INST. MUSICAIS E ESTADO D’ALMA

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre as maravilhas da música.

Os instrumentos musicais causam efeitos específicos no ser humano e, por isso mesmo, segundo conclusões de Arosta: os melancólicos e linfáticos deveriam escutar solos de violino; os nervosos se beneficiariam com solo de contrabaixo ou de clarineta; a harpa seria indicada nos casos de histeria; os maníacos de perseguição se beneficiariam com a trompa; a flauta consolaria os apaixonados incorrespondidos; os excitados encontrariam calma com o violoncelo, os neurastênicos seriam estimulados pelo contrabaixo e o piano ajudaria a extravasão psíquica.

Mitcheli e Zanger, médicos londrinos, acham que os diferentes estilos também atuam de modo específico. Utilizando-nos de suas conclusões é que fazemos as sugestões seguintes: Escute o estilo clássico, a fim de enriquecer-se da sensação de segurança. Se pretende libertação emocional, escute peças românticas. O estilo impressionista, embora não tendo valor terapêutico nitidamente específico, estimula o interesse dos mais apáticos. A música contemporânea é irritante, mas consegue evadir o esquizofrênico de seu autismo, de seu isolamento, fazendo-o cair de dentro de si.

Você pode se utilizar do valor terapêutico da música:
a)compondo-a;
b) executando-a;
c) cantando-a;
d) ouvindo-a.

Quanto ao primeiro caso, deixo de comentar, pois se trata de algo muito especial e privilégio de poucos. Um instrumento musical tocado por nós mesmos, seja um pandeiro, uma guitarra, uma gaita de boca, seja um piano, violino ou harpa e, na pior das hipóteses, mesmo um assobio, é algo que nos alegra e nos faz esquecer, por um momento, alguma vicissitude, portanto, nos retempera, refresca e areja. Quando é o caso de um verdadeiro instrumentista, as horas de estudo se comparam em intensidade e concentração espiritual a uma eucaristia. No final não importa se o instrumento é um órgão e a obra é de Bach ou se é um simples cavaquinho nas mãos de um trabalhador tocando música popular junto à fogueira. O efeito da expressão musical de seu estado d’alma é o que importa. Se puser amor na execução, está fazendo musicoterapia.

Para efeitos terapêuticos, a melhor forma de escutar música é sentar-se em recolhimento, comodamente, fechar os olhos, aquietar-se, afrouxar o corpo e entregar-se à música. Se conseguir manter atenção ininterrupta, melhor. Isto nem todos conseguem. O que você deve evitar é fatigar-se lutando por concentrar-se. Pode deixar sua mente vagar. De quando em quando, sem luta, volte à música. Música faz bem até quando você presta atenção a outra coisa. Suas vibrações, de qualquer maneira, estão influenciando seu mundo interior e até mesmo o tom vibratório de suas células. Sempre que puder ouvir música suave e calmante, prefira-a à rítmica e agitada. Se por qualquer circunstância se sentir aborrecido e mentalmente fatigado, vá para sua música.

Alguns me perguntam se eu associo música às aulas de Yoga. A resposta é “não”. Principalmente nos exercícios de meditação e no relax procuro não depender de música, a fim de escutar o mundo interior que é também sonoro. Refiro-me ao som nada, provindo de vibrações de níveis universais muito quintessenciados. Ao fazer Yoga, procuro silêncio. Mas em todas as minhas classes, os alunos e eu cantamos a sílaba OM que, misticamente entendida, é o som fundamental do universo e o símbolo sonoro do Absoluto, enquanto que, para quem entende de eletrônica, é um “som branco”, isto é, de baixa frequência e consequentemente calmante. É induzente à vida interior.

Resta-me sugerir um excelente calmante para os nervos que são as vozes da natureza. Os pássaros, livres nas matas, cantando; o balido de ovelhas; o mugido das vacas; o vento soprando nas árvores; as ondas batendo na praia; o pio de uma gaivota vagabunda; as clarinadas dos galos dentro da madrugada; a disritmia sedativa dos chocalhos no pasto; a cantiga do regato nas pedras da encosta; finalmente toda uma sinfonia gostosa, calmante, enlanguecedora, pode ser buscada para serenar os nervos, numa forma de musicoterapia que existiu desde os primórdios da criação. Se não fosse por outros motivos, os fins de semana no campo se justificariam somente por esta musicoterapia propiciada pela natureza.

Aos que não têm casa de campo e, portanto, estão impossibilitados de aproveitar os valores terapêuticos das manifestações sonoras dos lugares aonde os ruídos industriais ainda não chegaram, o recurso é a excelente prática sedativa e quase hipnótica do nispandha bhava (ver pág. 327 do meu livro). Aos que não têm como se defender da ação arrasadora das músicas selvagens dos moços, assim como de toda a cacofonia dos ruídos de uma grande cidade e mesmo das vozes irritantes de pessoas com quem vivem, o Yoga ensina a prática de tapas (pág. 171) e lembre-se: a) “receba as coisas como lhe vêm”; b) “tudo é necessário”.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: Melodia sem Fim, obra de Leonid Afremov

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