GOLPES – COMO ESTÁ DIFÍCIL SER GENTIL!

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Autoria de Lu Dias Carvalho

peli23

Em tempos idos, uma das boas qualidades a serem ditas sobre alguém é que a pessoa era “gentil”. Esta palavrinha tão modesta no número de letras e de apenas duas sílabas encerrava um mundaréu de preciosidades: nobreza, afabilidade, generosidade, cavalheirismo, delicadeza, graciosidade, cortesia, amabilidade, boa educação, civilidade, atenção, cortesia, sensibilidade, deferência, discrição, polidez, sociabilidade, e por aí vai. Mas longe estão os tempos em que se primava por ser “gentil”. Os tempos de hoje são outros, de modo que “gentileza” passou a significar também “ingenuidade”.

O leitor deve estar achando que eu me levantei de ovo virado e que briguei com o mundo. Nada disso. Sou uma pessoa otimista por natureza, mas sempre movida pela razão. Não há mais como negar que uma parte da humanidade tornou-se tão astuta, ardilosa e dissimulada que obrigou a outra a botar a “gentileza” em fuga, de modo que, mais uma vez na história humana, o mal faz um grande estrago, impedindo a evolução espiritual de nossa espécie. O meu desabafo tem razão de ser. Vou expô-lo.

Nós, brasileiros, somos vistos em todo o mundo como um povo hospitaleiro, alegre e “gentil”. Alegram-me muito tais qualidades, pois isso significa que prezamos a vida e dividimos com os outros a nossa sede por um mundo melhor, centrado na comunhão com todos os povos, uma vez que somos parte de um todo. E dentro de nosso país, nós, mineiros, carregamos com grande honra o elogio de sermos um povo “gentil”. Sem nenhum apego ao bairrismo, digo que é verdade. Se nos pedem uma orientação para um determinado endereço, por pouco não levamos a pessoa ao local de destino. Só para ilustrar o que digo, num dia chuvoso, um meu amigo de outro Estado ficou encabulado ao dar sinal para um táxi, esse parar, e o motorista explicar que não poderia levá-lo, pois já fora chamado pelo telefone. O taxista perguntou-lhe então qual era o seu destino e lhe deu uma carona até onde os caminhos de ambos divergiam. Mesmo o meu amigo querendo dar ao cavalheiro taxista uma gorjeta, pois o cronômetro estava parado, esse não aceitou. Mas, por que não podemos continuar sendo assim, generosos?

Hoje, recebi de uma amiga o alerta sobre um novo golpe no país. Espertalhões estão colocando uma criança chorando, na rua, carregando um papel com um endereço, como se estivesse perdida, pedindo que a leve ao endereço indicado. Estão também usando idosos como isca. No endereço mostrado estão eles, os bandidos, à espera da alma que fez aquela boa ação. E, como “prêmio” ela é roubada ou sequestrada. Adverte-me a minha boa amiga Esther: “Não ofereça ajuda à criança ou ao idoso, ainda que seja até à esquina seguinte, mas chame a polícia (190), que irá ao encontro dos meliantes.”.

Notícias dão conta de que tal modalidade de assalto tem sua origem na cidade de São Paulo ou na do Rio de Janeiro, e, que vem se espalhando como praga por todo o país. Mas isso não vem ao caso, pois malfeitores estão espalhados por todos os cantos do país e do mundo. O melhor mesmo é se prevenir. Mas, por que fazem isso com a generosidade que há em nós? Por que coagem crianças e idosos, seres tão indefesos? Até quando?

Obrigada, Ester, pelo alerta!

7 comentaram em “GOLPES – COMO ESTÁ DIFÍCIL SER GENTIL!

  1. Mário Mendonça

    LuDias

    A culpa de nosso estresse está na mensagem que recebemos,”sendo redundante”, negativa cotidiana e rotineira.
    Somos resultado de um produto informativo que degrada quaisquer forma positiva de relacionamento ou tratamento. Logo, viramos bestas, dotados de irracionalidade jamais vista na nossa “suposta e pacata sociedade”.
    Por culpa do consumismo neoliberal, acordamos o monstro que hibernava nas profundezas de nosso ser, que será difícil fazê-lo regredir. Quem sabe, o “Pátria Educadora” tenha sucesso em reverter esse sofrimento.
    Não será fácil.

    Abração

    Mário Mendonça

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Você diz:

      “Por culpa do consumismo neoliberal, acordamos o monstro que hibernava nas profundezas de nosso ser, que será difícil fazê-lo regredir.”

      Também penso como você.
      Esse monstro chama-se “estupidez humana”, pois precisamos muito pouco para vivermos.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Pedro Rui

    Onde o humano vai chegar? Pois por este caminho vamos para o abismo; é triste já não podermos ser gentis. Eu sou gentil por natureza. Se eu visse uma criança ou um idoso a precisar de ajuda, correria para os ajudar e caíria na na esparrela.
    É triste, mas tudo que dizes no teu texto é verdade.
    Abraços

    Rui

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui

      Eu sei que você é uma pessoa muito generosa.
      E os generosos correm risco diante de tanta esperteza que vemos mundo afora.
      Por isso, vamos ficando cada vez mais em casa, alheio ao mundo.
      O que é muito triste.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Patricia

    Oi Lu!
    Infelizmente este texto é real. A gentileza anda atrás do medo. Com tanta safadeza e ruindade, a humanidade inverteu os valores e acabamos vítima da situação. Aproximação de alguém na rua para pedir uma simples informação hoje me assusta.
    Onde chegaremos? Estamos nos transformando em robôs, em que os sentimento já não são mais prioridade?

    Confiança, gentileza, amizade são palavras que só encontraremos nos dicionários. Espero que não por muito tempo. Acredito que a humanidade está passando por um momento de mudança, a natureza já mostra isto. Infelizmente, a grande maioria ainda é mendigo, em busca de bens e riquezas materiais, buscam o lado de fora, as migalhas de prazer, aprovação da sociedade, segurança financeira. Levará um tempo para descobrir o tesouro guardado dentro de si que é infinitamente maior do que qualquer coisa oferecida pelo mundo. Este tesouro é o Ser, a busca pela essência. Percebermos a cada momento e estarmos presentes e conscientes isto é um estado de liberdade, uma evolução espiritual. Muito caminho ainda a de ser percorrido. A ruptura com o antigo requer trabalho, muita persistência, e infelizmente esta mudança será inevitável, somente para os consciente, aos demais caberá a seleção natural.

    Um grande abraço

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Estamos caminhando para isso em todo o mundo. O capitalismo exacerbado, a busca por poder e muito dinheiro, as drogas ilícitas, tudo isso vem jogando a humanidade numa teia de horror, corroendo a nossa capacidade de amar e ser compassivos. Os piores mendigos são esses que vivem em busca de poder e riqueza.

      Obrigada por esse comentário tão humano e ao mesmo tempo tão real.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  4. Edward Chaddad

    LuDias

    Atribuo tudo isto a queda dos valores humanos. Hoje impera o materialismo, acima de tudo. E junto com ele a ignorância. Fazem um belo casal, que está se instalando no espírito do ser humano e, que, cada vez mais está nos afastando de nossos destinos mais nobres e, que poderia nos conduzir a uma vida mais feliz e digna.

    Conheci uma pessoa que era amigo – assim o considerava. Hoje, passa ao meu lado e nem sequer lança um olhar. Ficou milionário. Seus hábitos são totalmente diferentes dos nossos. Sequer se lembra de sua família. Faz de conta que seu irmão não é pobre e não está precisando de seu auxílio. Pousa ao lado de pessoas de grande importância no país – pelo menos julgamos serem importantes – mas ignora o próximo, como se ele fosse um animal a seu serviço. Cultura? Depende. Se for lá dos nossos irmãos do Norte ou europeus – então é uma maravilha. Se forem nordestinos, sai debaixo. Fala deles como se fossem inferiores – cultura pobre e desprezível. E mesmo da cultura paulista, ou mineira, ou carioca, ele caçoa.Tem um complexo de vira lata que salta aos olhos. Rico – com direito a tudo – infelizmente sem nenhuma cultura e compreensão do belo, das artes, enfim desprovido de valores humanos. Fruto do materialismo e da ignorância que são suas “virtudes” mais importantes.

    O pior é que muitos estão embarcando nesta de meu amigo. Mesmo aqueles que pouco tem, começam a desprezar pessoas pela sua origem, pela suas condições pessoais – máxime de pobreza – sem buscar nelas os principais valores, que você menciona com extraordinária visão: “nobreza, afabilidade, generosidade, cavalheirismo, delicadeza, graciosidade, cortesia, amabilidade, boa educação, civilidade, atenção, cortesia, sensibilidade, deferência, discrição, polidez, sociabilidade”.

    É uma pena. Sonhei quando jovem que o mundo seria melhor do que aquele que encontrei e percebi existir. Hoje, a saudade daquele mundo que deixei, há muitas décadas – que pouco dele existe – é muito grande.

    Excelente artigo.

    Abraços

    Responder

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