POSSESSIVIDADE E BAIXA AUTOESTIMA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A possessividade é uma característica de quem é possessivo, ou seja, daquele que possui um sentimento exacerbado de posse. Se o sentimento extremado de possuir um objeto é ruim, quando direcionado a uma pessoa, numa relação de possuído e possuidor, torna-se extremamente perigoso. Não se trata mais de tirar uma vantagem econômica, mas de desavergonhada e imoralmente assenhorear-se da vida de outrem. Sob o prisma existencial ninguém é dono de coisa alguma, pois tudo nos é emprestado para que usemos dentro de um espaço de tempo muito curto.

A existência humana é cruelmente efêmera. De mãos abanando todos chegam à Terra e de mãos vazias deixam-na, quaisquer que sejam as  posses nela adquiridas. E se ninguém é dono de coisa alguma, muito menos o é de pessoas, pois essas devem exercer o direito de ter vontade própria.

A possessividade nada mais é que o retrato da baixa autoestima, do vazio e do descontentamento do indivíduo possessivo com sua própria vida. Como uma sanguessuga ele se agarra a coisas e pessoas na tentativa de dar sentido à sua existência. Quando impossibilita uma pessoa de ser ela mesma, repassa uma leitura ruim de si mesmo e, consequentemente, deixa às claras a dificuldade que tem de lidar com o mundo.

A possessividade jamais significou amor por outrem, pois não passa de um relacionamento de sujeição de senhor para servo. O último é, na verdade, as “muletas” de seu dono psicologicamente enfraquecido, mas que usa e abusa de sua serventia. A pessoa supostamente amada, ao descobrir a farsa que vive, tende a afastar-se, negando fazer parte do jogo, uma vez que a durabilidade de todo e qualquer relacionamento encontra-se no equilíbrio, onde impera o respeito e a admiração.

A possessividade transforma o outro (a vítima) em mero joguete, pois por ele não nutre o menor respeito. E se há uma coisa que o possessivo sabe fazer muito bem é jogar com todas as cartas, ainda que o faça de maneira incorreta. Uma de suas táticas nocivas é apelar para a vitimização, passando-se por coitado, vitimizando-se. Isso é por demais cansativo e desgastante para quem está do outro lado do tabuleiro.

A possessividade faz de todas as pessoas que vivem em volta do indivíduo possessivo objetos e não sujeitos. Ele pensa que só se sentirá bem quando estiver acionando as cordas dos fantoches, tentando ser o dono da situação, capaz de tutelar tudo e todos, direcionando-lhes a existência, num jogo instável e perigoso de emoções contidas. O outro lado da história é que ninguém quer ser objeto, mas sujeito da própria vida. Nada mais terrível do que se sentir um fantoche na mão de outrem.

A possessividade é cruenta, uma vez que o possessor tem por objetivo diminuir o valor do outro na tentativa de superestimar o seu. Acha que quanto mais insignificante for quem vive à sua volta, mais facilmente terá o controle da situação. É incapaz de perceber que todo e qualquer relacionamento (amoroso, familiar, entre amigos e colegas) só tende a crescer quando existe valorização de ambos os lados. Não há outro caminho.

Nada mais sufocante do que participar de um relacionamento que vive numa gangorra desenfreada. Quando se está ao lado de quem ama, o que se quer é paz, companheirismo, incentivo, compreensão e momentos bons. A sujeição torna-se, com o tempo, um constrangimento para o possuído e vai matando qualquer possibilidade de união duradoura. Um relacionamento doentio precisa de tratamento, se quiser persistir. Fora disso a palavra-chave é “libertação”.

Reconhecer que precisa mudar é um grande passo na vida de um indivíduo possessivo, pois toda e qualquer mudança deve nascer primeiro da vontade. É preciso começar sentindo bem na própria companhia, lembrar-se de que quem cobra muito é porque tudo lhe falta e, por isso, tenta preencher com a vida do outro o seu próprio vazio.

Aquele que coloca sua felicidade no outro será eternamente infeliz, pois só se pode viver a própria vida. Se isto for difícil demais para compreender e agir, deve-se buscar ajuda especializada o mais rápido possível, a menos que se queira passar a existência toda como um derrotado. A propósito, qual é a sua posição nos relacionamentos?

6 comentaram em “POSSESSIVIDADE E BAIXA AUTOESTIMA

  1. Edward Chaddad

    Prezada amiga

    O tema é vasto e deixou-nos uma lição muito relevante que demonstra que:

    “A possessividade faz de todas as pessoas que vivem em volta do indivíduo possessivo objetos e não sujeitos. Ele pensa que só se sentirá bem quando estiver acionando as cordas dos fantoches, tentando ser o dono da situação, capaz de tutelar tudo e todos, direcionando-lhes a existência, num jogo instável e perigoso de emoções contidas. ”

    Esse sentimento humano – na maioria presente nos homens, porém existente, por vezes na mulher – tem profundas raízes no poder e no materialismo. Na história está presente o sentimento de possessividade, a busca pelo domínio das pessoas e das propriedades. Exemplo disto são as conquistas do Império Romano, seguidas pela reação e conquista de poder pela Germânia, que os romanos chamaram de bárbaros, no fundo, foi a busca do poder impulsionada pelo materialismo, tomando posse de pessoas e seus bens, escravizando-as, como ainda acontece, infelizmente, em quase todo o mundo.

    Hoje, fala forte o consumismo. Penso que é ser cruel, não compreender que não devemos continuar a cultura do descarte e do consumismo, levando uma vida voltada apenas para o materialismo, longe do amor, muito próxima do ódio e da intolerância, onde tudo se justifica pela necessidade da tradução da vida em gozo e prazer, sem quaisquer outras preocupações, seja com os vegetais e animais, ou com os seres humanos mais vulneráveis, ou com a natureza como um todo.

    A possessividade, seja na vida familiar, seja no geral, é o instrumento do poder, da dominação, fundamentada no materialismo, no gozo e prazer das coisas terrenas e não espirituais. Todos temos a ideia de que o amor ao próximo como a si mesmo é apenas um objetivo, um ditame cheio de boas intenções, mas irrealizável pela natureza humana, tão egoísta e apegada ao materialismo.

    É quase inimaginável que alguém pudesse amar ao próximo como a si mesmo. Mas há exemplos de pessoas que arriscam a própria vida para salvar o semelhante. Então, a melhor saída para derrubar a possessividade será o amor.Temos que nos empenhar no desenvolvimento de uma cultura onde os valores humanos são superiores ao materialismo e, por consequência, iremos frear o espírito possessivo. Tudo que está ínsito na educação e na presença de Deus.

    A vida é Deus, sempre será. Temos que conservar a natureza toda – animais e vegetais – pois nós humanos, somos também, parte da vida. Lembro a passagem bíblica: “não havia lugar para Ele na estalagem”, dando-lhe um sentido muito maior, “não há lugar para a Deus, para a vida ” em nossos corações. O materialismo é o maior engano do ser humano. Temos que nos apegar a Deus e tudo irá melhorar.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ed

      Seu comentário deixa claro o quanto nós precisamos dar um novo rumo à nossa vida, antes que seja tarde demais. O homem desnorteado pensa que na “posse” está o seu único objetivo na Terra. Hipócrita como sempre, diz-se cristão, mas menospreza os ensinamentos de Cristo, quando faz de sua própria vida um depósito de bens materiais.

      Estou feliz com o seu retorno!

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Celina Telma Hohmann

    Lu
    Parabéns pelo texto. Há tantos ainda subjugados por possessivos, manipuladores e sofrem, e se entregam, pois as forças, ah, essas são sugadas minuto a minuto! Um grande abraço e obrigada por expor problemas comuns que nem sempre são observados. O possessivo é perspicaz e nisso está seu trunfo!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Miss Celi

      Nessa história, as mulheres são sempre as maiores vítimas. O seu texto (publicado) está ótimo.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Patrícia Sanpaio

    Lu

    Belo texto, minha amiga. O homem não se cansa de querer sempre ser dono de alguém ou de alguma coisa. Talvez no intuito de curar suas carências e frustrações ou quem sabe de fugir de si mesmo.

    O enfrentamento diário conosco requer muita disciplina e isto é difícil num mundo onde valores e relacionamentos são corrompidos na sua real evolução e crescimento interior. Então é mais fácil possuir o outro que transformar a si mesmo. Nossos pensamentos e sentimentos determinam nosso destino. O conhecimento da verdade repousa em nós. Por que e para que possuir alguém ou algo?

    Como você muito bem diz, “quem coloca sua felicidade no outro será eternamente infeliz…”. A fim de progredirmos e desenvolver nosso ser, devemos fazer e desejar tudo com amor e boa vontade. O foco deve estar em nós, pois somos seres plenos. Sem dúvidas temos carências e responsabilizar o outro é mais fácil. Temos que trabalhar nosso ser, isto, sim, é o processo da plenitude da autocura.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Pat

      Amiguinha, penso que o sentimento de posse seja o que mais nos separa dos animais e não a “inteligência” como dizem. Vivemos uma época em que nada basta à grande parte da humanidade que quer possuir sempre mais e mais. Os grandalhões são um exemplo claro disso, sempre metendo a mão no erário público para aumentar a própria fortuna. E quando isso resvala para a posse do outro fica bem complicado, pois tudo é colocado na mesma cumbuca como “coisa”. Uma única frase explica tudo: falta de autoestima!

      A única saída é “trabalhar o nosso ser”, como bem disse em seu comentário.

      Abraços,

      Lu

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *