Michelangelo – A VIDA AMOROSA DO GÊNIO

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Autoria de Lu Dias Carvalhopietá

Diga-me, Amor, por favor,/ se que é meus olhos veem realmente a beleza pela qual suspiro/ ou se a tenho em meu interior,/ e olhe para onde olhe/ vejo ali seu rosto esculpido. (Michelangelo)

Assim como na pena e na tinta/ estão o estilo elevado, o baixo e o medíocre/ e nos mármores a imagem rica e a vulgar/ segundo o que o nosso engenho saiba tirar;/

Assim também, meu amado senhor, em vosso peito/ talvez haja tanta humildade quanto orgulho;/ mas o que é apropriado e semelhante a mim/ extraio, como posso mostrar em meu rosto. (De Michelangelo para Tommaso)

O mal que evito, o bem que me prometo,/ esconde-se em ti, mulher encantadora,/ altiva e celestial; mesmo que morra,/ não chega minha arte ao desejado efeito.

Não é culpado o Amor, nem tua beleza/ ou dureza, ou fortuna, ou grande desdém,/ de meu mal, de minha sorte ou meu destino. (De Michelangelo para Vittoria Colonna)

O genial artista Michelangelo não se casou, mas teve uma grande paixão pelo jovem Tommaso Cavalieri, que passou a fazer parte de sua vida, e a quem ensinou a desenhar. Tommaso era um belo e nobre romano que, além de ter um espírito culto, nutria um grande amor pelas artes. A íntima amizade entre os dois durou cerca de 30 anos, tendo o nobre ficado ao lado do pintor quando esse morreu.

Michelangelo dedicava horas de seu tempo ensinando Tommaso a desenhar. Deu-lhe de presente um grupo de desenhos notáveis, de caráter mitológico e alegórico, cujo tema versava sobre a paixão amorosa. Também compôs para Tommaso várias poesias, usando o mesmo tema.

O grande artista também travou uma profunda amizade com Vittoria Collona, figura de grande importância política e cultural, pertencente a uma ilustre família, reconhecida como um dos grandes nomes da poesia italiana no século 16. Havia entre eles grande admiração e afinidade espiritual, que perdurou até a morte de Vittoria.

Vittoria Collona era a marquesa de Pescara, que ficara viúva de Francisco Fernando de Avalos, quando tinha 46 anos. Tinha um temperamento forte e era muito culta, sendo sua presença muito prazerosa nos grandes círculos intelectuais da época. Em seu palácio, ela recebia artistas, literatos e religiosos, discordantes dos caminhos que tomavam a fé cristã. O grupo buscava resposta à margem do poder dominante da Igreja. E foi ali que Michelangelo encontrou pessoas que pensavam como ele, as respostas que tanto buscara em sua vida.

Entre as cartas mais calorosas e os sonetos mais afervorados estão os dedicados a Vittoria, que sempre levou os arroubos do artista no nível da amizade. Sobre ele, ela escreveu: “amizade estável, e ligado com nudez cristã, esse afeto mais do que seguro.”. Quando Vittoria faleceu, Michelangelo ficou pesaroso e depressivo. Ele disse sobre ela: “Gostava de mim em elevado grau, e eu não menos a ela. A morte me arrancou uma grande amiga.”.

Michelangelo e Vittoria, além de nutrirem grande interesse pela poesia, traziam grandes questionamentos espirituais e religiosos. De modo que, segundo alguns, ele passou por uma profunda alteração em seu temperamento, tornando-se mais pessimista e  julgando-se indigno do amor de Deus, após sua intensa amizade com a poetisa.

Nota: Aurora (detalhe do túmulo de Lorenzo de Medici)
Data: c. 1524 – 1527
Material: mármore
Comprimento: 2,06 m

Fontes de pesquisa:
Gênios da Arte/ Girassol
Grandes Mestres da Pintura/ Coleção Folha
Grandes Mestres/ Abril Cultural
Renascimento/ Taschen

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