Velázquez – O PINTOR DOS PINTORES

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Autoria de Lu Dias Carvalho   vel

Só para ver Velázquez já vale a pena a viagem [à Espanha[; é o pintor dos pintores. Ele não me assombra, me deixa maravilhado. (Edouard Manet)

Sua principal tarefa era a de pintar retratos do rei e dos membros da família real, poucos dos quais exibiam rostos atraentes  […]; mas Velázquez transformou esses retratos […] em algumas das pinturas mais fascinantes que o mundo já viu. (E.H. Gombrich)

Sevilha foi um ambiente muito propício para o futuro pintor, pois, além de ser a cidade mais rica e povoada da Espanha, era também um grande centro cultural, para onde convergiam as mais importantes correntes artísticas europeias. Ao se tornar aprendiz do pintor e escritor Francisco Pacheco, Velázquez,  sempre aberto às novas ideias oriundas do restante da Europa, apreendeu no ateliê do mestre o que para ali levavam pintores, poetas, músicos, filólogos e teólogos. Tudo isso aliado à sua sede de conhecimento e ambição de subir na escala social.

Francisco Pacheco não era conhecido como um exímio pintor, mas transmitiu ao aluno os fundamentos teóricos e práticos do desenho e da pintura, além de ser um grande adepto da liberdade artística, deixando Velázquez livre para escolher seu próprio estilo. De modo que o artista foi muito importante para a escola pictórica de Sevilha, tendo ali introduzido o realismo barroco, influenciando muitos pintores de sua geração.

Ao se tornar pintor de câmara do rei Filipe IV, Velázquez teve acesso às ricas coleções do palácio, onde se encontravam obras dos mais importantes pintores europeus das mais diversas épocas, e que muitas influências trouxeram-lhe. Ficou muito impressionado com o estilo do genial Caravaggio, que conhecera através de obras de imitadores.

Seguidor dos ensinamentos de seu mestre e sogro Francisco Pacheco, partidário da liberdade artística, Velázquez não queria ser um pintor que dependesse dos pedidos da Igreja e da nobreza, limitando seu talento à feitura de imagens religiosas e retratos que agradassem aos nobres. Interessava-lhe, sobretudo, apresentar a realidade como ela lhe aparentava.

À observação exata do natural, Velázquez adicionou a técnica do tenebrismo, em que são ressaltados os contrastes entre as partes escuras e as iluminadas, através de um único facho de luz, recurso usado por Caravaggio, para colocar em evidência as formas e volumes de suas figuras. Embora gostasse de pintar personagens populares, o artista não se deixava levar pelo elemento cômico ou ridículo, guiava-se por seus princípios éticos, destacando-lhes a individualidade e a dignidade, como é o caso do quadro acima, denominado Francisco Lezcano, o Menino de Vallecas. Ao retratar seus personagens, o pintor não apenas usava o corpo como modelo, mas também incluía a alma. Suas pinturas, quase sempre, denotam uma grande calma. Era também um excelente colorista.

Velázquez pintou poucas obras com temática religiosa, se levarmos em conta a sua prodigiosa produção. Em algumas delas, o pintor fez um quadro dentro de outro, ou seja, o divino convive com o terreno no mesmo quadro, quando ele, através de um quadro, espelho ou janela, joga a cena religiosa no fundo da composição principal, como vemos em Cristo na casa de Marta e Maria.

Seguindo a orientação do amigo Peter Paul Rubens,Veláquez partiu para Itália, onde visitou as cidades de Gênova, Milão, Veneza, Ferrara, Cento, Roma e Nápoles, visitando todos os lugares nos quais se encontravam obras de arte e desenhando-as.  Encantou-se com os pintores venezianos como Tintoretto, Ticiano e Verones, efetuando cópias de muitas de suas obras. No Vaticano, estudou e copiou obras de Rafael e Michelangelo. Em Napóles, conheceu o pintor barroco José de Ribera, o Españoleto. Na Itália, Velázquez também pintou algumas obras importantes como A Forja de Vulcano  e Jacó recebendo a Túnica de José. Ao retornar a Madri, abriu mão do tenebrismo para adotar uma pintura mais luminosa.

Por sua função no palácio, Velázquez devotou-se aos retratos, transformando-se em um dos mais consagrados retratistas de todos os tempos. Dentre os retratos da nobreza encontravam-se também cenas campestres e bufões, encarregados de alegrar a corte, de quem o pintor captava, sobretudo, a psicologia, coisa incomum à época e até considerada de mau gosto pelas normas das pinturas da corte. Nas cenas equestres e de caça, Veláquez notabilizou-se pela maestria com que pintava paisagens e o realismo com que compunha os cavalos, com os músculos flexionados.

Na corte, o artista ocupava-se quase que exclusivamente com a pintura de retratos e, praticamente das mesmas pessoas. Mas, mesmo assim, confeccionou obras belíssimas que enriqueceram a arte ocidental. Velázquez é tido como o pioneiro da pintura impressionista, por aprisionar ambientes, cores, movimentos e formas em um instante de fugidia iluminância. O artista foi um mestre ao lidar com a luz. Artistas posteriores a ele, tais como Francisco Goya, Édouard Manet, James Abbot e Picasso foram inspirados por sua obra.

O professor Ernest H. Gombrich assim define o estilo Diego Velázquez:

Não há nada suntuoso no estilo de Velázquez, nada que nos surpreenda à primeira vista. Mas quanto mais contemplamos seus quadros, maior é a admiração que sentimos por suas qualidades artísticas.

Nota: Retrato Equestre do Príncipe Baltazar Carlos, Veláquez, 1634/1635

Ficha técnica:
Data: 1636 – 1644
Dimensões: 107 x 83 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Coleção Folha
501 grandes artistas/ Sextante
Pintura na Espanha/ Jonathan Brown
Veláquez/ Tachen

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