O PERIGO DO EXCESSO DE ILUSÃO POSITIVA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Lembre-se sempre, por mais seguro que você esteja de que pode vencer facilmente, de que não haveria uma guerra se o outro sujeito não pensasse que também tem uma chance. (Winston Churchill)

Os historiadores militares há muito observaram que na guerra, os líderes tomam decisões irresponsáveis no limite da ilusão. As invasões da Rússia por Napoleão e, um século mais tarde por Hitler, são exemplos infames. (Steven Pinker)

Algumas pessoas deixam-se aprisionar pelo excesso da chamada “ilusão positiva”. Acreditam que estão com “o corpo fechado” e, portanto, nada lhes fará mal. Acham-se as mais inteligentes, habilidosas, competentes e dotadas de uma sorte genuína. Nada temem! Insensatas, extrapolam seus próprios direitos, avançando sobre os dos outros,  considerando-se imunes a qualquer tipo de justiça. Criam para si um mundo fictício, onde esperam que a realidade seja plasmada de acordo com seus desejos. Alguns estudiosos dizem que tal comportamento não passa de uma “tática de barganha”, de um “blefe”, de modo a intimidar outras pessoas, como vemos acontecer recentemente em nosso país. Mas chega uma hora em que, pelo excesso de confiança, a casa cai.

A “ilusão positiva” tem como objetivo extrapolar os “enganosos” pontos fortes do sujeito, que jacta força e poder, de modo a ganhar aliados que, por sua vez, optam por pertencer ao grupo do mais forte, uma vez que se sentem fracos, quando sozinhos. Eles não se bastam, dependendo de um muro de arrimo em que possam se escorar. O mais engraçado nesse tipo de jogo é que os exageros do indivíduo “poderoso” não podem soar canhestros, de modo a arriscar sua credibilidade. É por isso que, quando o vitimado pela ilusão do “pode tudo” cai, deixa para trás um monte de filhos abandonados ao próprio destino, que levam um bom tempo para sentirem que foram engabelados por uma falsa soberania. Em nenhum espaço é mais exercitada a “ilusão positiva” do que no mundo da política partidária, onde as pessoas agem como se fossem chimpanzés, atentas ao comando do chefe do grupo, até que um mais forte, mais ladino e arguto e sangrento, aplica a mesma técnica e joga por terra o poderio do líder anterior, pois não há uma só página da história em que sujeitos desse naipe não tenham caído por terra mais cedo ou mais tarde.

O perigo da “ilusão positiva” é que, ainda que no início o “poderoso iludido” trabalhe com um vislumbre de realidade, com o passar dos dias ele a perde e passa a não mais medir consequências, a ter qualquer centelha de escrúpulos, por achar que sua sorte é verdadeiramente inata, de modo que nada possa atingi-lo. Em hipótese alguma imagina que o seu oponente possa ter meios para resistir, apesar de sua aparente fragilidade. E isso acontece também nas guerras, pois, segundo o humanista Steven Pinker, a teoria de Robert Trivers sobre o autoengano  sugere que “a incompetência militar é amiúde não uma questão de informação insuficiente ou de equívocos de estratégia, mas de excesso de confiança.”. Ele complementa falando sobre a guerra do Iraque, em que, apesar da ilusão positiva demonstrada por George W. Bush, ele fracassou redondamente ao tentar transformar aquele país numa democracia estável, “não levando em conta avaliações contraditórias, forçando o consenso e censurando dúvidas individuais.”. Bush estava picado, excessivamente, pela mosca da “ilusão positiva”.

Fonte de pesquisa
Os anjos bons da natureza humana/ Steven Pinker

4 comentaram em “O PERIGO DO EXCESSO DE ILUSÃO POSITIVA

  1. Geralda Ávila

    Incrível artigo, Lu. vemos todos os dias esses excessos de ‘ilusão positiva’. A história escancara, mas a cegueira é maior e causa uma espécie de amnésia conveniente.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Geralda
      Você foi muito sábia ao dizer que “A história escancara, mas a cegueira é maior e causa uma espécie de amnésia conveniente.”. E essa amnésia consciente chega até aos mais altos tribunais, que fazem ouvidos de mercador. Só nos resta perguntar: que país é este, onde não se pode confiar nem mesmo no Judiciário?

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Rui

    Lu

    Este bichinho A MOSCA infelizmente pica muita gente,Lu, não é só no Brasil. Também por cá alguns também são picados. Realmente a guerra é uma parvoíce,sejas de palavras ou bélica, pois dizem que vivemos num mundo em paz, mas de guerras dr palavras. Foi através das palavras que começaram grandes guerras mundiais.

    Abraços,estive doente.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Rui

      Eu senti a sua falta. Espero que já esteja bem.
      Essa mosca voa por todos os lados do mundo enchendo as pessoas de “excesso de ilusão” no que diz respeito ao poder e ao excesso de capital. E, como você disse, a guerra de palavras parece ainda mais cruel, pois muitas vezes o inimigo fica velado, escondido, só mostrando a cara depois. Veja o que está acontecendo no Brasil.

      Abraços,

      Lu

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