Mit. – GLAUCO, SILA E A FEITICEIRA DIRCE

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Recontado por Lu Dias Carvalho

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O jovem Glauco pescava todos os dias. Normalmente voltava para casa com pesadas fieiras de peixe. Certa vez, depois de ter apanhado a cota de peixes do dia, notou que esses, até então jogados na relva, começaram a voltar à vida e, subitamente, todos pularam na água ao mesmo tempo. Perplexo com a situação, chegou a imaginar que fosse a erva usada para apanhá-los ou a ação de algum deus.

Para tirar suas dúvidas, Glauco colocou algumas folhas da erva usada na própria boca. Imediatamente sentiu-se excitado por uma vontade incontida de cair na água. Não mais aguentando refrear seu desejo, pulou nas águas, mergulhando profundamente. Bem no fundo, moravam os deuses da água (Oceano e Tétis), que o receberam carinhosamente, sendo, inclusive, retirado de si qualquer vestígio de humanidade, transformando-o num ser imortal. Agora, não seria mais necessário dedicar-se à pesca.

O imortal Glauco, em um de seus constantes passeios pelas águas, observou na praia uma linda jovem de nome Sila, protegida das ninfas da água. Ela procurava um local menos íngreme, onde pudesse entrar no rio. Mas ao notar a presença de Glauco, voltou, repentinamente, à procura de um local seguro, a fim de avaliar se era ele um deus ou um animal marinho. Quando esse lhe disse que era um deus, acima de Tritão e Proteu, ela se acalmou. A seguir, contou-lhe sua história de humano até transformar-se em deus. Porém, reclamou por não possuir o coração de Sila, por quem havia se apaixonado assim que a vira. Ela fugiu amedrontada diante de tais palavras.

Glauco, apaixonado, resolveu pedir ajuda à feiticeira Circe, que morava numa ilha, a mesma em que Ulisses havia desembarcado. E falou-lhe de seu grande amor por Sila, pedindo-lhe que usasse suas ervas para fazer com que a jovem retribuísse sua paixão. Mas o fato é que a feiticeira também se sentiu atraída pelo deus, e, portanto, aconselhou-o a gostar de quem dele gostasse, assim como ela. Deveria retribuir o desprezo de Sila com o mesmo desprezo recebido, devendo procurar alguém que também dele gostasse, pois não valia a pena sofrer por quem nos desmerecia.

Diante dos conselhos de Circe, Glauco reafirmou-lhe que jamais poderia deixar de amar Sila, deixando a deusa feiticeira indignada. Como não podia castigá-lo por ser ele um deus, e também por amá-lo, resolveu supliciar Sila. Mesmo os deuses, tomam sempre os pobres como vítimas e neles descontam suas decepções. Portanto, às plantas de poderoso veneno, Circe acrescentou feitiçarias e encantações, e partiu para a Sicília, em busca de Sila. E na baía, onde a jovem banhava-se, jogou a mistura venenosa, acompanhada de palavras mágicas.

Ao chegar ao lugar costumeiro, Silas enfiou-se na água, cobrindo-se até a cintura. Mas para seu horror, notou que havia uma ninhada de serpentes e monstros à sua volta. Ao tentar fugir deles, notava que continuavam perto dela. Por fim, observou que eram parte de si. E ali teve que permanecer, para sempre, como castigo. Revoltada, e com toda a razão, passou a devorar os marinheiros que dela se aproximavam, dentre eles seis companheiros de Ulisses. Os deuses transformaram-na em rochedo, tentando minimizar seu ódio. E ainda assim, o rochedo a que deu forma, continua a amedrontar os marinheiros que passam perto dele.

Nota: Glauco e Sila, pintura de Bartholomäus Spranger

Fontes de Pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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