RAM MUNDA (12) – VERDADES SOBRE A ÍNDIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Ramun XII

Marc Boulet, ao viver Ram Munda na pele de um dalit, percebeu que as coisas não são bem como lhe ensinaram antes. Ao preparar-se para a sua metamorfose, procurou conhecer a fundo a cultura indiana, através de livros, filmes e informações. No entanto, alguns conhecimentos obtidos não correspondem em nada à verdade  que sentiu na própria pele. Por exemplo, ele aprendeu que os indianos eram tolerantes e não violentos. Compreende agora que a tolerância indiana, de que tanto falam os ocidentais, não passa de um grande engano, um engodo. Na verdade, o que eles sentem é uma profunda indiferença pela sorte do outro. Ignoram-no! Simplesmente recusam-se a enxergá-lo, principalmente quando não pertence à própria casta.

O modo como os poderosos tratam os mais pobres é de uma violência vista em poucos lugares do mundo. Dificilmente eles os veem. E, quando isso acontece, tratam-nos como escravos, coisas sem valor algum. Pois o respeito e a piedade pelos mais fracos não existem no aclamado país da espiritualidade chamado Índia. Os pobres e miseráveis são sempre oprimidos e esmagados. Mesmo quando os indianos praticam a caridade, fazem-no pensando na própria evolução e não no outro. Nem nesse momento eles enxergam os miseráveis.

A submissão, o descaso e a miséria quando explodem no território indiano são de uma ferocidade inimaginável. A violência contra os considerados intocáveis  é pregada nos textos sagrados, na intolerância do sistema de castas e no egoísmo hindu. Qualquer coisa é motivo para que apanhem, sem que ninguém os socorra. Tudo que fazem é visto como insulto às castas mais ricas. A polícia é brutal. Nem os loucos passam imunes. E para quem não sabe, na Índia, a violência parece ser a resposta para tudo. Os indianos estão sempre repetindo: “Quero bater em você!”. Trata-se de um povo excessivamente violento, brutal e sem generosidade.

Marc Boulet observa que os hindus (praticantes do hinduísmo) de casta elevada são incoerentes na busca pela pureza, pois a conduta deles é totalmente orientada pela religião. Embora sigam uma dieta vegetariana e sem álcool, sendo que os mais ortodoxos não comem nem cebola e alho, considerados impuros, a maioria consome drogas à base de cannabis. Existe também um grande número de hipócritas, que comem carne de cabra ou de frango, e se embriagam às escondidas. Sem falar no grande número de trapaceiros, sempre querendo obter vantagem, passando o outro para trás. Trata-se de um povo excessivamente materialista.

Os brâmanes, a casta dos poderosos, são fechados e intolerantes, embora assumam uma aparência honesta e civilizada. É verdadeiro que fomentam a violência contra os intocáveis, que têm horror a eles. São cruéis e perversos. Acham-se poderosos e são prepotentes.

É muito comum encontrar eunucos pelas ruas de Benares. Usam muita maquiagem, cabelos compridos e sáris coloridos. E rebolam ao andar. Se alguém assovia para um eunuco e lhe pergunta se tem bur (gíria referente à vagina), é comum que esse levante o sári e o saiote para mostrar o sexo: dois lábios finos e vermelhos, de três a quatro centímetros de comprimento, como se fossem costurados sobre a bacia reta e chata. Não possuem pênis, testículos e pelos. Dizem que eles não usam cuecas, para poderem exibir o sexo, quando as pessoas aborrecem-nos. De modo que, assim, possam caminhar em paz.

Gurus abundam na Índia. Em cada cruzamento é possível ver, no mínimo, um guru, um filósofo ou um santo. Verdadeiro ou impostor. A maioria deles é uma fraude, vive a tirar dinheiro dos incautos, principalmente dos turistas. O país também é farto em adivinhos, curandeiros e astrólogos. E ali nada se faz sem uma consulta prévia a eles. Jogam com a credulidade dos indianos nas forças sobrenaturais. Em suma, a superstição abunda por toda parte.

Surpreendente para Marc Boulet é o julgamento que os indianos fazem sobre os ocidentais, em relação às mulheres. Dizem que os ocidentais não respeitam as mulheres, ao olharem diretamente em seus olhos e se sentarem perto delas. A moral indiana proíbe qualquer gesto que possa despertar a sexualidade, de modo que as relações sociais entre homens e mulheres ficam no campo do estritamente necessário. A tradição hindu reza que a mulher é apenas um vício concentrado sob o umbigo e um instrumento do diabo para tentar os homens. Ela é comparada ao jogo e ao álcool. E, para eliminar esse vício é necessário que se case na puberdade.

As famosas Leis de Manu, que governam a sociedade hindu estipulam que “Deus atribuiu à mulher a cólera, a desonestidade, a malícia e a imoralidade (…) Do nascimento até a morte, ela depende de um homem: primeiro de seu pai, depois de seu marido e, após a morte desse, de seu filho (…) Não tem o direito de possuir bens.” .

Antigamente as viúvas eram sacrificadas na pira funerária do marido. Os britânicos aboliram esse costume, ainda comum nas aldeias afastadas. Normalmente, se há cadeiras, os homens sentam-se nelas, enquanto as mulheres assentam no chão. Eles comem antes delas e as trancam em casa. Isso acontece até entre os intocáveis, onde as mulheres possuem mais liberdade, podendo sair, fumar e beber.

Os maridos batem em suas mulheres pelas faltas cometidas, sem que elas possam se queixar a sua família. Ela pertence ao marido, como se fosse um objeto, e dela ele pode dispor como bem lhe aprouver. As Leis de Manu rezam que “Um marido, mesmo bêbado, leproso, sádico ou violento, deve ser venerado como um deus.”.

O casamento hindu não passa de uma máquina de fazer filhos. A mulher nunca é vista como uma amante, mas como cozinheira e mãe dos filhos. As uniões são arranjadas e endógamas. As tradições ligam a mulher ao marido como o patrão está ligado ao escravo. Com o tempo, o amor e a amizade podem nascer, assim como nascem entre o cachorro e seu dono. A endogamia (casamento entre indivíduos do mesmo grupo, casta…) é vista pelo hinduísmo, como uma maneira de melhorar a raça indiana, de purificá-la de modo que não venha a se degenerar. Na Índia, os seres humanos são acasalados como os animais domésticos no Ocidente: segundo o pedigree, ou seja, a casta. Não se cruza um vira lata com um buldogue, assim como um brâmane não se une a um ferreiro. E caso um cruzamento desses vier a acontecer, dele nascerá um “chandal”, seres que originalmente constituíram a classe dos intocáveis. A condição vivida pelas mulheres incentiva o assassinato. Como o divórcio é uma infâmia para o marido, só a morte da esposa dá uma liberdade honrosa a ele. De modo geral, a mulher é borrifada com gasolina e queimada viva. Na maioria das vezes o motivo é o dote.

Diante do obscurantismo, da bestialidade e da intolerância vistos na Índia, Ram Munda sentiu-se como se vivesse na Idade Média.

Leiam o capítulo 13…

Nota: Imagem copiada de www.historiadomundo.com.br/indiana

Fonte de Pesquisa:
Na Pele de um Dalit / Marc Boulet

2 comentaram em “RAM MUNDA (12) – VERDADES SOBRE A ÍNDIA

  1. Vivian

    Lu, lendo esse texto veio à mente algo. Quando falava com meu “amigo” indiano, uma ocasião em que eu disse umas verdades para ele, ele disse ,”slap you”, acredita? Agora, depois deste texto começo entender. É tudo muito triste. Por mais que estivesse sendo uma espécie de brincadeira, ouvir isso da mesma boca que dizia:”I love you so much” ou “you’re my life”, é muito triste. Mas, assim só prova o quanto desprezíveis são. E desculpem-me, costumo compreender as diferenças culturais, mas certas coisas vão além.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Vivian

      O escritor Marc Boulet sentiu na pele o que é ser pobre no país da “espiritualidade”.
      É impossível compreender e aceitar tais diferenças culturais. É um absurdo!
      Estou para postar um texto em que as verdades serão ainda mais cruas. Aguarde.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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