ÍNDIA – A CULTURA DO DOTE

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

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A vela do pai que tem filhas queima a noite toda. (Provérbio)

 Dentre os países, em que os pais ainda se utilizam do “dote” para casar suas filhas, encontra-se a Índia, apesar de este costume ter sido abolido em 1961. Mas como acontece em todos os países em que a Justiça é fraca, para não dizer corruptível, as leis costumam ficar apenas no papel, num eterno faz de conta. Em razão disso, pesquisas mostram que mais de 80% das dívidas contraídas pelas famílias indianas dizem respeito a esse perverso “dote”, o que tem gerado graves pendências e inimizades, que muitas vezes acabam em mortes ou na devolução da filha já casada, ainda que com filhos. Para muitas pessoas de outras culturas é difícil compreender como se desenrola esse “comércio matrimonial”, uma vez que existe o “dote” e também “o preço da noiva”.  Saibam, portanto, que as duas ações são simultâneas, como se se tratassem da venda de uma propriedade, onde as duas partes devem sair plenamente satisfeitas. Muitos casamentos são tratados quando os nubentes ainda são crianças.

A família da noiva faz um pagamento oficial, que pode ser em dinheiro, gado, joias ou qualquer outro bem valioso, à família do noivo, para confirmar o casamento.  Por sua vez, a família do noivo “presenteia” a família da futura esposa, não como pagamento, mas como forma de garantir certos direitos sobre o novo membro da família. Nesse tipo de acordo, ainda que velado, estão inclusas duas normas importantes: a família da moça não mais exercerá qualquer controle sobre ela, fazendo valer o provérbio coreano que reza que “A jovem que se casa perde o parentesco”, e seus filhos estarão ligados aos laços paternos. Tal acordo tem por finalidade reduzir o risco de divórcio, por parte da mulher, e ampliar a indenização, caso ela cometa adultério. Ou seja, de qualquer forma os bens do casal acabam ficando para o marido e sua família de sangue.

O “dote” tem contribuído para que o desprezo pelo nascimento de meninas seja uma constante nas sociedades em que existem tais transações matrimoniais. Não é à toa que certo provérbio apregoa que “A vela do pai que tem filhas queima a noite toda”, aludindo à sua preocupação. Para casar suas filhas, uma família pobre ou remediada, tem que fazer pesados sacrifícios, muitas vezes contraindo empréstimos que jamais poderá pagar. Além dessa tradição totalmente estranha para nós ocidentais, e que só leva em conta a transação comercial, sem nenhum espaço para o amor ou a escolha própria, ainda existe a festa de casamento, que jamais pode faltar. Isso acaba onerando ainda mais a família da jovem esposa. E se há muitas filhas, o problema torna-se insolúvel, na maioria das vezes, arrastando a família para o desastre financeiro. Em razão do “dote” a desconsideração pelas filhas é tão grande que um provérbio árabe diz: “Antes dois escorpiões em casa do que duas filhas”, e um turco reza: “Quem tem filhas envelhece rápido”. Não se esquecendo de que a virgindade é sempre exigida da mulher.

O sistema do “dote” só faz aumentar a predileção pelos filhos homens. Mesmo na morte, é possível notar a diferença entre se ter meninos ou meninas. A morte de uma filha funciona como um tipo de alívio para sua família, enquanto a de um menino significa dias e dias de choro e lamentações. Assim se expressa um provérbio libanês: “A morte de uma jovem é bem-vinda, ainda que seja núbil”. A preocupação com os bens materiais é tamanha que, em certas culturas, o casamento é combinado dentro da própria família, entre primos, de modo que o patrimônio não caia em mãos estranhas. Tanto é que um provérbio tunisiano proclama: “A filha de um tio materno não custa nenhum dinheiro”, ou seja, tudo fica em casa.

As culturas do “dote” e da “compra da mulher”, apesar das críticas recebidas, ainda prosperam em vários pontos do planeta. Quando se fala sobre o “dote” está se referindo à compra, por parte dos pais, de um marido para a filha. Tal procedimento é mais comum na Ásia, onde se encontra a Índia, e em algumas regiões africanas. Já a “compra da mulher” é um costume essencialmente africano, em que o dinheiro recebido, através da venda da filha, permite que os filhos comprem mulheres para si. Nas culturas em que acontece a “compra da mulher”, essas gozam de maior estima, ao contrário daquelas que fazem uso do “dote”, pois, se os pais não cumprirem o prometido, a filha pode ser devolvida mesmo depois de anos de casada, o que se torna uma desonra para ela e toda a família.

Nota: imagem copiada de Te interesa

 Fonte de pesquisa
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper

2 comentaram em “ÍNDIA – A CULTURA DO DOTE

  1. Silvia

    Lu
    É impressionante como isso ainda possa existir em tempos de avanços em tantas áreas. Mas vindo de um país onde impera o machismo, eles vão tentar perpetuar essa vantagem. Fico estarrecida como ainda podem existir culturas tão abomináveis. E isso não é culpa da pouca educação e pouca instrução, é a tolice de se querer perpetuar tradições tão pérfidas. A lei ali se dá de forma bem truculenta, é realmente lamentável que isso ainda exista.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Sílvia

      O mais estarrecedor é ver como muitas mulheres brasileiras (adolescentes e maduras) vêm caindo no mito do “príncipe indiano”. Elas são pescadas virtualmente, ficam “apaixonadas”, dão presentes dos mais variados tipos, inclusive dinheiro, fazem sexo virtual, mandam fotos nuas, ficam noivas (mesmo sabendo que eles só casam com virgens)… Até que o príncipe-sapo deleta-as de seus contatos. E pior, com tanta informação sobre os piratas da internet. Mas elas preferem não acreditar em nada, mas apenas no AMOR.

      Amiguinha, você tem toda a razão ao ficar estarrecida com tais fatos. Agradeço sua visita e comentário.

      Abraços,

      Lu

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