PALAVRAS MAL DITAS E BEM DITAS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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Muitos estudiosos são unânimes em afirmar que o homem se tornou Homem, na essência de seu significado, depois de manejar os sons emitidos, transformando-os em palavras. Penso eu que as palavras devam ter começado pelo convite amoroso entre dois animais apaixonados, já cansados de tanto fazerem gestos. Palavras e gestos continuam se complementando, socorrendo-se mutuamente. Ambos são carne com unha.

A palavra tornou-se sagrada nas fórmulas mágicas, nos mistérios das crenças de todos os tempos e consagrou-se, quando o Verbo se fez Carne. Ela encanta e seduz desde que nasceu. Mas tal dama também possui os seus ardis. Domina todos os passos da humanidade, levando o mundo à paz ou à guerra, unindo ou separando as pessoas. Alguns há que a manejam com uma maestria hipócrita, com fins definidos dentro do que há de mais ignóbil. Na política, por exemplo, mais que em qualquer outro campo, a malandragem oratória faz carreira. Goethe dizia que a palavra foi concedida ao homem para que ele pudesse ocultar melhor os seus pensamentos. Usando o popular: mascarasse algumas de suas verdades.

Verdade seja dita: dominamos muito mais o nosso silêncio e muito menos nossas palavras. Não é à toa que em boca fechada não entra mosca. Pois, segundo o provérbio, quanto mais contidos formos no falar, menos corremos o risco do mal-entendido na incapacidade de compreender nosso ouvinte ou na manipulação da representação de nossos pensamentos. Existem pessoas que são mestras na arte de manipular as palavras, tirando-as do contexto em que foram ditas.

Montaigne lembrava que as palavras pertencem metade a quem fala e metade a quem ouve. Logo, não temos poder sobre o entendimento das mesmas, em relação a quem nos ouve, quer por imperícia nossa ou do receptor. Resta-nos pedir aos céus a sua benevolência de modo a não sermos mal compreendidos. Pois uma palavrinha mal dita já nos leva ao purgatório, tornando-nos malditos. E, como sempre me aconselhava minha mãe, é preferível pensar e não falar, do que falar sem pensar.

Para que as palavras sejam usadas com sabedoria e não sejam uma arma apontada contra nós, nada como refletir sobre um antigo provérbio persa, que diz:

A palavra que tens dentro de ti é tua escrava, mas aquela que escapa de ti, de ti se assenhora.

Nota: Imagem copiada de g1.globo.com

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