Grünewald – O RETÁBULO DE ISENHEIM

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Autoria de Lu Dias Carvalhocruz1234

Esta obra figura num seleto grupo de realizações criativas nas artes, cujo impacto e inspiração a elevam a um nível especial de distinção. (David Gariff)

O Retábulo de Isenheim, de Grünewald, foi pintado para os moribundos. (Dr, Jeffrey C. Smith, historiador de arte)

 E quando chegou a sexta hora, houve escuridão sobre toda a terra até a nona hora. (Marcos, 15:33)

O Retábulo de Isenheim, a mais famosa obra do pintor alemão Matthias Grünewald, é uma obra gigantesca, composta por nove painéis, que se encaixam e cobrem o altar. Foi encomendado para ornamentar o altar-mor da igreja do monastério do hospital de Santo Antônio, situada próxima à cidade de Isenheim, na Alsácia. Na sua primeira parte,  apresenta São Sebastião (era invocado como protetor contra a peste) e Santo Antônio (padroeiro da ordem religiosa que dirigia o hospital e mosteiro) nas laterais, a crucificação está no centro e Cristo morto, embaixo.

Os monges do mosteiro cuidavam dos doentes com peste e doenças de pele, como o ergotismo. E o quadro de Grünewald, cuja obra e tema foram direcionados para os doentes, tinha como objetivo conformá-los, mostrando-lhes o corpo de Jesus, também consumido por feridas. Pensavam que ao verem o corpo de Cristo cheio de ulcerações e retorcido pela dor, os enfermos seriam consolados, pois assim como Jesus, que ressuscitou, eles também ganhariam uma nova vida.

O painel central do retábulo mostra os horrores pelos quais Jesus passou, ao ser crucificado. Trata-se de uma cena lancinante, jamais mostrada por um artista, antes ou depois de Grünewald. Cristo agonizante, desfigurado, com seu corpo torturado e a cabeça pendente, está ladeado por Maria, sua mãe, Maria Madalena, São João Evangelista, São João Batista e um cordeirinho.

O mártir traz na cabeça a coroa de espinhos, cujas garras rasgam a sua pele, numa indescritível tortura . Sua pele é de uma palidez quase cinza, contrastando com o sangue vermelho que jorra das feridas. Seus músculos e tendões estão entesados, como se estivessem deslocados, e os dedos rígidos. Os pés estão quebrados. Suas mãos, pregadas na madeira com grossos pregos, crispam em agonia, exprimindo a sua profunda dor física e anseio espiritual. Há uma ligeira curvatura nos braços da cruz, que passa a impressão de que se deu em razão do corpo decaído de Jesus.

Uma placa com inscrição latina identifica o personagem que se encontra na cruz. Como Jesus não tinha crime algum, escreveram INRI que significa: “Jesus de Nazaré, o rei dos judeus

Maria, com trajes brancos de viúva, é amparada por  São João Evangelista, a quem Jesus pediu para cuidar de sua mãe. Apesar de seu intenso sofrimento, ela parece aceitar a doação de seu filho amado à humanidade. O santo tem a sua cabeça  semelhante a de Cristo. Ambos estão com a boca entreaberta e a cabeça baixa e pendida para a direita.

Maria Madalena, ajoelhada diante da cruz, tem as mãos contorcidas e os dedos levantados, em atitude de súplica, numa grande semelhança com os dedos de Cristo. Está revoltada com que fizeram a Jesus. À frente dela está um pequeno pote de unguento para passar no corpo torturado do Mestre.

São João Batista está de pé, à esquerda de Jesus crucificado. Ele tem na mão esquerda o livro das Escrituras, que se cumprirão com a morte do Salvador. E com a direita aponta para Jesus com um gesto firme e imperativo. O santo diz (texto acima de seu braço direito): “Convém que Ele cresça e que eu diminua” (Evangelho de S. João, III, 30)

Um cordeirinho, entre Cristo e o santo, carrega uma pequenina cruz, e derrama seu sangue dentro do Cálice da Comunhão. Ele simboliza o Cristo que é sacrificado para salvar a humanidade, o Cordeiro de Deus, imolado pelos pecados do homem.

A paisagem noturna reforça o sofrimento dos personagens, aliando-se à força expressiva das atitudes e gestos, e a força penetrante da cor e dos contrastes cromáticos. O painel é único, segundo a avaliação dos mais renomados críticos de arte. As figuras diferem em tamanho, variando de acordo com a importância de cada uma na composição.

O Retábulo de Isenheim tem três faces. A primeira apresenta a Crucificação, estando Cristo ladeado por Santo Antônio e São Sebastião e abaixo  mostra o sepultamento de Cristo. Os painéis eram deixados abertos de acordo com o ano litúrgico.

Ficha técnica:
Data: 152 – 1516
Técnica: têmpera e óleo sobre tábua
Dimensões: 269  x 307 cm
Localização: Museu de Unterlinden de Colmar, Alsácia, França

Curiosidades:

  • Retábulo é uma construção de madeira, de mármore, ou de outro material, com lavores, que fica por trás e/ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em baixo-relevo.
  • Os retábulos eram, em geral, obras criadas com muitas cenas e o ponto principal de devoção, em locais de culto espiritual.

Fontes de pesquisa:
A história da arte/ E.H. Gombrich
Os pintores mais influentes…/ Girassol
501 grandes artistas/ Sextante
Renascimento/ Taschen
Arte em detalhes/ Publifolha
Arte/ Publifolha

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