Klimt – O FRISO DE BEETHOVEN

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada O Friso de Beethoven é uma obra do modernista austríaco Gustav Klimt, tendo sido pintada diretamente sobre as paredes, com o uso de materiais leves, para ser apresentada na 14ª Secessão de Viena, Áustria, por ocasião de uma homenagem feita ao compositor Ludwig van Beethoven, da qual participavam 21 artistas. A peça central da exposição era uma escultura dedicada a Beethoven, feita por Max Klinger, que ocupava o centro da mostra. Nela, o gênio da música era visto como Zeus (Júpiter) o todo poderoso deus do Olimpo. Em uma das salas da exposição, Klimt apresentou sua obra, que ocupou três paredes. Ela foi inspirada na interpretação que o compositor Richard Wagner fez da “9ª Sinfonia de Beethoven”, em que se celebra o anseio da humanidade na busca pela felicidade.

O Friso de Beethoven trata-se de uma pintura alegórica, que versa sobre a busca da felicidade em meio a um mundo de tanta atribulação, tendo a humanidade que conviver não apenas com o mal à sua volta, mas também com as mazelas que se encontram dentro de si, ou seja, com suas próprias fraquezas. Ao final, depois de passar por tanto sofrimento, a humanidade encontra a arte, a única capaz de levá-la para um reino ideal, onde se encontram a alegria verdadeira, a felicidade e o amor puro. A obra de Gustav Klimt é dividida em três painéis:

• A Aspiração à Felicidade
• As Forças Inimigas
• Alegria, Nobre Centelha Divina

Análise do painel sobre “As Forças Inimigas” (pintura ilustrativa)

Trata-se do mais complexo e colorido dos painéis. Tifeu, o gigante, é a figura principal. Aqui está representado na forma de um gigantesco macaco – que simboliza a depravação lúbrica. Também é uma referência às teorias de Darwin. O símio, com a boca aberta, deixa à vista a falta de alguns dentes. Seus olhos brancos ocupam a parte superior da testa, e miram o observador, com raiva. Ele possui asas colossais e gigantescas pernas, formadas por um amontoado de cobras, que se estendem à sua esquerda.

As Górgonas, filhas de Tifeu, estão à direita da figura bizarra. Embora, à primeira vista, elas pareçam belas figuras, com seus corpos nus, um olhar mais agudo revela a maldade que trazem em si. Seus olhos enviesados denotam crueldade, assim como as serpentes douradas deslizando sobre seus cabelos negros e longos. Elas simbolizam a luxúria, o despudor e a insensibilidade. Acima das Górgonas aparecem outras figuras estranhas, que representam a Doença, a Loucura e a Morte, que, por sua vez, têm atrás de si, figuras mascaradas.

Outro grupo surge à esquerda do macaco, formado pela Luxúria, pela Voluptuosidade e pela Intemperança. A Luxúria está representada pela mulher de imensa cabeleira ruiva, sentada numa pose provocante; a mulher de cabeleira loira representa a Voluptuosidade, enquanto a obesa, com os seios caídos, simboliza a Intemperança.

À esquerda do grupo descrito acima, sob as asas do símio e encostada nas serpentes, encontra-se a Aflição, com seus longos cabelos negros, e cujo corpo está envolto num véu cinza, representando a tristeza. Ela não faz parte do rico grupo de Tifeu, rodeado por ornamentos dourados. As serpentes que a sustentam simbolizam o pecado. A postura de seu corpo é de derrota, depois de ter passado pelos desejos e prazeres que acabaram por redundar em dor.

As figuras flutuantes, como a vista no canto superior direito, representam os anseios e desejos da humanidade. Chama a atenção neste painel, representativo das Forças Inimigas, as figuras femininas, excetuando a presença de Tefeu. Como se pensava na Idade Média, a mulher é aqui mostrada como a responsável pelo mal e também vitimada por ele.

À época, a obra de Klimt foi vista por parte do público como sendo imoral, pelo fato de apresentar mulheres nuas com os pelos pubianos à vista. É interessante também saber, que esta obra fora feita para durar apenas um curto tempo, enquanto a exposição estivesse acontecendo. Tratava-se de uma obra temporária, com quatro toneladas, mas um colecionador comprou-a, com a finalidade de conservá-la. Ela foi cortada em sete pedaços, a fim de ser retirada da parede, ficando guardada durante doze anos. Depois foi vendida para um industrial. Mas em 1970, a obra foi adquirida e restaurada pelo Estado austríaco. Encontra-se, portanto, em exposição permanente, em Viena.

Ficha técnica
Ano: 1901/1902
Técnica: Cor de caseína sobre fundo de estuque, com inserção de folha de ouro e pedras semipreciosas.
Dimensões: 215 x 630 cm
Localização: Österreichische Galerie Belvedere, Viena, Áustria

Obs.: Desde 1986, o ciclo da parede tornou-se novamente acessível ao público na Secessão como um empréstimo da Österreichische Galerie Belvedere.

Fontes de pesquisa
https://en.wikipedia.org/wiki/Beethoven_Frieze
https://suitesculturelles.wordpress.com/2011/08/23/beethoven-frieze

4 comentaram em “Klimt – O FRISO DE BEETHOVEN

  1. Suzel Koialanskas

    Lu
    Esta obra de Klimt está no Pavilhão da Secessão, na 12 Friedrichstraße, 1010, Wien, AT. e não no Palácio Belvedere, onde tive a grata surpresa de conhecê-lo. A edificação art noveau do edifício foi construído por Joseph Maria Olbrich em 1898 – cuja cúpula é formada por folhas de louro douradas em domo numa homenagem a Apolo. Na entrada principal do Pavilhão, já o slogan Der Zeti ihre kunst, Der Kunst ihre Freheit (A cada época sua arte, à arte sua liberdade), esclarece sobre os ideais artísticos do grupo onde Klimt assumiu a vanguarda na transformação da arte e da sociedade.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Suzel

      Quero primeiro agradecer a sua visita e seu comentário. Será sempre um prazer contar com a sua presença neste espaço. Quanto ao endereço da obra, esse retirado da Coleção Folha/Grandes Mestres da Pintura, mas eu coloquei a seguinte observação:

      “Desde 1986, o ciclo da parede tornou-se novamente acessível ao público na Secessão como um empréstimo da Österreichische Galerie Belvedere.”

      Um grande abraço,

      Lu

      Responder
  2. Eliete

    Lu
    Eu achei essa obra de Klint perturbadora. Na pintura há elementos claros do seu estilo. Mas ainda assim não consigo admirá-la. Acho que preciso de tempo para isso. E ainda preciso escutar a 9ª Sinfonia pensando nessa obra. Ou seria o contrário?

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Eliete

      Esta obra de Klimt é realmente muito complexa e perturbadora, como você diz. Vou lhe mandar alguns links de outras obras desse talentosa artista. Muito obrigada por ter visitado este espaço e deixado aqui seu comentário. Volte mais vezes.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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