Mestres da Pintura – VINCENT VAN GOGH

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quero chegar tão longe em minhas obras a ponto de as pessoas afirmarem: ele sente de maneira profunda, terna. (Van Gogh)

Minha única preocupação é: como posso ser útil no mundo? (Van Gogh)

O genial pintor holandês Vincent van Gogh (1853–1890) é sem sombra de dúvidas um dos grandes nomes da pintura universal. Mas não é fácil falar sobre ele, pois suas paixões e sentimentos estão ligados à arte de tal forma que não é possível ater-se a seu trabalho sem mergulhar na nobreza de sua alma impregnada de nobres ideais, aos quais se entregou, a ponto de sacrificar a própria vida, pois nele tudo funcionava como um todo indivisível e exacerbante ao extremo. Contudo, a sua genialidade artística só foi reconhecida após sua morte. Mesmo tendo pintado 879 quadros em menos de uma década, só conseguiu vender um deles, A Vinha Vermelha, por um valor insignificante. Atualmente seus quadros estão entre os mais caros do mercado das grandes obras de arte. Em 1990 o retrato O Dr. Gachet foi vendido por 82 milhões de dólares.

Vicent van Gogh nasceu num povoado da região holandesa de Brabante. Seu pai era um pastor calvinista e sua mãe uma dona de casa. Era o primeiro de uma penca de seis irmãos vivos, pois, antes dele, seus pais perderam um filho, também batizado com o nome de Vincent. Dentre os irmãos estava Theodorus (Theo), quatro anos mais novo do que ele, que sempre foi o seu amparo e presença amiga durante a sua breve vida. Ajudava-o materialmente a sobreviver, aconselhava-o nas suas tomadas de decisão e nos momentos difíceis, e sempre se sacrificou para ajudá-lo. Uma grande amizade uniu os dois irmãos. Prova disso é a vasta correspondência travada entre eles.

Ao contrário de muitos outros gênios da pintura, Van Gogh não cresceu em meio a uma família de artistas. Era uma criança séria, quieta e introspectiva. Tampouco foi um gênio na vida estudantil, mas adorava ler, hábito que levou consigo durante a vida e que lhe proporcionou uma grande cultura. Seus romances preferidos eram aqueles que versavam sobre os camponeses e perseguidos, que suscitariam mais tarde o seu interesse pelos pobres e pelo sofrimento humano, tão presente em sua obra. O seu talento só foi descoberto bem mais tarde.

Após completar 16 anos de idade Van Gogh foi trabalhar como aprendiz numa galeria de arte francesa. O seu trabalho proporcionou-lhe a oportunidade de morar em Bruxelas, Londres e Paris, e conhecer um pouco sobre a arte. Na capital francesa foi despedido sob a alegação de que não nutria interesse pelo serviço. Contudo, levou consigo uma grande paixão pela arte.

Ao se mudar para Amsterdã, Van Gogh, dono de um exacerbado fervor religioso, buscou consolo espiritual na religião, tornando-se pregador leigo, optando por desenvolver uma missão de apostolado na Bélgica, num local onde viviam os mineiros. Morou ali num total espírito de sacrifício até ser enviado a outra região, onde viveu em uma cabana, dormindo na palha, ajudando os mais pobres. O seu comportamento piedoso acabou incomodando seus superiores protestantes que o recriminaram. Foi transferido para outro local, onde continuou na pobreza, vivendo de pão e água e identificando-se com os verdadeiros carentes. Insatisfeitos, seus superiores suspenderam-lhe a permissão para pregar. Seu espírito evangélico não fora compreendido, pois ele vivia com paixão tudo que se propunha a fazer. Sofreu uma crise de fé e buscou amparo na arte, à qual dedicaria sua vida solitária.

A conselho do irmão Theo, Van Gogh foi para Bruxelas a fim de frequentar a Escola de Belas-Artes, período em que desenhou com muita intensidade, levando em conta os estudos de anatomia. Mesmo ali o seu jeito de ser e a maneira como fazia as coisas não eram bem vistos por professores e colegas.  Retornou à casa paterna e se pôs a retratar as pessoas do campo, as mulheres em tarefas caseiras e a natureza.

Ao se mudar para Haia, o marido de sua prima, também pintor, motivou Van Gogh a pintar a óleo telas de natureza-morta que foram as suas primeiras pinturas. Até então, ele só trabalhava com desenhos. Foi a seguir para Drente, mas começou a sentir-se só e inquieto, regressando em menos de três meses para a companhia dos pais em Nuenen, embora o pai tivesse o expulsado de casa, cerca de dois anos atrás, pois era totalmente cético em relação ao talento do filho. Ali permaneceu durante dois anos, tempo em que se dedicou profundamente ao estudo da cor. Após a morte repentina de seu genitor, o pintor resolveu partir para conviver com outros artistas. A mãe e a irmã também deixaram o povoado.  Como não nutriam nenhum interesse pela obra de Van Gogh, foram perdidas centenas de desenhos e pinturas a óleo do artista durante a mudança.

Van Gogh foi para Antuérpia (Bélgica), onde permaneceu três meses. Ali conheceu e  apaixonou-se pelas xilogravuras japonesas que começou a colecionar e que acabaram por influir no traço, na composição e na cor de suas pinturas. Reencontrou grandes pintores, como Rembrandt, Frans Hals e Rubens.

Com sua vida nômade, a próxima parada de Van Gogh foi Paris, onde permaneceu durante dois anos. Travou amizade com Toulouse-Lutrec e Émile Bernard, com quem dividiu um ateliê. Conheceu Pissarro, Gauguin, Paul Signac, Anquetin, Seurat, Cézane, Suzanne Valadon, entre outros. Quando sentiu que o ambiente não tinha mais nada a oferecer-lhe, partiu para a província de Arles. Ali começou o seu projeto de A casa amarela, local em que queria formar uma comunidade de artistas. Debilitado foi para o manicômio Saint-Paul-de-Mausole em Saint-Rémy-de-Provence. Dali foi para Auvers-sur-Oise. Voltou a Paris, onde ficou três dias, e retornou a Auvers-sur-Oise, onde teve seu último surto de depressão.

Van Gogh era uma pessoa solidária que, embora vivesse totalmente imerso no mundo artístico de Paris, quando ali morou, sempre se manteve distante das badalações e dos eventos mundanos. Durante toda a sua vida dependeu material e moralmente de seu irmão Theo que sempre lhe deu apoio incondicional.

Nota:  Autorretrato – 1887

Fontes de pesquisa:
Mestres da Pintura/ Editora Abril
Grandes Mestres da Pintura/ Coleção Folha
Gênios da Arte/ Girassol

4 comentaram em “Mestres da Pintura – VINCENT VAN GOGH

  1. Patrícia

    Ei Lu,

    muito obrigada pelos livros. Estou me deliciando com a leitura de Van Gogh.
    Sua capacidade de síntese e profundo conhecimento dos seus textos me admiram. Eles com certeza irão completar minhas leituras.
    Graças a você tenho em mãos uma belíssima obra.
    Bjos

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Além de ser uma das leitoras mais assíduas e queridas, sei o quanto ama Van Gogh, esse homem generoso e atormentado, artista maravilhoso.

      Beijo no coração,

      Lu

      Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Lorna

      E pensar que agora são as mais caras.
      Aguarde os outros artigos sobre as telas dele.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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