OS PERIGOS DA SOLIDÃO

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

Todos nós sentimos em algum momento uma sensação de solidão. Para a maioria é um sentimento passageiro e eventual, mas que pode se tornar crônico e sofrível, em especial na turma dos mais idosos. Este sentimento de vazio leva com o tempo a graves problemas de saúde.

A solidão de forma isolada é causadora real de doenças. Viver só e conviver com poucas pessoas aumenta o risco de se morrer de infarto e de acidente vascular cerebral (AVC). É o que revela um estudo realizado na Grã-Bretanha e publicado em março deste ano. Este e outros estudos têm vinculado essa solidão crônica e o isolamento social a uma maior incidência de doenças e a um risco maior de morte prematura.

O problema da solidão é tão assustador que um em cada três solitários irão desenvolver doenças cardiovasculares, evoluindo com problemas de coração e derrames cerebrais. Certamente alguns mecanismos estão implicados como fator de agravamento da situação. Um deles é o fator psicológico, pois as pessoas que se sentem sós, com mais frequência, têm mais chance de desenvolver ansiedade e depressão. De igual forma, a pessoa solitária costuma ter hábitos comportamentais pouco saudáveis, como fumar, apresentar compulsão alimentar, não se exercitar e, por fim, experimentarem noites de sono de baixa qualidade. Excluindo todos os riscos aqui citados se concluiu que a solidão aumenta, de forma isolada, em 32% o risco de morte por infarto ou AVC.

Um estudo das universidades da Califórnia, publicado em 2015 em uma revista especializada, investigou o efeito sobre as células em humanos e macacos solitários, e concluiu que o sentimento de isolamento pode reduzir a eficiência do sistema imunológico. Com um sistema imune enfraquecido o advento de infecções oportunistas é dado como certo. Outro estudo publicado em 2010 na revista Psychology and Aging, da Universidade de Chicago, concluiu que as pessoas que sofrem de solidão têm maior probabilidade de ter pressão sanguínea mais alta no futuro. A hipertensão arterial está associada a um maior risco de derrame, ataque do coração, problemas renais e demência.

O isolamento social e a solidão estão associados a um aumento de 30% no risco de morte prematura, segundo um estudo da Universidade Brigham Young, dos Estados Unidos, publicado em 2015 na revista da Association for Psychological Science. A investigação analisou 70 estudos diferentes com a participação de 3,4 milhões de pessoas. Eles concluíram que, ao contrário do que poderia parecer, idosos e adultos de meia-idade têm um risco maior de mortalidade quando sofrem de solidão crônica em comparação com a mesma classe de pessoas que tem uma rede social bem estabelecida.

Especialmente os idosos estão muito vulneráveis à solidão. Com famílias menores, com menos filhos e já aposentados, a solidão e o isolamento social certamente irão cobrar sua fatura. Josh Billings, humorista americano do século 19, certa vez disse que a “solidão é um lugar bom de visitar vez ou outra, mas ruim de adotar como morada”.

Nota: Chuva, xilogravura de Oswaldo Goeldi.

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