O FURÃO – UM COMEDOR VORAZ

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Autoria de Antônio Messias Costa

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Num sábado tranquilo, chegaram ao Museu Goeldi, Belém/PA, dois indivíduos meio mascarados, de não mais que 300 gramas cada um, em uma caixinha. Eram, na realidade, dois irmãozinhos desamparados, encontrados em uma das matas da periferia da cidade de Belém. Muito provavelmente a mãe deixou-os para caçar, ou os abandonou, ameaçada pelo desmatamento que avança em razão da urbanização crescente na periferia das grandes cidades amazônicas.

Os recém-chegados foram pesados e medidos, assim como acontece com os bebês humanos, já despertando o sentimento e os cuidados de toda a equipe. A seguir, foram mantidos em caixinhas, aquecidos, onde se lambiam e se enrolavam em constantes afagos, como se o vínculo tivesse alto risco de ser perdido ou esquecido. A primeira refeição foi constituída de leite com enriquecimento vitamínico e mineral. Logo depois receberam uma vasilha pequena e pesada, para não ser entornada, com alimento, pois se trata de uma espécie voraz por comida, mas sem culpa, pois o alto metabolismo da espécie é o único culpado por tal comportamento.

Posta a vasilha no chão, deu no que se vê na foto, num salve-se quem puder na batalha pela comida. Parecia ser aquele o primeiro e último prato de suas frágeis vidas. Os dois pirralhos chegaram a ficar entalados, já que a abertura do vasilhame permitia acesso, mas com certo nível de educação, pois o alimento era acrescentado aos poucos, e, como diz o ditado “quem vai com muita sede ao pote além de se lambuzar, corre o risco de se engasgar.”.

A competição desenfreada e ruidosa não acabou por aí. Cheios, mais ainda assim ávidos por alimento, os dois passaram a se agredir com mordidas na orelha e membros, certamente um treinamento para escaramuças alimentares futuras, o que certamente não haverá, pois passarão a comer separados. O engraçado é que, cessado o momento da refeição, tudo voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido. Os vínculos afetivos têm que ser aprofundados pelo amor à boa convivência e parentesco. Depois, num sono só, dormiram os dois furões, como se fossem dois anjinhos abraçados.

O furão, pertencente à família Mustelidae, é um animal caracterizado pelo corpo longo e maleável e de altíssimo metabolismo, razão de sua voracidade. Carnívoro por natureza, é um predador voraz de aves e pequenos mamíferos, entre outros animais. Possui uma taxa metabólica duas vezes maior do que a de um indivíduo do mesmo porte. Por estas razões, também atinge a idade adulta muito rapidamente.

Assim como outros mustelídeos, o furão possui glândulas de almíscar, perianais, de grande importância no relacionamento social do grupo. Também pertence à mesma família da ariranha e da lontra, animais de hábitos semiaquáticos, razão pela qual possuem a cauda como um remo e membranas interdigitais. O furão e a irara são os representantes terrestres mais conhecidos, possuem unhas resistentes e são bem adaptados ao meio terrestre. É imprescindível que haja pequenos lagos em seu ambiente de exposição, pois ele não se aquieta, chegando a fazer trilhas de tanto que se movimenta dentro do recinto, o que lhe causa superaquecimento e a necessidade de se refrigerar.

Denúncia: por ter hábitos predominantemente diurnos, o furão é vítima frequente em estrada, onde é morto por veículos.

Nota: fotos do autor

9 comentaram em “O FURÃO – UM COMEDOR VORAZ

  1. Suzy Lopes

    Oi, Messias, tudo bem?

    Ai que fofuras! Quando voltar a Belém, quero conhecê-los!
    Parabéns pelos textos e pelo incrível trabalho que você desenvolve no Museu Emílio Goeldi.

    Beijos

    Suzy

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  2. Messias

    Lu, muitos filhotes nascem diferentes dos pais para se camuflarem e assim se protegerem, outros, geralmente predadores, em sua maioria, nascem iguais aos pais, exemplo: tigres, onças… também se inclui o furãozinho, que é cópia dos pais. Animais de grande porte, resistentes, também em grande maioria nascem similar aos pais, como zebras, elefantes,etc

    Abraços

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  3. Matê

    Messias
    Não sabia que eles são acelerados, por razões biológicas. Lindinhos e esganadinhos!
    Esse chapeuzinho branco, na foto à esquerda, é da mesma espécie dos filhotes? Uma gracinha.
    Animais sempre nos surpreendem e cativam.
    Abraços

    Matê

    Responder
    1. Messias

      Matê, todos eles são os mesmos personagens, na realidade não são chapeuzinhos, a metade do corpo deles, na parte superior é branca e a inferior negra, dando este efeito fantástico. Realmente são cativantes e elétricos.

      Abraços

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  4. LuDiasBH Autor do post

    Messias

    Essa parte de pelos brancos na cabecinha do furão é permanente ou desaparece com o tempo? Têm-se a impressão de que os dois estão usando toucas. As costas também ficam brancas?

    Abraços,

    Lu

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  5. Edward Chaddad

    MESSIAS
    Vamos, infelizmente, deixar um mundo muito pior do que aquele que encontramos. Nasci em 1943, a natureza era ainda dominante, mesmo dentro da capital de São Paulo. Havia vida vegetal e animal e um extraordinário equilíbrio, que garantia a preservação das espécies – flora e fauna.

    Hoje, assistimos a uma devastação da vida em nosso planeta – não é só em nosso país – que nos deixa triste, pois gostaríamos de terminar a vida com a esperança de um mundo melhor, construído para todos, com melhores condições de vida e desenvolvimento. Mas o que vemos é deprimente.

    E você nos traz em seu texto, mais um retrato do esforço que alguns estão fazendo para tentar salvar as espécies, como no caso dos furões, que fugiram de seu habitat natural e tiveram a sorte de encontrar gente maravilhosa que está a preservar suas vidas.

    Lindo texto. E viva o Cruzeiro!

    Responder
    1. Messias

      Caro Edward,

      Concordo plenamente com você. Numa selva cada vez mais petrificada, a gente se sucumbe um pouquinho a cada dia, o que é pior: sem perceber e com “n” soluções para os males criados. E nos acostumamos com isso. Fico imaginando o povo chinês vivendo naquela selva de indústrias e fumaça. A natureza é o melhor remédio para a vida saudável, os animais nos resgatam o animal adormecido que nos habita, ensinando-nos e equilibrando-nos.

      Aqui no Parque recebemos muitos animais, dentre eles muitos filhotes. Brevemente escreverei sobre os filhotes de ariranha, provenientes de Belo Monte – um grande compromisso com esses pequenos tesouros, retirados da suas famílias livres, mas agora perturbadas no coração da floresta.

      Obrigado pelas palavras e viva o Cruzeiro, sim!

      Grande abraço,

      Responder

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