Guignard – SEU ENCANTO POR OURO PRETO

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Autoria do Prof. Pierre Santos

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Guignard, quando esteve em Ouro Preto pela primeira vez, ficou embasbacado. Isso foi em 1942. Ele havia ganhado o Prêmio do Salão Nacional, no Rio de Janeiro, e veio conhecer Minas. Foi o poeta Manuel Bandeira que o aconselhou: “Vá pra Minas que tem tudo a ver com você.” Mário Silésio conta que eles chegaram à noite em Ouro Preto, após o dia inteiro de viagem. Guignard, cansado, não quis ver nada e foi dormir. No dia seguinte, acordou cedo e não sabia dizer uma palavra, maravilhado com o que via. Então exclamou: “É isso que eu procurei a vida inteira. Eu quero viver é aqui.”.

Muitos anos se passaram e foi nessa época turbulenta que Guignard mudou-se para Ouro Preto. A situação dele não era boa. Hélio Hermeto e Abílio Machado me procuraram para organizarmos a Fundação Guignard, em que assumi a secretaria, sob a presidência de Milton Campos. Pedro Aleixo emprestou sua casa, no bairro de Antônio Dias, para Guignard, que não tinha um tostão, morar até a Fundação adquirir um imóvel próprio. Quando faleceu, ele deixou uma conta bancária, que também havia recebido significativa contribuição da Fundação. Nós conseguimos doação de muito dinheiro, de várias firmas, do Estado, do Governo. Foi com esse dinheiro que foi adquirida a casa da Rua Conselheiro Quintiliano, em Ouro Preto.

Já se falava na criação de um Museu Guignard. Sim, ele participava e dizia: “Ah, uma salinha qualquer em algum museu está ótimo.” Ele se deixava levar. O que queria era apenas viver a poesia da sua pintura e nada mais. Era a única coisa que o interessava, era o seu objetivo. Vivia artisticamente, era um anjo andando nas ruas. E como tal foi embora.

Quando Guignard faleceu, apareceram alguns parentes e ganharam na justiça o direito de herança, quadros, imóvel, enfim, tudo o que a Fundação Guignard estaria organizando para um futuro memorial do artista. Não se pensou em um contrato que garantisse a ela o direito a esses bens. Às vezes eu me pergunto se a Fundação existiu. Houve o registro no cartório, o que lhe conferia caráter jurídico. Pessoas importantes do meio intelectual e artístico estiveram reunidas no dia da instalação e posse da Fundação, mas ficou impossível agregá-los posteriormente. As decisões eram tomadas por uma comissão pequena: o Hélio, o Abílio, eu e aqueles mais interessados.

A morte do Guignard não foi uma surpresa. De alguma forma já era esperada. O Santiago foi contra sua mudança para Ouro Preto e tinha razão quando afirmava: “Se ele sair da minha companhia, não vive seis meses”. Viveu um pouco mais, uns oito talvez. O Wilde tomava conta dele e ia a todos os bares da cidade pedir para não lhe venderem bebida. Mas como é que não iam vender um rabinho de galo – cinzano com uma pinguinha – que ele tanto gostava?

Ficha técnica
Artista: Alberto da Veiga Guignard
Obra: Paisagem de Ouro Preto
Ano: 1958
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 42 x 50 cm
Localização: não encontrada

2 comentaram em “Guignard – SEU ENCANTO POR OURO PRETO

    1. LuDiasBH Autor do post

      Maria

      Sou eu quem não mais encontra você, que me abandonou há muito tempo. Continuo aqui no blog, todos os dias, respondendo a a todos os comentários. Não, suma, amiguinha! Conserte o seu e-mail, pois ele está incorreto.

      Beijos,

      Lu

      Responder

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