JOSÉ MOJICA MARINS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Mojica                        Diretor de À Meia-noite Levarei Sua Alma e Despertar da Besta

Vi que em todo filme de terror, a mulherada jogava-se nos braços dos homens. E isso me animou a fazer filme de terror. (José Mojica Marins)

Eu aprendi a fazer cinema, fazendo. O que fiz foi explorar nossas superstições. (José Mojica Marins)

Quem nunca ouviu falar de À Meia-Noite Levarei Sua Alma ou Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver ou ainda do Despertar da Besta?

O paulistano José Mojica Marins é um dos gênios da sétima arte nacional, onde exerce várias funções: cineasta, ator, roteirista e diretor, assim como foram seus colegas de profissão, Oscarito e Mazzaropi, em tempos idos. É respeitado tanto no Brasil quanto no exterior, recebendo de diversos países convites como palestrante e homenagens.

O nosso Zé do Caixão já nasceu no meio artístico, como se aquilo fosse o prenúncio de sua carreira. Seus pais eram artistas circenses, sendo o pai toureiro e a mãe dançarina de tango. Quando tinha 3 anos de idade, seu pai tornou-se gerente de cinema e levou a família para morar no fundo de um. O pequeno José Mojica Marins ficava maravilhado, ao assistir aos filmes na sala de projeção. Também brincava de teatro de bonecos e montava peças feitas de papelão e tecido.

Aos 8 anos de idade, o menino Mojica preferiu uma câmara de 16 milímetros a uma bicicleta, o que já delineava a sua opção pela carreira cinematográfica. Sua primeira fita baseou-se nos quadrinhos, tinha fascinação pelo Mandrake, criando A Mágica do Macho.

Embora tenha trabalhado com os mais diferentes gêneros: drama, faroeste, aventura e pornochanchada (que fazia por dinheiro, mas não gostava), José Mojica Marins tornou-se conhecido como diretor de filmes de terror. É tido como um dos inspiradores do movimento marginal do cinema, ao fazer seus filmes à margem dos estúdios de filmagens, despertando para o movimento outros artistas. Como diz ele, “era tudo na base da criatividade”. E, como dizia Glauber Rocha, “era uma ideia na cabeça e uma máquina na mão”. Se lhe davam um roteiro, Mojica lia-o apenas uma vez e ia fazendo o que achava legal, sem nenhum compromisso com o que se encontrava escrito.

Segundo Mojica, o cinema brasileiro regrediu de lá para cá, excetuando alguns poucos trabalhos como Cidade de Deus, Independência ou Morte, Guarani, Iracema, películas que têm a ver com o país. Diz não entender porque não se explorava naquela época o que era nosso, num país cheio de vida.

O cineasta José Mojica Marins foi o primeiro a fazer Cinemascope (certa tecnologia de filmagem e projeção) e a fazer 10 minutos de desenho animado em Meu Destino em Tuas Mãos. Começou a fazer filmes de terror em 1960, fora dos estúdios, dando início ao cinema independente. Seu primeiro filme em Cinemascope foi A Sina do Aventureiro. A princípio, chegou a ser esnobado pelos críticos do cinema nacional, mas, quando seus filmes começaram a ser tidos como cult no circuito internacional, passou a ser visto com outros olhos.

Mojica atribui à ditadura o fato de não ter se tornado riquíssimo com o filme O Despertar da Besta, o seu preferido, que ficou 20 anos detido pela censura dos anos de chumbo. Ele afirma que a arte é o seu mundo, o seu objetivo maior de viver. Trabalha atualmente com cinema, televisão e histórias em quadrinhos. Aos 67 anos de idade, continua vivendo de arte: shows, reprises de seus filmes, festivais de cinema, etc. Será homenageado neste mês, num festival de Cinema no Texas.

O cineasta polivalente diz ter horror ao plágio. Sua criatividade diz respeito às coisas de seu país com muito orgulho: superstições, centro espíritas, macumbas, etc. É isso que tem a ver com ele, como explica. Quando novo, recebeu inúmeros convites para trabalhar nos EUA, França, Inglaterra e outros países. Arrepende-se por não ter aceitado os convites. Hoje, transformou-se num ícone do cinema nacional. É cult.

Há uma grande curiosidade acerca do apelido de Zé do Caixão, personagem popular criado por José Mojica Marins. Ele conta que nasceu de um pesadelo. O personagem Zé do Caixão estreou no filme À Meia-noite Levarei Sua Alma, ganhou popularidade e passou a estar presente em vários filmes do cineasta. Sua explicação:

Certa noite, ao chegar em casa bem cansado, fui jantar. Em seguida, estava meio sonolento, entre dormindo e acordado, e foi aí que tudo aconteceu: vi num sonho um vulto me arrastando para um cemitério. Logo, ele me deixou em frente a uma lápide, lá havia duas datas, a do meu nascimento e a da minha morte. As pessoas em casa ficaram bastante assustadas, chamaram até um pai de santo por achar que eu estava com o diabo no corpo. Acordei aos berros, e naquele momento decidi que faria um filme diferente de tudo que já havia realizado. Estava nascendo naquele momento o personagem que se tornaria uma lenda: Zé do Caixão. O personagem começava a tomar forma na minha mente e na minha vida. O cemitério me deu o nome; completavam a indumentária do Zé a capa preta da macumba e a cartola, que era o símbolo de uma marca de cigarros clássicos. Ele seria um agente funerário.

Completa este ano 50 anos de Zé do Caixão. Outra curiosidade é que ele é dublado em muitos de seus filmes, em razão dos problemas apresentados pelo cinema nacional na época.

Sua obra:
33 longas-metragens
4 médias-metragens
20 (cerca de) curtas-metragens

Maldito – nome do livro escrito pelo jornalista André Barcinski baseado na vida de José Mojica Marins.

Projeto: fazer uma série para a televisão e cinema, baseando-se no livro Maldito.

Televisão: possui um programa de terror no Canal Brasil chamado O Estranho Mundo de Zé do Caixão.

Explicação de Mojica para o sucesso do filme A Sina do Aventureiro:

Para fazer sucesso, eu usei um estratagema, porque já era difícil você entrar uma semana, e ficar três semanas em cartaz num cinema era mais difícil ainda. O que eu fiz? Eu pegava os meus alunos, numa época em que os cinemas tinham fila, e dividia um grupo de alunos numa fila, outro grupo em outra e mais outra. Todos eram atores, né? Então ficavam todos no meio da fila e diziam: “Pô, a gente perdendo tempo nessa fila, e passando uma fita tão boa no Cine Coral!”. Com isso, eles saíam de lá e levavam o pessoal da fila. E ia todo mundo para o Cine Coral. A fita foi muito bem nas capitais. Estourou em Salvador, em Porto Alegre. Porque ela tem uma miscelânea de Nordeste, de roupa nordestina com roupa gaúcha, com roupa americana. Eu misturo tudo, tem uma miscelânea. No final, tem uma curiosidade: a fita realmente agradou, só não agradou aos padres. Aí eu tive uma desavença com os padres que me acompanharia a vida toda.

Fontes de pesquisa:
Vox Objetiva
Canal Brasil
Wikipédia

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