EXISTEM PROMOÇÕES NO BRASIL?

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os mês de fevereiro, nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas metrópoles, é sem dúvida a melhor época para se comprar. São muitos os motivos que levam os comerciantes a abaixarem, ainda que minimamente, seus preços: sobra de mercadorias do Natal, a primazia dada aos objetos escolares em detrimento de outros itens, muita compra no exterior, os gastos inevitáveis com IPTU, IPVA e outros impostos, a volta das férias com as finanças em baixa, Carnaval e a mudança de estação, dentre outros. Assim, quem pode aguardar mais tempo para comprar, muitas vezes, obtém preços menos exorbitantes. Mas é preciso muito cuidado para não cair na armadilha das promoções. O consumidor brasileiro precisa ficar atento às manobras do mercado, pois de bobos os nossos comerciantes não possuem nada.

A cada ano, as táticas para atrair os clientes modificam-se. No ano passado, proliferaram os termos em inglês, como se isso indicasse o “chiquetê” das lojas, que na verdade não são chiques e nem miques. Era um tal de “for sale”, “on sale”, “sell-off”, “reduced price”, “all sales” e por aí vai o besteirol, como se nós, brasileiros, fôssemos obrigados a dominar a língua inglesa. Digo nós, porque os estrangeiros gostam mesmo é das feirinhas típicas, passando longe dos shoppings. Na verdade, isso nada mais é que um esnobismo idiota, coisa de colonialismo, mesmo. O nome de certos estabelecimentos merece um capítulo à parte.

A última novidade nas propagandas promocionais, principalmente nos shoppings, e isso em letras garrafais, é “Promoção – até 70%”. Obá! Acalme-se, senhor ou senhora cliente. Não vá com tanta sede ao pote, pois, para enganar nossos olhos, o “até” (ou o a partir) vem minúsculo, imperceptível, magricelo, anêmico e caguincha. O coitado aparece todo espremidinho, desmilinguido, insultado e humilhado em meio a um monte de letras graúdas, bonitonas, gorduchas, salientes e muito bem alimentadas e vestidas por tintas coloridas. E o “até”, ali no meio, morrendo sufocado, coitadinho.

Ontem, eu resolvi perambular por alguns shoppings, tentando garimpar coisas boas e “menos caras”, pois liquidação neste país é quase sempre para “inglês ver”.  Sôfregos, meus olhos percorriam os anúncios dos preços paradisíacos. E lá estava, na maioria das lojas, o apelo estampado em letras garrafais: “Promoção até 70%”. Mas o “até” estava tão mirrado, que meus olhos e minha percepção expurgaram-no, jogando-o de escanteio, contribuindo ainda mais para o seu complexo de inferioridade. O que disso resultou, eu lhes conto depois.

Existem também certas lojas que aderiram a uma nova mentira promocional do “Compre uma peça e leve outra de graça”. Mentira deslavada. As duas saem com um desconto de 30%, no total. Ou seja, você, se não souber um pouco de matemática, cai no conto do vigário. O que querem, na verdade, é empurrar, no mínimo, duas unidades ao cliente. E pior, há pessoas que acreditam nesse falso milagre, nessa bondade suprema. Outras lojas, apenas colocam a palavra “promoção” na peça, conservando o mesmo preço de antes, na maior cara de pau e sem-vergonhice.

O consumidor também precisa saber que ele tem direito a trocas, indiferentemente de a mercadoria ser promocional ou não. Aqueles avisos diante dos caixas, dizendo que não trocam mercadorias de promoção, não valem nada diante do Código do Consumidor. Ameace ir ao Procon e logo será atendido. Foi isso que fiz numa determinada loja.

Para encurtar a história de meu desencanto, não encontrei um só lugar onde funcionasse o extraterrestre “70%” (havia até propaganda de 80%) Tudo estava, no máximo, 30% menos caro. Foi então que resolvi tirar a prova dos nove: comecei a questionar os minúsculos descontos, em comparação com a publicidade enganosa. Mas a resposta vinha na ponta da língua dos vendedores. Vejam o diálogo:

LD – Gostaria de ver os produtos com 70% de descontos.
Vendedor(a) –  Infelizmente, já acabaram todos!

LD – Então me mostre alguns com 40, 50 ou 60%.
Vendedor(a) – Os produtos com esses descontos acabaram logo no início das promoções. Estamos agora só com os de 30% para baixo.

LD – Mas na propaganda colada ao vidro não está dizendo isso! Olhe lá!
Vendedor(a) – É que ainda não tivemos tempo de retirá-la.

Trocando em miúdos, o cliente brasileiro ainda é desrespeitado, tratado como se fosse um idiota. Portanto, meu caro leitor e consumidor, olho vivo. Não caia na esparrela de certas promoções para “inglês ver”. Se não cumprirem o que está na propaganda, mude para outra loja e deixe aquela às moscas, pois, para elas, as moscas, o “até” e o “a partir” não farão diferença alguma, somente lhes acrescentarão uns cocozinhos, mas para o seu bolso, farão uma tremenda diferença. Olhem apenas para o humilhado “até” (ou “a partir”), vire-lhe as costas, e diga para si mesmo:

Até outro dia, meu camarada! Vou (a) partir para outra! Off!

14 comentaram em “EXISTEM PROMOÇÕES NO BRASIL?

  1. Patrícia

    Ei Lu,

    em geral as promoções são pura enganação. Geralmente faço um pesquisa de preços antes das promoções. Espero algumas semanas porque há uma diferença no início e no final de cada promoção. Procuro por toda a loja e às vezes consigo comprar o produto esperado com 50% de desconto, e vou garimpando aqui e ali.

    Infelizmente, na maioria dos produtos o desconto é mínimo.
    Cabe ao consumidor pesquisar preço e não deixar ser enganado.

    Beijos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      É verdade!
      Muitas vezes encontramos o mesmo produto, mais barato, num lugar onde nem esteja em promoção.
      O negócio é pesquisar bastante.
      Temos que ficar espertos.

      Beijos,

      Lu

      Responder
  2. Moacyr

    Lu, meu pai foi comerciante muitos anos e de uma coisa eu tenho certeza, se o comerciante for um bom administrador, ele nunca perde, pois compensa o preço de uma mercadoria com outra. Os empresários brasileiros são muito gananciosos, eis a verdade.

    Beijos

    Moacyr

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Moá

      Você está coberto de razão.
      Existem as estratégias de mercado.
      O que se deixa de ganhar numa mercadoria, ganha na outra, é verdade.
      Apesar dos valores abusivos dos impostos, o comerciante brasileiro é ranzinza, até para trocar um produto.
      Mas, quem paga os impostos, na verdade, é o consumidor final.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. LuDiasBH Autor do post

    Chiqueiuqui

    Em primeiro lugar, muito obrigada por sua presença no blog e por seu comentário feito com tanto apreço por este espaço.

    O consumidor brasileiro ainda não possui condições de avaliar com propriedade se um produto merece o valor cobrado, até por que isso envolve muitas variáveis, inclusive a matéria-prima usada, o local de fabricação, o controle de qualidade… Só para lhe dar um exemplo, as camisas da Lacoste estão sendo fabricadas na Argentina, Peru… e as calças no Brasil, e elas têm um número de tramas diferenciados, etc. Como saber qual é a melhor? O consumidor não entende de tramas e fios, a menos que pertença ao ramo de tecidos. Outro exemplo são os óculos da Ray-Ban. Muitas vezes, nem mesmo os donos de ótica conseguem diferenciar os legítimos dos ilegítimos. E no setor de móveis, poucos sabem o que é MDF…. e por aí vai.

    O que eu coloco em questão não é o preço do produto, que cada um vende ao preço que achar viável, mas sim a maneira como se tenta enganar o consumidor. Muitas lojas deveriam ser fechadas por propaganda enganosa. Se a promoção é apenas de 30%, que lá esteja nas vitrines a realidade. Quem ali entrar, não irá se sentir enganada. Seria muito mais decente por parte dos lojistas e o cliente perderia menos tempo, procurando o que não existe.

    Trabalhar na agricultura é como jogar na loteria. Tanto pode ganhar milhões, como perder todo o investimento feito, pois são muitos os fatores que independem do agricultor: seca ou chuva excessiva, boa safra ou fiasco, subida do dólar, queda do dólar… Veja o caso do tomate no ano passado e no lado oposto o da laranja. Quem está no ramo sabe como é.

    O lojista jamais perde ao colocar uma mercadoria em promoção. No muito, ele empata, ou seja, não ganha e não perde. Uma das jogadas é jogar numa mercadoria o que se deixou de ganhar em outra. Tenho pessoas no ramo, na minha família e sei como as coisas funcionam. E você explicou bem isso, ao falar dos preços altos vendidos no início, assim que houve o lançamento da mercadoria.

    Li numa revista sobre economia uma comparação entre o mercado de outros países e o nosso. Aqui, o lojista prefere vender poucas peças, por um preço altíssimo a um número pequeno de compradores. Nos EUA, por exemplo, o lojista prefere vender muitas peças, por um preço menor, para muitos clientes, mas, que ao final, no frigir dos ovos, obtém muito mais lucro. O nosso mercado é ainda muito obsoleto.

    Ainda que indiretamente, a promoção age como uma propaganda subliminar do estabelecimento, pois o cliente acaba sempre voltando ao local. A promoção é, na verdade, uma limpeza de estoque.

    O cliente sabe sim, que os impostos no país são altíssimos, e que é ele quem paga por eles, ao adquirir o produto. O lucro da venda cabe ao vendedor da mercadoria. Daí, se compra gato por lebre, é ele quem leva a pior.

    Chi (apelido carinhoso), o que não pode acontecer são as mentiras veiculadas nas propagandas, por ocasião das promoções. Isso seria desrespeitar o cliente. Pelo Código do Consumidor, a propaganda mentirosa é crime. Portanto, que as lojas dos shoppings cumpram aquilo que apregoam nas suas vitrines.

    O cliente só deseja ser respeitado. Se a promoção é de 20%, que lá nos cartazes esteja exatamente esta porcentagem.

    Grande abraço,

    Lu

    Responder
    1. Chiqueiuqui

      Bom se o lojista não estiver mantendo o preço conforme os cartazes, configura crime. É só o cidadão ir a delegacia mais próxima e fazer um BO, conforme reza a lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

      Com relação a promoção, se for considerar, outros fatores, quem garante que o preço que estava em cartaz não é 50% maior do que o usual e depois colocam um desconto de 70%?

      Eu sempre considero que não cabe a mim prejulgar as pessoas, por isso sempre considero que todos são corretos e compro onde achar o melhor produto, o melhor atendimento, a melhor forma de pagamento, etc. Não posso considerar o mercado norte- americano com o mercado brasileiro. Para começar os impostos americanos são muito menores do que os brasileiros, depois a renda média deles é muito maior do que a renda média dos brasileiros.

      Exemplo: veja o preço do Fiesta nos EUA ( http://www.ford.com/cars/fiesta/pricing/) e o preço no Brasil: (http://www.ford.com.br/compre-o-seu/ofertas/new-fiesta-hatch )

      Portanto, quando a loja estiver em promoção e não estiver cumprindo o regulamento, cabe ao consumidor fazer denúncia a justiça (só que como o consumidor é inteligente e sabe que vai demorar, ele não compra e procura outra loja).

      Responder
      1. LuDiasBH Autor do post

        Chi

        A melhor coisa que o capitalismo lega ao cidadão é o livre comércio, pois, assim, ele tem liberdade de comprar onde quiser, como bem diz você.
        E quanto mais oferta tiver, mais ganhará o consumidor.
        Quanto maior for a concorrência, melhores serão os preços.

        Só por curiosidade, você é chinês, ou coreano, ou japonês, ou tailandês… risos?
        Ou seu nome é só um apelido?
        Chi, ele é bem difícil de ser pronunciado.
        Mas é muito chique… risos.

        Obrigada por sua participação no debate.
        Foi muito legal, mesmo!
        Nada como uma boa troca de ideias.

        Grande abraço,

        Lu

        Responder
  4. Chiqueiuqui

    O consumidor é um cidadão que tem todas as condições de avaliar se um determinado produto está com preço adequado ou não. O que vem ser o preço adequado? Depende de cada um.

    Quando se tem demanda reprimida, o preço sobe. Quando se tem oferta em abundância, o preço tende a ser mais baixo, em alguns casos até abaixo do custo. Neste caso o vendedor está com prejuízo em cada venda e o comprador com um ganho maior e até “imoral” (porque ele sabe que o vendedor/produtor está com prejuízo, mas não vai querer pagar o preço justo), por estar comprando abaixo do que o produtor gastou para produzir. Esse tipo de anomalia ocorre muito com produtos de origem da agricultura familiar, onde o agricultor investiu recursos (financeiros, seu trabalho, etc) por meses e, quando colhe para vender, verifica que a produção foi boa para todo mundo e o preço ficou abaixo do custo e ele vende por esse preço mesmo para ter um prejuízo menor.

    Se o lojista de shopping também faz esse tipo de promoção, mesmo vendendo as últimas peças abaixo do preço de custo, é porque já venderam no início com preços mais altos para compensar os preços mas baixos no fim do estoque, as chamadas PROMOÇÕES.

    Como vivemos num país de livre comércio, cada um vende pelo preço que quiser e cabe a cada um comprar ou não. Se tiver interessados vendem, se não tiverem, vão baixar o preço até conseguir vender. Essa é uma antiga lei de mercado.

    Ninguém faz promoção para alavancar a venda, quando a procura pelo produto é alta, o que eles fazem é aumentar o preço!

    Os produtos vendidos no Brasil têm uma parte oculta embutida nos preços que as pessoas não percebem, que se chama IMPOSTOS…( MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL), que podem ultrapassar os 60% do preço, dependendo do tipo de produto.

    Responder
  5. Julmar M. Barbosa

    Eu sou vacinado contra esse tipo de manobra .
    Nada, absolutamente nada que essas “promoções ” oferecem me seduz .

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Julmar

      E elas quase não têm oferecido nada.
      A maioria só pensa em ludibriar o cliente.
      É preciso muita paciência e critérios para separar o joio do trigo.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  6. Mário Mendonça

    Lu Dias

    Não existem promoções.
    O que existe é enganação, principalmente na concessão do crédito.
    Usura praticada com o aval da legislação.
    Uma vergonha!

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Isso é lamentável, pois o cliente vai se afastando.
      A base do comércio é a confiança.
      Se não há bobos da parte de lá (comerciantes), também não os há do lado cá (compradores).

      Abraços,

      Lu

      Responder
  7. Matê

    Você está certa. Faltou falar sobre as ofertas de determinada loja que “liquida” de
    janeiro a janeiro. Lá o precinho esconde o “a partir de”, bem pequenininho.
    O núncio diz R$39,99 mas não tem nada desse preço.O vendedor mostra “a partir de”
    e o comprador fica com cara de bobo. Aconteceu comigo, fui dar uma de São Tomé
    e vi a maracutaia. Pobre do consumidor que acredita nessas promoções.

    Abraços

    Matê

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Os comerciantes brasileiros não percebem que, ao desmoralizarem as liquidações, quem perde são eles.
      Hoje, a opção encontrada é muito grande, e não mais existe o cliente fiel, se ele não sentir que a loja que frequenta é honesta consigo.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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