DESMISTIFICANDO A BIPOLARIDADE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência sobre si mesma. (Abraham Maslow)

O Transtorno Bipolar, uma das doenças mentais que afetam cerca de 4% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira de Tratamento Bipolar (ABTB), é também conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar ou ainda como Transtorno Bipolar de Humor. Esta psicopatologia vem se tornando tão conhecida que é muito comum hoje, popularmente, chamar uma pessoa de bipolar, quando essa age diferentemente daquilo que se espera dela, considerando que seja alguém que vive entre “altos e baixos”, como se sua vida fosse uma gangorra.

É bom que se saiba, porém, que os “altos e baixos” de uma pessoa bipolar não acontece de um momento para outro, ou seja, num determinado momento ela se encontra na fase de mania (humor eufórico) e no outro pula para a de depressão (humor depressivo). Nada disso! Esta visão é totalmente equivocada, necessitando ser desmitificada. Infelizmente as novelas e o cinema têm contribuído para confundir as pessoas, ao invés  de levá-las sob a verdadeira compreensão do Transtorno da Bipolaridade. É preciso muito cuidado para não se sair por aí rotulando as pessoas de bipolares, sem se basear em nenhum diagnóstico médico.

O diagnóstico deste transtorno é bem complexo, uma vez que, a exemplo de outros transtornos mentais, não existem exames de imagem ou biológicos no sentindo de identificar o indivíduo como bipolar. Para que alguém seja caracterizado como bipolar, precisa passar por períodos prolongados de estados e oscilações de humor, dentro de um determinado tempo. Somente profissionais de saúde especializados, baseando-se em manuais de diagnósticos que estabelecem uma série de padrões de sintomas, levando em conta suas manifestações, ciclos e intensidades podem afirmar que uma pessoa encontra-se ou não acometida pela bipolaridade. Os relatos dos familiares também contam muito. Além disso,  é preciso muita atenção para não confundir um quadro de depressão unipolar com sintomas do Transtorno Bipolar.

A complexidade na avaliação deste transtorno, que geralmente se manifesta entre os 15 e 25 anos de idade, vem dificultando e atrasando o início do tratamento de seu portador. Muitas vezes são necessários até 10 anos para que a pessoa seja corretamente diagnosticada, como revela a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA). Enquanto isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) caracteriza o Transtorno Afetivo Bipolar como a sexta causa de incapacidade e a terceira entre as doenças mentais, abaixo apenas da “Depressão Maior Unipolar” e da “Esquizofrenia”. Pesquisas também mostram que é a doença mental que mais leva às tentativas de suicídio.

O uso acentuado da palavra “bipolar” fora do contexto médico vem servindo para banalizar o transtorno, como se ele fosse a coisa mais comum, mais banal do mundo. Os leigos usam tal termo quando querem se referir às pessoas que têm um temperamento difícil ou que são dotadas de uma visível irritabilidade, ora se mostrando de um jeito e ora de outro. É fato que tais características fazem parte do rol de sintomas da bipolaridade, mas eles não são os únicos a caracterizar uma pessoa como bipolar. É bom que todos saibam que se trata de um quadro severo com grandes consequências negativas para seu portador e também para sua família e que precisa de tratamento médico para oferecer uma vida melhor ao doente.

 Nota: Faces, obra de Pablo Picasso

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

4 comentaram em “DESMISTIFICANDO A BIPOLARIDADE

    1. LuDiasBH Autor do post

      Carlos

      Como os problemas com o Transtorno Bipolar têm sido recorrentes em nosso site, estou buscando o máximo de informação sobre o assunto. Agradeço o seu “feedback”.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  1. Ugeninelson Autor do post

    Lu
    O melhor jeito para não cair nessa armadilha da bipolaridade é, ao invés de negar ou querer entender tudo da vida, aceitar as limitações e só fazer o que está ao alcance da mão. Porque pra cá não trouxemos nada. Daqui não vamos levar nada. E o maior prazer, sim, ainda é uma boa conversa. Uma amizade pra desfrutar sem frescura, sem muitas regras. Passear, comer e beber moderadamente o que se gosta, o que nos dá prazer. E deixar fluir o mundo, a vida, as pessoas, no eixo em que já giravam antes de nós, e que vão continuar girando. Essa nossa civilização dita moderna, dada a preocupações exageradas, deveria ter em mente que já existiram sociedades muito mais sofisticadas, inteligentes e fraternas do que a nossa. Sem tanta fobia.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ugeninelson

      Num aspecto você tem toda razão. Quanto mais buscarmos levar uma vida dentro de nossas possibilidades, fazendo o que se encontra ao alcance de nossas mãos e compreendendo nossas limitações, menos complicações teremos, sendo menos sujeitos às doenças mentais, pois assim como uma pessoa que possui uma alimentação saudável tem menos propensão ao câncer intestinal, aquela que leva uma vida mais simples, aceitando suas limitações, terá um fator a menos para ter uma doença mental. Por outro lado, existem pessoas que levam uma vida saudável e ainda assim são alcançadas por um câncer ou cirrose, por exemplo. O mesmo acontece em relação às doenças mentais. A predisposição genética é um fator seríssimo. Conheço uma família em que todos os irmãos, excetuando um, foram alcançados pelo câncer. Há fatores que independem dos hábitos da pessoa. Outra coisa fundamental a saber é que os transtornos mentais são doenças do cérebro, pois como qualquer outro órgão de nosso corpo, o cérebro também adoece. Tais transtornos sempre existiram, mas em razão dos tempos corridos e do excessivo materialismo e competitividade dos dias de hoje elas só fazem aumentar. Só que somos privilegiados, pois a Ciência já nos socorre, diferentemente de tampos atrás.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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