Filme – RIO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

rio   rioa

“Sempre gostei de araras. Acho um pássaro fascinante. Queria uma espécie que estivesse realmente em extinção. Foi aí que escolhi a ararinha-azul.” (Carlos Saldanha)

É impossível não se apaixonar por Blu, uma arara-azul brasuca, mas naturalizada americana por acaso. (Gustavo Cheluje – A Gazeta)

O filme Rio é a maior estreia da história do cinema no Brasil. Embora tenha sido escrito e dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, trata-se de uma animação americana, com toda a riqueza própria de Hollywood. Foi lançado primeiro nos cinemas do Kazakistão em 3 de abril de 2011, depois na Argentina e mais 14 países em 7 de abril. Seu lançamento no Brasil aconteceu em 8 de abril. Abrangeu mil salas em todo o país, suplantando Eclipse (ano passado). Em Portugal a estreia foi em 14 de abril e nos EUA foi lançado em 15 de abril.

Mesmo sendo uma produção estrangeira, não é possível negar seu gostinho bem brasileiro, a começar pelo nome do filme e do diretor. Carlos Saldanha diz se tratar de uma homenagem à sua cidade, Rio de Janeiro, embora, para isso, tenha cometido alguns errinhos de geografia (como o fato de a ararinha-azul nunca ter vivido no Rio, pois era restrita às matas na beira dos rios do sertão baiano) e de biologia (os pés não correspondem aos da ave em questão, que são mostrados como se fossem pés de galinha). As músicas são inspiradas em ritmos nacionais e os desenhos maravilhosos. É, sobretudo, um panfleto em favor da ecologia.

O roteiro e o cenário de Rio são também cariocas. Conta a história de uma ararinha-azul, o macho Blu, que nasceu numa floresta carioca, mas que foi capturado ainda novinho, e levado para os Estados Unidos. Ali é domesticado, sem nunca ter aprendido a voar. Blu vive com sua dona e grande amiga Linda. A princípio, os dois pensavam que Blu fosse o último exemplar de sua espécie, mas depois descobrem que no Rio de Janeiro vive outra ararinha-azul. Era preciso encontrá-la para dar continuidade à sua linhagem, quase que totalmente extinta. E, assim, os dois partem para o exótico país, Brasil, onde encontram a única fêmea da espécie, a bela Jade.

Ao chegar ao Brasil, Blu encontra-se com a fêmea sonhada. É aí que começam as aventuras da dupla, que é seqüestrada por contrabandistas, indo parar em uma favela e se metem em várias confusões. Blue e Jade passam a viver uma agitada aventura, fugindo dos traficantes de aves em pleno Carnaval. Os dois voam de asa delta e viajam de bodinho. Outro personagem interessante do filme é Pedro, um cardeal-de-topete-vermelho.

A geografia do Rio de Janeiro está reproduzida com primor no filme: ciclovia de Copacabana, os vôos da Pedra Bonita, as Paineras, na Floresta da Tijuca, os passeios de bondinho do bairro da Lapa até Santa Tereza e muito mais da beleza que a Cidade Maravilhosa oferece.

“Como cenário, temos um Rio de cartão-postal, uma cidade exuberante, de cores fortes, que emana uma energia cultural intensa. Não à toa, uma das melhores sequências mostra um balé composto por aves tropicais, com muito vermelho, samba, e a paixão típica do carioca”, exemplifica seu diretor.

Junto com o desmatamento, o tráfico de aves em nosso país, e em grande parte do planeta, são as principais causas da extinção dessas maravilhas aladas que povoam a Terra. Segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, 35 mil aves são vendidas ilegalmente a cada ano no Brasil. Sendo que a maioria vai de avião para países estrangeiros, como se vê na animação. O filme Rio mostra como o tráfico levou a ararinha-azul a ser extinta na natureza.

“Mostramos vários pontos positivos da cidade, mas o filme também precisava abordar os problemas sociais. Para retratar as passagens na favela, por exemplo, um grupo de desenhistas veio ao Brasil por várias vezes. Estudamos cada detalhe das casas e procuramos nos informar sobre a realidade dos moradores”, diz Saldanha..

O ornitólogo, Luís Fábio Silveira/ USP, lamenta que o diretor tenha perdido a oportunidade de transmitir informações corretas sobre a fauna brasileira. Apesar disso, ele se encantou com a animação da fauna, da flora e da geografia brasileiras.

Para a Save (Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil), a mensagem, que o filme traz, suplanta os deslizes científicos. E, em se tratando de uma animação em que os bichos falam, não é imperativo ser fiel à sua distribuição geográfica. A imaginação dá as cartas, uma vez que não se trata de um documentário, o que permite liberdades criativas. Parte da renda do filme deverá ser usada em projetos de conservação e os personagens usados em campanhas educativas.

A trilha sonora tem a participação de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown. Há samba, bossa nova, funk, rock e reggae nacionais. Rio também se destaca por sua trilha sonora, concebida pelo músico Sérgio Mendes, radicado nos EUA. A seleção inclui gravações de Bebel Gilberto (“Samba de Orly”), Carlinhos Brown (“Sapo Cai” e “Let me Take You to Rio”, com Ester Dean) e Will.I.Am (do grupo Black Eyed Peas). O próprio Mendes está entre os selecionados, com “Valsa Carioca” e uma versão de “Mas que Nada”, em que canta ao lado da mulher, Gracinha Leporace.

Não há quem não se apaixone por Blu, a ararinha-azul, brasileirinha da silva, por sua namorada Jade e pelos demais personagens. Feita em 3D, a produção chama a atenção pela qualidade técnica, tanto na reprodução de paisagens da cidade carioca, quanto nos detalhes técnicos na composição dos protagonistas, como a movimentação realista das penas dos pássaros.

O cineasta Carlos Saldanha, 46 anos, deixou o Rio de Janeiro em 1991 para estudar animação nos EUA. Em 1993 ele se juntou à equipe da Blue Sky Studios, onde dirigiu sucessos como a Era do Gelo 2 e 3. Sendo que A Era do Gelo 3 teve a maior bilheteria de 2009 no Brasil. Saldanha é o maior nome brasileiro em Hollywood nos dias de hoje. Mesmo assim, o cineasta diz que o sucesso não modificou a sua rotina.

Prestes a sediar as Olimpíadas de 2016, o Rio de Janeiro tem em Blue um excelente cartão de visitas. A Cidade Maravilhosa agradece. E o Brasil também.

Sinopse:

O filme começa numa floresta próxima à cidade do Rio de Janeiro, quando são vistos pássaros de várias espécies. Um filhote de ararinha-azul não consegue voar e acaba caindo de seu ninho. Em certo momento, várias dessas aves são engaioladas, inclusive a ararinha-azul. São levadas para Minnesota, nos Estados Unidos, durante o inverno, sendo muitas delas abandonadas, inclusive a ararinha-azul, cuja gaiola cai na rua. Uma garota chamada Linda encontra o pássaro e o leva para sua casa, dando-lhe o nome de Blue. Ao longo de vários anos, Linda e Blue crescem e se tornam grandes amigos.

Quinze anos depois, um cientista do Rio de Janeiro, Túlio, entra na livraria e conta para Linda, que Blue é uma ave rara, o último macho de sua espécie. Diz que ela precisa levá-lo ao Rio de Janeiro, onde se encontra a última fêmea, para que se acasalem e preservem a espécie. No início, Linda rejeita a proposta, mas acaba partindo para o Rio de Janeiro.

Blue conhece Jade e se apaixona por ela. Mas o local é invadido por contrabandistas de animais, que sequestram o casal, com o intuito de vendê-lo. Jade e Blue conseguem fugir, mas têm Niguel, o pássaro fiel aos contrabandistas, no encalço. É aí que a aventura começa. O pai de uma família de tucanos tenta ensinar Blue a voar.

Linda e Túlio espalham vários cartazes pela cidade, até conseguir uma pista do casal. Depois de muitas peripécias, descobrem que Blue e Jade serão levados num vôo, mas não conseguem impedir. Durante o voo, Blue consegue libertar várias aves presas, que fogem voando.

E quanto a Blue, conseguirá superar o medo de voar? O casal dará prosseguimento à linhagem? Bem, agora é preciso ver o filme para saber o final.

Nota: Blue significa azul em inglês, que se pronuncia Blu.

Fontes:
Revista Veja/ 4 de abril de 2011
Gazeta Online

2 comentaram em “Filme – RIO

  1. Edward

    LuDias
    O filme se desenhou em cima de uma ave – ararinha azul – já considerado extinta, vivendo, ao que se sabe, em quatro países, em cativeiro. Sempre torci para que esta notícia não fosse verdadeira, mas na época da sua publicação, não chegavam, diziam, a cem animais. Há uma luta – agora com o reforço do filme, que correu o mundo, um esforço maior com a luta para a continuidade dessa ave da caatinga nordestina.

    O mundo – todos nós – precisamos começar a entender a natureza e que tudo faz parte da vida, vida esta que é também humana. O respeito à vida é importante e começa pelo respeito ao ar, à agua, à terra e ao próprio sol (no sentido de termos sua luz e calor dando condições de vida). Deste entendimento, iremos perceber que toda vida existente – seja vegetal, seja animal, é importante para o perfeito equilíbrio que preserva a própria vida em nossa planeta.

    Infelizmente, o ser humano, com toda a sua inteligência, ainda não compreendeu isto tudo e aparece como vilão da história, o grande predador, que aniquila a vida vegetal e animal, esquecendo-se que deles depende para viver.

    Lindo texto.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      Este filme é muito lindo.
      Encontra-se entre os melhores que já vi, abordando tal temática.
      O colorido é esplêndido.
      Ele já se encontra em locadoras.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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