Ingres – O BANHO TURCO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O erotismo deste quadro é de um tipo particularmente complexo. Em primeiro lugar é uma variante do tema do mercado de escravas e do harém. Estas mulheres são animais arrebanhados e preparados para o prazer do macho, a quem de modo algum podem recusar satisfação. Em segundo lugar, o quadro é fortemente voyeurístico. Nós estamos olhando uma cena normalmente proibida ao olhar masculino. Em terceiro lugar, há um aspecto de afetação homossexual em algumas das poses, principalmente no grupo do primeiro plano, em que a mulher da direita toca os seios de sua companheira ao lado. (Lucie-Smith)

O Banho Turco é uma das pinturas mais conhecidas de Ingres que, embora se considerasse um neoclássico, era também chegado aos temas exóticos. À época, o orientalismo estava na moda na França em razão das guerras napoleônicas no Oriente. Esta composição mostra a vida das mulheres, que vivem apenas para a beleza e o prazer masculino, num harém oriental. Pode ser considerada a mais bela das obras-primas do artista.

Ingres jamais presenciou uma cena semelhante, pois nunca visitou o Oriente. Também não usou modelos vivos para pintar O Banho Turco, tela extremamente sensual, mas aproveitou uma série de croquis e desenhos realizados, quando pintava outros nus, ao longo de sua carreira. Estão na cena cerca de duas dúzias de figuras femininas, nas mais diferentes poses, sobre suntuosos tapetes e almofadas coloridas. Como já vimos em outras composições, o pintor adorava retratar mulheres nuas, sendo dito que ele gostava do erotismo de voyeur, embora se mostrasse moralista. Observe o leitor que a figura central é a mesma usada em A Banhista de Valpinçon, assim como A Grande Odalisca.

Segundo alguns estudiosos de Ingres, para pintar este quadro, em que aplicou o estilo de pintura redonda, também conhecido como “tondo”, ele se baseou em descrições sobre os banhos no harém do sultão Maomé II e nas Cartas do Oriente, de Lady Montagu, aristocrata e escritora inglesa. Ela assim se expressou em uma de suas cartas: “Havia 200 mulheres… Os sofás estavam cobertos de almofadas e ricos tapetes, nos quais estavam sentadas as senhoras, completamente nuas… E, no entanto, não havia o menor sorriso libertino ou gestos licenciosos entre elas.” Ingres não via nas mulheres a lascívia, mas beleza e inocência. O formato redondo evoca o ideal renascentista.

Embora mostre mulheres nuas, a tela de Ingres, em que cada figura foi detalhadamente estudada, não causou nenhuma comoção, como foi o caso de Olímpia, de Edouard Manet, também presente neste blog, que seria exposta no ano seguinte. Contudo, muitos críticos fazem uma análise mais forte desta composição, alegando que há nela dois aspectos marcantes: voyeurismo e lesbianismo.

Quando fez este quadro, Ingres estava com 82 anos de idade, embora mantivesse aceso o fogo de um homem de 30 anos, como gostava de dizer. Aqui, ele retoma um tema do início de sua carreira, banhistas e odaliscas.

Obs: Segundo alguns historiadores, é provável que esta obra tenha pertencido ao Príncipe Napoleão, mas sua esposa achou-a imoral, e colocaram outra em seu lugar. Ingres acabou recuperando a obra  e mudou seu formato para a forma circular, como se encontra hoje. Além disso, também fez transformações nas figuras que se encontram nas extremidades.

Ficha técnica
Ano: 1863
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 108 cm de diâmetro
Localização: Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
Romantismo/ Editora Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

16 comentaram em “Ingres – O BANHO TURCO

  1. Pedro Rui

    A gordura era formosura naquela altura, exposição do corpo hoje em dia é normal e mesmo o lesbianismo.
    No meio de tanta mulher só se vê duas negras, possivelmente escravas.
    Abraços
    Rui Sofia

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui

      É verdade, a gordura fazia parte da beleza da mulher.
      Os homens achavam que as mulheres gorduchas dariam mais filhos a eles, pois nada entendiam de biologia.
      O lesbianismo vem desde a Grécia antiga.
      Preste atenção, são três escravas negras.
      A terceira está na porta, com um turbante vermelho (pode ser um eunuco, também)

      Abraços,

      Lu

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  2. Julmar Moreira Barbosa

    O lesbianismo é um forma de vingança contra o machismo dominante no decorrer da história, vejam por exemplo no Brasil,enquanto os senhores feudais se compraziam com a maravilhosas negras escravas, as senhoras trocavam carícias entre si, inclusive com beijos na boca e sexo oral.
    Também é sabido que as mulheres com excesso de fofura são extremamente carinhosas… RSRSRSRS.
    A tela sugere sim o voyeurismo .
    Um abraço! Fique em paz!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ju

      Você tem toda a razão.
      Ainda mais porque o macho não dava conta de tamanho batalhão de mulheres.
      Restava às damas divertirem-se, também.
      Nada mais do que natural.
      Não sabia de tais informações.
      Se tiver um livro sobre o assunto, dê-me o nome e editora, pois gosto dessas coisas inusitadas.
      As gordinhas, você quer dizer… são carinhosas… risos.

      Grande abraço,

      Lu

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Mário

      Não sabia que era tão conservador!
      Pelo menos é bem mais bonito do que O Grande Masturbador, de Dalí… risos.

      Abraços,

      Lu

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  3. Matê

    Hoje a exposição do corpo não causa nenhum espanto. Vemos o fio dental nas praias, nos desfiles carnavalescos. A publicidade usa e abusa do nu. Está aí a campanha da Arezzo, que mostra Fernanda Lima nua, usando os últimos lançamentos de calçados…
    Abraço
    Matê

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Matê

      Imagine como ficarão os homens de certas culturas ao deparem com as praias brasileiras?
      Abraços,

      Lu

      Responder
  4. Glória Drummond

    Imaginação de um velho pintor… Odaliscas muito alvas, celulíticas… Lesbianismo? Foi sempre um componente dos haréns. Uma forma dessas super nutridas mulheres resolverem seus problemas, num local de castrados, eunucos. A abundância de mulheres e de carnes estava fora do domínio de um sultão ou califa que mal dava conta da “favorita”. Quanto mais angelicais, as gorduchas, que lembram Botero, Rubens, etc., maior o fogo. Fico a imaginar como essas gorduchas, branquinhas, prato feito para os amantes da fartura de carnes, massageadas, perfumadas, sem nada a fazer, lidaram com locais de fofocas, desejos ciumeiras, como o harém proibido para o olhar de qualquer homem, principalmente europeus.

    Ingres tinha mesmo muita lascívia, luxúria, imaginação… E domínio dos pincéis, no fundo um símbolo fálico de cócegas, carícias…

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Glória

      Você é ótima!
      O seu comentário me faz dar boas risadas, imaginando o cenário criado por você.
      Não deve ser fácil mesmo, este monte de mulheres desocupadas, só tagarelando, curtindo intrigas.
      Normalmente o velho macho, com seu harém, queria mostrar a sua força sexual, ainda que já combalida… risos.
      Enquanto isso, as meninas divertiam-se. Mais do que normal.

      Beijos,

      Lu

      Responder
  5. GERALDO MAGELA CORDEIRO

    CARA LU,

    Enquanto a humanidade sofrer deste preconceito de moralismo no sexo, sofreremos sempre deste estigma do pecado, da transgressão, do proibido.

    Os índios sempre conviveram com a nudez dando um excelente exemplo de união com a natureza, tendo o sexo como uma atividade fisiológica, uma necessidade natural e destinado ao AMOR E AO PRAZER, e também a continuidade das gerações.
    Quer coisa mais linda do que o sexo procriador ? As crianças são bençãos de Deus e não se pode rotular o sexo de impuro, de coisa suja, porque a gravidez e o nascimento de qualquer ser vivo deve ser comemorado como uma obra de Deus, o homem tomando o lugar do criador.
    Abraços

    Geraldo Magela

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Magela

      Já pensou quanto economia faríamos, se ainda andássemos nus?
      Sem preocupação com estação, moda e o bolso.
      Como haveriam desempregados… risos
      E quanto mais vestida, mais pecaminosa é a humanidade.

      Abraços,

      Lu

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  6. Paulo Afonso

    Digitar no smartphone é terrível. Vou repetir.

    Embora essas mulheres não sejam do meu tipo preferido, pois prefiro as mais magras e curvilíneas, aprecio arte e mulheres. Então, obra aprovada.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Paulo

      Essas são bem gordinhas, com barriguinha e tudo… risos.
      E que venham mais arte e mulheres!
      Bom sentir você por aqui.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  7. Cristine Martin

    Dois pontos curiosos sobre o quadro: as mulheres são rechonchudas (o que era o padrão na época) e branquinhas (o que é estranho e incomum num harém oriental!). Mas é uma bela composição. 🙂
    Abraços!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Cris

      Os donos do harém mandavam buscar mulheres em todos os lugares.
      Mas é realmente indagador o fato de serem todas branquinhas, excetuando três figuras que ali estão como escravas para servir as “branquinhas”.
      Penso que o Ingres exagerou nessa… risos.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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