Mantegna – CRISTO MORTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Cristo Morto — também conhecida como Lamentação sobre o Cristo Morto — é uma das famosas obras do pintor italiano Andrea Mantegna e uma das mais importantes da Renascença italiana, sendo admirada, sobretudo, pela sua fantástica demonstração de virtuosismo de perspectiva. O enquadramento do espaço desta obra é totalmente inovador para a época no que diz respeito à pintura ocidental. O pintor foi um dos primeiros a fazer este tipo de representação num escorço tão drástico.

O artista apresenta Cristo morto com o corpo estendido sobre uma pedra de mármore, tendo a cabeça ligeiramente tombada para a sua esquerda, com os olhos fechados, sendo visível de cima as profundas feridas nos pés e nas mãos, ocasionadas pelos pregos da crucificação. Seu corpo é forte e musculoso, mas a lividez do mesmo não deixa dúvidas de que se encontra sem vida. Uma fina mortalha cobre sua parte inferior que já se encontra rígida. Suas dobras dão continuidade aos sulcos do tronco. As rugas da face de Cristo  e as das duas figuras ao seu lado harmonizam com o desenho do tecido de cetim rosado do travesseiro. A presença de um recipiente com unguentos, à  esquerda do corpo, mostra que ele já foi perfumado.

O mais impressionante nesta pintura é que até então nenhum artista antes de Mantegna havia conseguido obter um efeito de profundidade tão acentuado num espaço tão pequeno. E sem falar que esta foi a primeira vez em que Cristo foi apresentado nesta posição — com o corpo deitado de frente para o observador. A figura do Mestre com seus cabelos ondulados e traços fortes é apresentada em perspectiva, no plano horizontal, o que a leva a parecer mais curta, pois se encontra em escorço.  Os pés, vistos em primeiro plano, parecem ser enormes em razão da proximidade com o observador. Eles pendem para fora da pedra, pois o corpo é maior do que a pedra em seu comprimento.

Ao lado direito de Cristo estão três figuras humanas que choram, enquanto o corpo do Mestre está sendo preparado. São elas: a Virgem Maria — sua mãe — que enxuga as lágrimas com um lenço e São João Evangelista que entrelaça as mãos e olha inconformado para Jesus e, possivelmente, Maria Madalena na sombra  à esquerda da Virgem Mãe. No detalhe é possível visualizar as lágrimas dos acompanhantes que têm o rosto marcado pelas rugas. A colocação dos órgãos genitais de Jesus no centro da composição leva a diferentes interpretações, dentre elas a de que o corpo de Cristo simboliza suas duas naturezas — a humana e a divina.

O pintor estruturou a composição de tal maneira que joga o observador num grande impacto emocional. Ele tem a impressão de estar aos pés de Cristo — vistos em tamanho maior — que o direcionam para o restante do corpo. Não se tem certeza quanto à destinação desta obra, contudo, alguns estudiosos presumem que tinha a finalidade de ornar o túmulo do próprio artista na Capela de San Andrea em Mântua, onde ele trabalhava para a família Gonzaga — cidade onde morreu.

Ficha técnica
Ano: c. 1480-1490
Técnica: têmpera sobre tela
Dimensões: 66 x 81 cm
Localização: Pinacoteca di Brera, Milão, Itália

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
wikipedia.org/wiki/Cristo_morto_(Mantegna)
Renascença/ Folio
Renascimento/ Taschen

12 comentaram em “Mantegna – CRISTO MORTO

  1. Antônio Messias

    Fantástica obra, a começar pela perspectiva inovadora, onde o pequeno espaço ocupado provoca o olhar, os detalhes de textura, luz e cor se harmonizam com os motivos. Fico imaginando o impacto que essa obra provocou à época.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      Para a época foi uma obra super inovadora, deixando toda a classe artística embasbaca com a criatividade inovadora de Mantegna.

      Abraços,

      Lu

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  2. Pierre Santos

    Lu
    Não creio que você postou este quadro agora por ser Semana Santa, pois qualquer hora do tempo é apropriada para fazê-lo. Mantegna é o que há em termos de
    perspectiva. O mais interessante é: só depois de vê-lo em Milão, pude perceber que não existe reprodução capaz realmente de dar-nos o sentido de sua grandiosidade. Mas você acertou em cheio no seu texto: este quadro, ao invés da alegria de olhar, deixa lá dentro de nós um confrangimento insuportável pela dor que levou o morto. Afinal, não é à toa que se considera Andrea Mantegna uum dos mais importantes mestres do renascimento.

    Obrigado!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Professor Pierre

      Este quadro foi publicado no blog em 2015, mas em toda Semana Santa eu gosto de repeti-lo, pois é o que acho mais contundente para representar a época da Quaresma. Sua mensagem é direta em relação à dor do retratado, que também é transposta para o observador. Há no blog, também, outras obras do maravilhoso mestre Andrea Mantegna.

      Abraços,

      Lu

      Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Leila

      Não resta dúvida de que deve ter sido um assombro de criatividade à época, se ainda é louvado até os nosso dias.

      Beijos,

      Lu

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  3. Rui

    Lu
    Realmente a obra em si é maravilhosa. Você, na sua forma detalhada de escrever, deixa a mesma mais rica. É verdade nunca Cristo tinha sido apresentado deitado, até então. Sendo a semana Santa, a obra vem a calhar, a sua escolha foi excelente.

    Beijo

    Rui

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