseguiu o Uirapuru para capturá-lo e desta forma obter a canção somente pra ele, mas o pássaro rapidamente se escondeu em meio à escuridão da floresta e foi por lá que o cacique acabou se perdendo e desaparecendo. Assim Uirapuru, continuou a cantar para sua amada na esperança de que um dia ela percebesse o grande amor do jovem guerreiro. O mito transformou o Uirapuru num amuleto, e onde ele canta proporciona felicidade no amor e também boa caça e fartura.

Fontes de pesquisa:
Wikipédia
www.tvsinopse.kinghost.net

(*) Imagens copiadas de www.tvsinopse.kinghost.net

A EXUBERANTE ARARA-VERMELHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Araras   Arara

A arara-vermelha (Ara chloropterus) é também conhecida com o nome de arara-verde e arara-vermelha-grande. Situa-se entre as aves de grande porte, com até 90 centímetros de comprimento e chega a pesar 1,5 quilogramas. Trata-se de uma ave que possui uma cauda longa, bico muito forte, cores viçosas e que se alimenta com frutos, sementes, folhas, insetos, néctar e pequenos vertebrados. Além disso, também costuma se alimentar de barro. A explicação mais comum para tal excentricidade é a de que se trata de um hábito que tem por finalidade neutralizar as toxinas ingeridas ao comer frutas verdes.

Essa ave é muitas vezes confundida com outra da mesma família, a aracanga (Ara macao), que também é conhecida como araracanga, ararapiranga, arara-vermelha-pequena, arara-macau ou macau. Embora ambas sejam de coloração vermelha, o vermelho da arara-vermelha é mais escuro. E enquanto ela tem penas verdes no lugar das amarelas, o motivo de também ser chamada de arara-verde, a aracanga tem penas amarelas e não possui uma fina fileira de penas vermelhas na pele facial branca, observadas na arara-vermelha (observem as imagens acima).

As asas da arara-vermelha são azuis com uma faixa verde e a plumagem vermelha se destaca na região da cabeça, pescoço e cauda. Seu bico é encurvado, com a mandíbula superior recurvada sobre a inferior. Esta forma de bico é uma adaptação à alimentação que é à base de sementes e frutos em geral.  Os machos possuem o bico mais comprido e estreito. Embora traga a cor vermelha no nome, e essa seja a sua cor característica, a arara-vermelha também possui outras cores, o que a torna bem colorida e exótica. O fato de possuir uma cauda bastante longa, muitas vezes superior a um metro, obriga-a a viver em lugares altos. É comum o fato de o ninho conter somente o seu corpo, ficando a cauda para fora, o que denuncia a sua presença.

A arara-vermelha é chegada a uma algazarra, sendo que seu grasnido é alto e penetrante, podendo ser ouvido através de uma longa distância.  Tem a capacidade de fazer grandes voos, mas prefere subir em galhos e fazer acrobatismo. O formato dos pés e do bico, que tem a forma de um gancho, ajuda-a a se locomover com muita facilidade entre os galhos das árvores, e lhe garantem segurança para o seu exibicionismo. Além de ser de fácil convívio, a danadinha ainda adora imitar a voz das pessoas e dos animais, podendo dominar um grande número de palavras.  Assim como na espécie humana, a fêmea normalmente é menor do que o macho. Gosta de viver em bando ou em pares e tem predileção pelas árvores de copas altas. Chega a dividir ninhos com a ararinha-azul. Vive em média 60 anos.

A maturidade sexual da arara-vermelha acontece a partir dos 3 anos de idade. Seu ninho é construído nos buracos encontrados em paredes rochosas e também nos ocos de árvores, na falta dos primeiros. A responsabilidade por cobrir os ovos, cerca de dois a quatro, e aquecê-los com o corpo para a incubação, é da fêmea, período que dura cerca de 29 dias. Ao macho cabe a tarefa de alimentar a mãe e seus filhotes. Ele traz o alimento em seu papo e regurgita ao chegar ao ninho. Além de ser um ótimo companheiro, é fidelíssimo e mantém a ligação com a amada por toda a vida. A arara-vermelha é, portanto, monogâmica, característica da família dos psitacídeos.  O casal é muito cuidadoso com sua prole, protegendo-a dos inimigos naturais tais como tucanos, macacos, cobras, etc. Para isso, aprofunda os buracos que faz em troncos ocos ou em paredões rochosos. Zeloso, não procria até que os filhotes deixem o ninho.

Os filhotes, ao nascerem, não possuem penas. Essas só aparecerão após a quarta semana. Eles só ficam totalmente emplumados por volta da décima semana. Os pequeninos ficam no aconchego do ninho por um período de 3 a 4 meses, sendo alimentados pelos pais com uma papa vegetal, pré-digerida e posteriormente regurgitada. Após esse período, deixam o ninho com a aparência de uma ave adulta. Os carinhosos genitores ainda os alimentam por mais algum tempo, até estarem prontos para encontrar o próprio alimento. Mesmo assim, ainda ficam debaixo das asas dos pais por mais de dois anos.

A arara-vermelha ainda não é tida como uma espécie ameaçada, embora já tenha sido extinta no Espírito Santo, Paraná, parte da Bahia e norte do Rio de Janeiro. No Brasil, encontra-se, principalmente, na Amazônia e também nos estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Fora de nosso país, está presente em quase todos os outros países da América do Sul, assim como no Panamá, na América Central. Seu habitat natural são as matas de beira de rios em florestas tropicais, cordilheiras e campos com árvores altas e isoladas. Trata-se de uma espécie bastante comercializada, sendo suas penas coletadas pelos indígenas para a confecção de artesanatos. É muito visada pelo tráfico ilegal de animais, sendo vendida no Brasil e para países estrangeiros como bicho de estimação. Vem sendo estudada pela equipe do Projeto Arara Azul por dividir ninhos com a espécie.

Curiosidades sobre a arara-vermelha: (http://www.flickr.com)

  • adora tomar banho de chuva;
  • rói madeira, arrancando cascas de árvores para exercitar a musculatura da mandíbula;
  • é capaz de articular sons imitando palavras humanas ou vozes de outros animais;
  • possui fôlego curto, não cruza longas distâncias, não voa muito, mas está apta a mover-se entre os ramos das árvores, graças ao formato do bico e de suas patas: a posição dos dedos e o bico curvo e rígido que se articula para cima, enquanto o bico inferior articula-se para frente, para trás e para os lados;
  • a terceira pata dos papagaios e araras é uma das mais engenhosas maravilhas adaptativas da natureza. Nas araras, formam poderosas pinças, pois são reforçadas com músculos possantes bem fixados no crânio, sendo que a maxila está ligada ao crânio por uma espécie de dobradiça tendinosa, formando uma alavanca capaz de quebrar as mais resistentes cascas, invólucros de sementes;
  • possui uma grossa língua musculosa e rugosa, coberta por uma epiderme córnea que a protege das ásperas sementes. No caso das araras, é usada para segurar o alimento, enquanto precisam descascar o fruto, apertando-a contra os maxilares;
  • o bico é robusto, em forma de gancho e, dos quatro dedos, dois dirigem-se para frente e dois para trás (pé zigodáctilo);
  • manipula o alimento com o pé. Ao partir em busca de frutas, sementes ou brotos que constituem sua alimentação, emite gritos estridentes, com grande alarido;
  • quando muito faminto, o bando chega a devastar plantações inteiras;
  • como ornamento do primeiro mapa do Brasil, datado do ano de 1502, consta uma arara.

Fontes de pesquisa:
http://www.wikiaves.com.br/arara-vermelha-grande
Projeto Arara-azul
Terra da Gente
O Eco Fauna e Flora

AS BALSEIRAS DO RIO AMAZONAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

balseiras

Na década de 1940, quando a madeira passou a ser a principal força econômica de algumas áreas, o hábito das ribeirinhas de sair em canoas para pedir aos passageiros de barcos de grande porte algum presente intensificou o complexo mundo das trocas de mercadorias por relações afetivas. As teias e os sentidos desses comportamentos não são facilmente identificáveis. (Agenor Sarraf Pacheco)

 Os cargueiros cruzam diariamente a bacia amazônica, e alguns de seus tripulantes aproveitam para trocar óleo diesel por dinheiro e alimentos com os ribeirinhos. Nas trocas também pode entrar o contato íntimo com as mulheres, moradoras das margens dos rios.

Não é fácil a vida dos ribeirinhos, que vivem praticamente da venda de açaí, mas, quando chega a estação das chuvas, no final do ano, período que eles chamam de inverno, as palmeiras cessam de produzir o fruto tão necessário à vida daquela gente. É a época em que muitos se dedicam ao comércio ilícito de óleo diesel, tão necessário para alimentar os geradores e produzir eletricidade, numa região tão esquecida pelos governantes deste país, principalmente os responsáveis pelo destino de cada Estado, onde vivem os ribeirinhos.

As balseiras são as mulheres que navegam pelos rios da bacia amazônica, em seus rústicos barcos, vendendo açaí, camarão, tapioca e refrigerantes para os cargueiros. Elas ancoram suas canoas próximas aos cargueiros e sobem neles. Muitas delas deixam as embarcações com uma semente plantada no ventre, e nas mãos trazem insignificantes presentes. Essa relação não é vista como prostituição, mas como necessária ou tolerável, como se fizesse parte da vida silenciosa daquelas mulheres no seu universo tão solitário e cheio de necessidades. O fato é visto com tanta naturalidade que, em certas famílias, é possível encontrar três gerações de mulheres vivendo desse trabalho.

A “Lenda do Boto” é conhecida em toda a região amazônica. Ela narra que o boto deixa o rio para seduzir as jovens e, após engravidá-las, volta para as águas de onde saiu. Os filhos gerados passam a ser os filhos do boto. Os homens que vêm nos navios cargueiros, assim como o boto, exercem certa magia nas mulheres ribeirinhas, as balseiras, que sonham com uma vida diferente da que levam ali. Elas querem que um “príncipe encantado” leve-as para longe, onde possam ter uma vida sem tanto sofrimento. E os filhos gerados através deles, passam, de certa forma, a ser também filhos do boto ou filhos do rio, uma vez que a maioria deles jamais conhecerá o pai.

É principalmente a esperança de uma vida melhor que leva as balseiras a buscarem um relacionamento amoroso nos cargueiros de linha. Com o tempo, os tripulantes vão se tornando conhecidos, de modo que cada mulher sabe qual é o seu homem. Enquanto ele estiver na área onde ela vive, terá que se manter fiel. Existem também aqueles, que passam por ali esporadicamente, portanto, não há cobranças de fidelidade nas relações amorosas.

É nesse vai e vem pelos rios da bacia amazônica, que crianças nascem, sem conhecer o próprio pai, sendo muitas delas de uma mesma mãe, mas de pais diferentes. Tomara Deus que um dia as coisas mudem, e que essa realidade tão penosa venha a se tornar apenas uma lenda. A lenda das balseiras da Região Norte brasileira.

Fonte de pesquisa:
Revista National Geographic/ Novembro de 2012

Nota: Imagem copiada de viajeaqui.abril.com.br

ONÇA PINTADA – O MAIOR FELINO DAS AMÉRICAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

onca pintada

A onça-pintada (Panthera onca), o maior felino das Américas, ocupando o topo da cadeia alimentar, é um dos animais que vivem na Floresta Amazônica, por se tratar de um ambiente tropical, mas também pode dar suas voltinhas por ambientes abertos, onde se encontram presas maiores. Ela também é conhecida como pintada, jaguaretê, jaguar, canguçu e jaguarapinima, dentre outros nomes que recebe. Há casos em que é chamada de onça-preta ou jaguar-preto. Isso acontece quando o excesso de melanina dá à sua pele a cor negra. Por um tempo, pensou-se que se tratasse de uma espécie diferente, mas ao olhar com atenção a sua pele, é possível ver as rosetas e pintas comuns à onça-pintada, sobre a sua pelagem negra. A onça-pintada é um mamífero carnívoro que ocupa o terceiro lugar no ranking dos felinos, em relação ao tamanho, perdendo apenas para seus familiares mais famosos: o tigre e o leão. Ela chega a medir mais de 2 metros de comprimento, pesando em média 150 quilos, podendo chegar a quase um metro de altura. Sua expectativa de vida, se em cativeiro, é de cerca de 20 anos; se na selva é de 12 anos.

A pintada é muito parecida com seu parente leopardo, mas dele difere por ser maior e pela padronagem das manchas apresentadas na pele. Quanto ao comportamento e ao lugar onde gosta de viver, está mais para o do vaidoso tigre. A danadinha é uma grande nadadora, por isso gosta de ambientes onde a água é abundante. Não é de muitos amigos, preferindo a solidão a viver mal acompanhada. E sua dentadura é para dentista nenhum botar defeito, sendo capaz de estraçalhar animais maiores do que ela. Nem mesmo répteis como a tartaruga, com a sua carapaça trancada a sete chaves, resiste ao poder dos caninos da onça-pintada. É também muito esperta na arte de abocanhar a sua presa, pois lhe crava os dentes no crânio, entre os ouvidos, de modo a permitir que a vítima sucumba, o mais rápido possível, sendo muito ágil no bote.  Segundo pesquisas, ela possui a mandíbula mais forte entre os felinos e a segunda mais poderosa entre todos os carnívoros. Tem mesmo é que estar no pódio da grandiosidade animal em meio à natureza. Como se trata de um animal carnívoro, alimenta-se, principalmente, de antas, capivaras, catetos, jiboias, sucuris, tamanduás, queixadas, macacos, coelhos, veados, antas e outros mamíferos de pequeno porte, assim como peixes e jacarés que ela mesma apreende nos rios. Ou seja, sendo carne, o que cair na sua rede é peixe. Trata-se de uma caçadora noturna e crepuscular, preferencialmente.

Mas as coisas não andam muito boas para a jaguaretê, nossa companheira de tantas histórias que embalaram nossos sonhos de criança. O seu número é cada vez menor, estando ameaçada de extinção. É fato que sua comercialização nacional e internacional está proibida, mas o desmatamento, o envenenamento dos rios, a caça predatória, a proteção de rebanhos bovinos e as brigas entre os “senhores” das terras, fazendeiros e agricultores, vêm reduzindo drasticamente a população da onça-pintada. E olhe que ela tem um passado de glória, sendo vista como um animal sagrado por povos como os maias e os astecas. Na mitologia guarani recebe o nome de jaguar. Mas, nos tempos de hoje, a fama é passageira, pouco importando o passado de glórias. O bicho-homem não está respeitando nem a si mesmo.

Como gosta de viver solitariamente, a onça-pintada, na época do cio, precisa encontrar um parceiro para se acasalar, trazendo mais oncinhas para embelezar nosso planeta Terra. Sua gestação dura cerca de três meses e dez dias, podendo nascer, de uma só vez, quatro filhotes, que só passam a enxergar depois de duas semanas. Quando atingem três meses de vida, a mamãe onça já os coloca para andar fora da toca, pois é preciso lhes ensinar a enfrentar o mundo, pois logo, logo terão que se virar por conta própria.

Nota: Instituto de Proteção à Onça-Pintada: http://www.jaguar.org.br/pt/

Fontes de pesquisa:
http://www.infoescola.com/mamiferos/onca-pintada/
wikipédia

CUTIA – A PLANTADORA DE FLORESTAS

Autoria de Antônio Messias Costa

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A cutia é um animal terrestre e crepuscular, embora mude seus hábitos de vida em função de suas necessidades alimentares. Entoca-se em buracos no chão e, principalmente, em raízes de grandes árvores e troncos velhos. Está presente em todo o território nacional.

Curiosamente, a cutia apresenta um rabo diminuto, quase invisível, muito embora exista a cutia com rabo maior, denominada cutiara. Como a maioria dos roedores, ela constitui um importante elo da cadeia alimentar dos animais carnívoros e do próprio caboclo e índio amazônicos.

O que mais chama a atenção nesse animal é a sua pelagem variável do amarelo escuro ao amarelo ouro e a sua plasticidade, principalmente quando ameaçada. Ela para e põe em ação a sua boa audição e olfato aguçado e, estática, espera o melhor momento e direção para a busca de refúgio.

No Parque do Museu Goeldi (Belém/Pará), cutias vivem livres em grande número, e jamais ultrapassam a distância de segurança em relação ao visitante, salvo casos isolados de animais criados desde filhotes, por particulares, como é o caso de Maria Claúdia e Júnior dos Santos, duas cutias que foram levadas ao Parque, e passaram a fazer suas “refeições” dentro do  Setor de Nutrição, sem se preocuparem com as pessoas. É interessante notar que, quando os animais têm a sua fase de socialização no convívio humano, passam a se identificar mais com os humanos, isto na maioria dos casos.

Por ter o hábito de esconder sementes em buracos cavados no chão da floresta, a cutia tem um importante papel na natureza: plantar várias árvores, como castanheiras e palmeiras. A semente da castanheira fica dentro do ouriço (invólucro da castanha), que por ser muito duro, poucos animais conseguem rompê-lo, dentre esses está a cutia.

Solitária ou em pequenos grupos em áreas alimentares, a cutia é extremamente territorial, demarcando sua área com urina, ou batendo com as patas nas folhas secas. Na época de cio, os machos disputam as fêmeas em grande correria, brigas e gritos, e muitos saem seriamente machucados.

Os filhotes nascem em número de 1 a três, geneticamente programados para avaliar e fugir do perigo, pois a distância em que ficam da toca vai aumentando gradualmente, monitorados à distancia pela mãe, que ataca todos que possam se aproximar do local onde se encontram seus filhotes. Eles já nascem “prontos”, locomovendo-se, o que é uma arma de sobrevivência para um animal tão ameaçado pelos predadores.

Ciente da agilidade que possui a cutia, muitas vezes, eu brinco com as crianças dos visitantes, oferecendo-lhes um animalzinho, mas desde que consigam pegá-lo, fato que jamais acontece em razão da extrema velocidade do bicho.

Até o nosso próximo encontro!