Lucas Cranach, O VELHO – O MARTÍRIO DE S. CATARINA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Martírio de Santa Catarina é obra do pintor Lucas Cranach, o Velho, tema que tem sido, através dos tempos, pintada por vários outros artistas. Na composição de Cranach, contudo, não aparece a tradicional roda guarnecida com facas pontiagudas, símbolo do martírio da santa, mas a roda aos pedaços. O quadro apresenta inúmeros personagens, alguns ricamente vestidos, outros com armaduras, pessoas comuns e três cavalos.

O pintor apresenta dois momentos em sua obra, embora esses se encontrem separados pelo tempo:

• Num deles, ele mostra a destruição da roda usada no martírio de Santa Catarina, assim como o castigo recebido pelos responsáveis pela construção e uso dos instrumentos torturantes. Dos céus escuros, cheios de densas e revoltas nuvens, descem rajadas de raios de fogo, matando cavaleiros e até mesmo seus inocentes cavalos. São inúmeras as figuras.
• No outro momento, em primeiro plano, o pintor apresenta a princesa, ajoelhada, erguendo seus olhos para os céus, confiante em sua fé, à espera da execução, e seu carrasco a postos.

A figura de Santa Catarina não demonstra nenhum medo diante da morte. Ela se encontra ricamente vestida, de acordo com sua posição de princesa. Usa um vestido com saia de cor vermelho-escuro, sendo o corpete e magas de cor branca, bordados com fios de ouro e pérolas. Suas vestes estão espalhadas elegantemente pelo chão. Na personagem retratada, chama a atenção seu enorme decote, que a deixa com os ombros nus, sendo possível ver parte dos seios, cobertos por um tecido transparente. Embora ela tenha sido retratada como santa, o pintor não se preocupou com seu recato, em relação aos seios. Cranach, provavelmente, tinha como objetivo mostrar que, mesmo dotada de grande beleza corporal, a jovem foi capaz de vencer os desejos da carne, triunfando sobre o mundo material, cheio de tentações.

O pintor também retrata com grande visibilidade os órgãos genitais do carrasco, de pé atrás de Santa Catarina, e os do cavaleiro com uma armadura dourada, deitado de costas, à direita, abatido pelos raios de fogo. À época, a moda dos jovens exigia que se embelezasse a genitália, tornando-a grande. Provavelmente na sua obra, o pintor tinha a finalidade de demonstrar o ambiente pagão em que vivia a jovem. Ou talvez o artista atendesse o comprador da tela.

Embora o carrasco tenha na lenda o papel comum a tantos outros da época, Lucas Cranach reservou-lhe um lugar especial na composição, em pé de igualdade com Santa Catarina, colocando-o em primeiro plano, em tamanho grande, e vestindo-o com roupas de gala, em cores chamativas. Ele usa enormes botas de couro, em cor branca. As fendas no joelho direito, assim como o fato de se enfeitar só de um alado, dizem respeito à moda da época. Ele usa a mão esquerda para endireitar o rosto da vítima, de modo a executá-la, acertando-a entre o pescoço e os ombros, de modo a decapitá-la com um único golpe de espada. O artista pintou o rosto do carrasco com muita ênfase, pondo às claras sua violência. Na face direita, traz uma imensa cicatriz vermelha.

À esquerda, são vistos castelos no cume da montanha que parece tocar as nuvens. Eles ornamentam o fundo do quadro. Também simbolizam o poder que vem de cima. Mais abaixo estão algumas casas.

Segundo a lenda, Catarina era uma princesa intelectual, nascida em Chipre, que foi decapitada em Alexandria, por ter abraçado a religião cristã. Ela havia tomado Jesus Cristo como seu marido espiritual. À época, a cidade de Alexandria, com sua vasta biblioteca, era tida como o centro cultural mais importante do Império Romano.

Ficha técnica
Ano: 1508
Dimensões: 112 x 95 cm
Técnica:
Localização: Igreja de Ráday, Budapeste, Hungria

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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