Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Velázquez – A INFANTA MARGARIDA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

                         

O pintor espanhol Diego da Silva Velázquez (1599-1660) encontra-se no rol dos maiores pintores da história da arte. Seus pais, Juan Rodríquez da Silva e Jerónima Velázquez, ambos de Sevilha/Espanha, faziam parte da pequena nobreza e gozavam de pequeno prestígio social e político. Ao descobrirem o talento do primogênito da família para o desenho, tudo fizeram para encaminhá-lo em sua vocação.

Aqui apresentamos duas obras do artista intituladas:1. A Infanta Margarida com a Idade de Três Anos ou a Infanta Margarida com Vestido Cor-de-rosa; 2. A Infanta Margarida com a Idade de Oito Anos, também conhecido como Infanta Margarida num Vestido Azul. É provável que o retrato da Infanta com a idade de três anos tenha sido o primeiro de muitos retratos que Velázquez fez sobre ela. O segundo foi feito um ano antes da morte do artista.

No primeiro retrato, a princesa, ainda bebê, tem um rosto rechonchudo e corado, com grandes olhos escuros. Ela se encontra de pé, trazendo a mão esquerda apoiada numa pomposa mesa forrada com tecido azul. Um vaso com flores quebra a severidade da mesa. O fundo suavemente sombreado contrasta com o tapete preto e vermelho, atenuado pelos tons verde e cinza vistos no vestido da menina.

No segundo retrato, o artista restringe sua paleta a tons azuis, prateados, brancos e marrons. Estão presentes várias texturas no vestido de seda, renda na gola, corrente de ouro, capa de pele (na mão da princesa). A Infanta, com expressão solene, posa para o retrato oficial que seria remetido a seu tio, o Imperador Leopoldo I, com quem viria a  casar-se aos 16 anos de idade. Ao fundo vê-se uma mesa de console alta com um espelho atrás. É tido como o retrato mais sensacional que Velázquez fez da garotinha imperial que morreria muito jovem.

Nota: A Infanta Margarida faleceu meses antes de completar vinte e dois anos, em consequência de um parto prematuro. Possuía uma saúde frágil, triste herança de décadas de casamentos consanguíneos entre os Habsburgo.

Ficha técnica das obras
Ano: 1653
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127,5 x 99,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Ano: 1659
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127 x 107,3 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

Carpaccio – SANTO AGOSTINHO NO ESTÚDIO

Autoria de Lu Dias Carvalho
                                           (Clique na imagem para ampliá-la.)

O pintor italiano Vittore Carpaccio (c. 1465–1525/26) era filho de um comerciante de peles. É tido como um dos grandes nomes do Renascimento veneziano. Foi assistente de Gentile Bellini e possivelmente seu aluno, tendo ajudado seu irmão Giovanni Bellini a decorar o palácio Ducal, mas sua obra foi destruída no incêndio de 1577. Além destes dois grandes nomes da pintura italiana, Carpaccio também foi influenciado por Antonello da Messina. Infelizmente se conhece muito pouco da vida do pintor.

A composição intitulada Santo Agostinho no Estúdio é uma obra do artista. Foi executada com o objetivo de decorar a Scuola degli Schiavoni e faz parte de um conjunto de nove obras, configurando o segundo ciclo do artista, quando ele se encontrava no auge de seu talento, realizando criações excepcionais, tanto no manejo das cores quanto na descrição das cenas. Coube a Carpaccio decorar a sede da associação com obras ilustrativas da vida dos santos: São Jorge, São Trifão e São Jerônimo.

A obra conhecida como Santo Agostinho no Estúdio é a mais importante da série, sendo riquíssima em detalhes, algo jamais visto na história da pintura veneziana. O ambiente onde o santo se encontra está cheio de pormenores. Inúmeros objetos são vistos, não a esmo, mas cuidadosamente analisados pelo pintor e que representam, ao mesmo tempo, um símbolo visual e uma forma perfeita.

A presença de São Jerônimo na obra dá-se através do raio de luz envolvendo tudo, a penetrar pela janela do estúdio de santo Agostinho, a fim de anunciar-lhe sua morte que se encontra próxima e subida ao céu.  O cãozinho e o santo observam extasiados a luz que incide sobre o ambiente.

Ficha técnica
Ano: c.1503
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 144 x 208 cm
Localização: Schuola di San Giorgio degli Schiavoni, Veneza, Itália

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Géricault – O OFICIAL DOS CAÇADORES…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O sensível pintor francês Jean-Louis-André Théodore Géricault (1791–1824), filho do advogado e comerciante Georges Nicolas e de Louise Jean-Marie Carruel, foi um dos mais famosos, autênticos e expressivos artistas do estilo Romântico em seu início na França. Sua mãe era inteligente e culta. Desde a sua infância Géricault demonstrava interesse pelos desenhos e cavalos. Sua família mudou-se para Paris e sua mãe faleceu quando o garoto tinha dez anos, deixando-lhe uma renda anual. Na capital francesa, o futuro artista tornou-se esportista, elegante e educado, frequentando os ambientes mais sofisticados. Embora seu pai não aprovasse sua opção pela pintura, um tio materno resolveu o impasse, ao chamar o sobrinho para trabalhar com ele no comércio, mas lhe deixando um bom tempo livre para dedicar-se à pintura.

A composição O Oficial dos Caçadores a Cavalo Durante a Carga é uma obra do artista. Com esta obra ele expõe, pela primeira vez, em 1812, no Salão, mas como a obra em nada lembrava a pintura neoclássica, recebe uma acolhida hostil por parte do júri, o que leva o pintor até a pensar em destruí-la.

A pintura apresenta um soldado montado num cavalo branco, trazendo uma espada desembainhada e levantada na mão direita. A composição é cheia de inquietação, de movimentos e de cores brilhantes, trazendo o fundo o mesmo clima.

Ficha técnica
Ano: 1812
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 53 x 40 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Magritte – O JÓQUEI PERDIDO (1940)

Autoria de Lu Dias Carvalho

A mente ama o desconhecido. Ela adora imagens cujo significado é desconhecido. (René Magritte)

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898–1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas – datadas de cerca de 1915 – eram de estilo impressionista. Já as que criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda. 

A composição intitulada O Jóquei Perdido é uma obra do artista. Trata-se de sua primeira obra à qual permitiu receber o rótulo de “surrealista”, embora obras anteriores já mostrassem características do estilo que viria a torná-lo reconhecido. Magritte tinha a corrida de cavalo, com o cavaleiro perdido numa paisagem ilógica, como um de seus temas prediletos. Fez muitas pinturas com essa mesma temática, apenas mudando ligeiramente suas versões.

A pintura apresenta um jóquei montado em seu cavalo, perdido num mundo totalmente irreal em que o tronco das cinco árvores (em formato de bilboquê) é feito de pauta musical. Seus galhos despidos de folhas parecem os chifres de um veado-galheiro. Ele se encontra num palco coberto de madeira, tendo como piso um pano branco riscado com finas linhas geométricas, e enquadrado por cortinas escuras – cenário de teatro comum às primeiras criações do artista. Imaginam alguns que a presença de pautas musicais é uma homenagem ao pianista e compositor Mesens e a seu irmão Paul – músico que estudou com Mesens.  

A árvore bilboquê à direita, próxima à cortina, encontra-se numa posição surreal, pois ao mesmo tempo em que se mostra atrás da cortina, também se apresenta à sua frente.

Ficha técnica
Ano: 1926
Técnica: colagem
Dimensões: não encontradas
Localização: coleção privada

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://www.renemagritte.org/the-lost-jockey.jsp

Magritte – A CHAVE DE VIDRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Acho que o melhor título para um quadro é um título poético. (René Magritte)

A mente ama o desconhecido. Ela adora imagens cujo significado é desconhecido. (René Magritte)

O desenhista, ilustrador e pintor belga René François Ghislain Magritte (1898–1967) era filho de Léopold Magritte – alfaiate e comerciante têxtil – e Régina. Ingressou ainda muito novo na Académie Royale des Beaux-Arts/Bruxelas (1916 a 1918), ali permanecendo apenas dois anos, pois achava as aulas improdutivas e pouco inspiradoras. Começou a pintar aos 12 anos de idade. Suas primeiras pinturas – datadas de cerca de 1915 – eram de estilo impressionista. Já as que ele criou durante os anos de 1918 a 1924 receberam influência do Futurismo e do Cubismo figurativo de Metzinger. Era um homem agnóstico, taciturno e aparentemente tímido que cultivava opiniões políticas de esquerda. 

A composição intitulada A Chave de Vidro é uma obra do artista. Uma grande rocha de formato oval parece pairar imóvel no ar. Sua estranha posição leva o observador a repensar as propriedades das coisas ao seu redor. O artista achava que o pensamento poético era capaz de modificar a realidade cotidiana. Por essa razão, criou imagens monumentais, usando, muitas vezes objetos solitários, sem nenhum conteúdo simbólico.

A pedra aqui retratada – sugerindo que se encontra no cume de uma montanha – repassa uma sensação de leveza e equilíbrio, apesar de seu peso. O artista mais uma vez se distancia do conceito do objeto, dando-lhe outra realidade, ainda que se oponha à lei da física. O que lhe importava era divergir da realidade, ainda que isso só pudesse acontecer dentro da arte.

Ficha técnica
Ano: 1959
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 162 x 129,5
Localização: Menil Collection, Houston, Texas, EUA

Fontes de pesquisa
Magritte/ Editora Taschen
https://gerryco23.wordpress.com/2011/08/26/magritte-pleasure-or-not/

Lucas Cranach, o Velho – SÃO JERÔNIMO PENITENTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O xilogravurista e pintor renascentista alemão Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), possivelmente teve o pai como professor. Em Viena participou dos círculos humanistas. Trabalhou como pintor na corte de Wittenberg com Frederico, o Sábio. Ali comandou uma grande oficina. Sua posição tinha tanto destaque na cidade que alguns anos depois ele se tornou conselheiro e, posteriormente, seu presidente, tornando-se um dos homens mais ricos do lugar. Contribuiu enormemente para o desenvolvimento da pintura no sul da Alemanha, sendo considerado fundador da Escola do Danúbio. Durante uma das viagens à Holanda, recebeu inspiração das pinturas italianas e holandesas.

A composição intitulada São Jerônimo Penitente é uma obra do artista. Ela demonstra a influência da pintura da região alpina e das obras de Albrecht Dürer sobre o pintor que criou um estilo especial para sua obra, unindo a paisagem à cena narrativa, resultando num todo romântico, onde predominam a sensibilidade e o gosto decorativo.

São Jerônimo encontra-se ajoelhado, à esquerda, numa paisagem arborizada, onde se vê algumas edificações ao fundo, à direita. Está ajoelhado diante do crucifixo de Cristo, fixo sobre uma rocha. Apenas um pano branco vibrante cobre a parte posterior de seu corpo. Traz na mão esquerda uma pedra, objeto de sua flagelação, enquanto a esquerda segura a longa barba que tem a mesma cor do lençol prateado, com uma grande amarração na parte frontal. Tem a barriga protuberante, embora apresente braços musculosos.

À esquerda do santo encontra-se seu manto vermelho cardinalício e o chapéu à direita. O leão deitado à sua frente faz parte de sua simbologia e diz respeito ao fato de São Jerônimo ter curado sua pata. Também representa o próprio Cristo, chamado de “Leão da Tribo de Judá”. Na árvore atrás do santo são vistos dois animais: uma coruja e um papagaio, símbolos do planeta Saturno e do Sol. Representam a melancolia e o temperamento sanguíneo. A presença das duas aves indica que a pintura foi encomendada pelo historiador Johannes Cuspinian , reitor da Universidade de Viena, e esposa. Estes dois animais estão presentes num retrato do reitor, feito por Cranach.

Ficha técnica
Ano: entre 1502
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 55,2 x 41,3 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador