QUEM NÃO CONHECE UM SABE-TUDO?

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A mais vasta parcela do que sabemos é menor que a mais diminuta parcela do que ignoramos. (Montaigne)

Convicções são inimigas da verdade, mais perigosas que as mentiras. (Nietzche)

Nunca se sabe tão pouco, como quando se acha que se sabe muito. Por isso, humildemente devemos nos curvar diante dos inúmeros questionamentos que habitam a nossa mente, para os quais jamais encontraremos respostas, pois mal uma questão é respondida, outras mil nascem à deriva da razão.

Existe um tipo de pessoa com o qual é dificílimo conviver: o sabe-tudo. É possível encontrá-lo como colega de trabalho, parente, vizinho ou até mesmo como companheiro de viagem. O sabichão é um chato de galocha, pois pensa concentrar em si mesmo toda a sapiência do mundo. Ele não concorda com nada do que você diz, só para poder desfiar a sua verborragia, mostrando que é o bambambã do pedaço, quando na verdade é um maçante, uma companhia desagradável e indesejável, da qual ficamos ansiosos para nos livrarmos. É incapaz de entender que existem muitas coisas que apenas soem ser compreendidas quando a modéstia habita em nós.

Quanto mais observamos o mundo, mais percebemos o quão distante nos encontramos de sua compreensão. Somos como um cão que tenta abocanhar o rabo, sem jamais consegui-lo. Em cada ínfimo de conhecimento que se agrega a nós, ramificam centenas de indagações e dúvidas. É preciso que fiquemos alertas contra as crenças que podem nos transformar em servos fieis da ignorância, pois a verdade não pode nascer da crença, seja ela qual for.  É preciso olhar qualquer hipótese com cautela, desconfiando de nossas próprias verdades, principalmente quando fomentadas pelos sentimentos. Somente a desconfiança pode nos levar à lucidez do questionamento, uma vez que a probabilidade não pode ser tomada como juízo imperativo.

Amedrontam-nos os pedantes que acham que nada têm a aprender. É melhor a companhia dos ponderados, dos cautelosos, dos equilibrados, dos que navegam na vigilância da suspeição e na possibilidade de estarem equivocados. A ciência jamais teria chegado até aqui, se não fossem os questionadores, os insatisfeitos com as respostas obtidas. A motivação para se buscar a verdade encontra-se na dúvida. E somente os humildes admitem a possibilidade de estarem errados, pois os que pensam saber tudo estão embotados pela arrogância, incapazes de navegar pelo universo da chamada “atitude crítica”.

O filósofo diz sabiamente: “o que sei é que nada sei”!

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