RELÓGIO PARA QUÊ?

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Autoria de Alfredo Domingos

relógio 1

 Diariamente, faço caminhada. É muito bom! Além do proveito para a saúde, vale como  terapia, longe dos consultórios apertados, refrigerados e repletos de assuntos delicados. Meu trajeto é feito pelas ruas da vizinhança. São arborizadas, agradáveis, propícias à atividade. Já conheço alguns vizinhos, caminhantes ou não, porteiros, ambulantes, jornaleiros, o resto mais. Carrego o celular, que me oferece música e a hora certa. O relógio de pulso também me acompanha. Fica mais fácil consultá-lo do que retirar o celular do bolso para saber da hora.

Outro dia, esqueci em casa tudo de que preciso. “Cabeça de vento”, como diria a minha mãe! Mas aceitei o desafio. Fui caminhando e curtindo.  Quando precisasse situar-me no tempo, perguntaria a alguém. Pois é, veio, então, o momento. Avistei um perfeito atleta aproximando-se. Passadas vigorosas, alto, fortão, boné vermelho da Ferrari, grandes óculos escuros espelhados, tênis turbinados e alaranjados, fones de ouvido e para completar um vistoso relógio dourado, daquele tipo usado pelo famoso apresentador das tardes de domingo. “Ô, loco, meu!”

Ao cruzarmos um pelo outro, perguntei sem querer atrapalhar o exercício:

 – Companheiro, diga as horas, por favor.

A resposta deixou-me boquiaberto. Foi deste jeito:

– Não posso. Este relógio não marca hora.

O quê?! Pensei, mas não falei que não acreditava.

Um relógio serve para muitas coisas, nós sabemos, porém, o mínimo que ele faz, o essencial mesmo, é indicar a hora presente. Registrar o tempo que nos envolve. Mostrar o momento de sair, chegar, correr, estudar, pedir “help”, comer, tomar remédio, etc., etc. O homem trazia tantos apetrechos engenhosos, que imaginei ser facílima a minha pergunta. Ou será que o amigo se ligava em várias coisas grandíssimas que o simples passar dos ponteiros não tinha a menor relevância? Será?

Em decorrência, só sei que até desisti de continuar na caminhada. “Enfiei a viola no saco” e voltei quietinho para casa, vexado! Assimilei que o problema havia sido meu – que abuso da minha parte interpelar altiva figura.

 Finalmente, perguntei-me querendo apoio:

– Relógio para quê?

(*) Imagem copiada de www.relogioserelogios.com.br

8 comentaram em “RELÓGIO PARA QUÊ?

  1. messias

    Alfredo,

    Há muito não uso relógio, na realidade é para deixe-me livre de qualquer agregado que incomoda-me pelo contato. Agora vc me faz refletir: sou dono do meu tempo, ainda assim tenho a mania de perguntar as horas para não olhar o celular. Vivemos sob tanto estresse que vale a pena certas liberdades, como: relógio prá quê?
    Messias

    Responder
    1. Alfredo Domingos

      Messias, agradeço a participação. Deixo a pergunta: um simples perguntar de horas, havendo resposta, pode gerar muita coisa, não é? Talvez: um comentário, uma paquera e até mesmo o saber das horas…
      Abraço, Alfredo Domingos.

      Responder
  2. Rosalí Amaral

    Olá, Alfredo.

    A tecnologia evoluiu tanto que sua mãe lhe diria “parece, mas não é, meu filho!
    Ou seja, já se foram os tempos em que a finalidade básica do rélógio era a medição do tempo, a informação das horas.

    De acordo com sua descrição, você se deparou provavelmente com um metrossexual (homem urbano que se preocupa em cuidar da aparência). Alí, as horas não importavam, mas sim a estética, o monitoramento do ritmo cardíaco e quantas calorias foram queimadas e em quanto tempo. Ou seja, um relogio que não é mais relógio, pelo menos para os mais antigos.

    Abraço,

    Rosalí.

    Responder
    1. Alfredo Domingos

      Rosalí, agradeço a sua leitura e o comentário. Coloquei no meu texto a ideia de que o principal de um relógio é marcar as horas, o que não era o caso do amigo lá, fazer o quê? Abraço, Alfredo dom ingos.

      Responder
  3. Carlos A. Pimentel

    Alfredo,

    Também caminho quase que diariamente. Até mesmo quando viajo. Quando caminho, não levo o relógio comigo. Celular, nem pensar! E vou caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento! Este procedimento, tem me ajudado a controlar a ansiedade causada pelo ritmo de trabalho na cidade grande. Talvez tenha encontrado a resposta para a pergunta “Relógio para que?”

    Parabéns pelo texto.

    Beto

    Responder
  4. LuDiasBH Autor do post

    Alfredo

    Assim como aconteceu com o chapéu, penso que o futuro do relógio no braço é incerto.
    Pode ser que ele venha acoplado a outras parafenálias.

    Um amigo meu me disse que o filho ganhou um par de tênis que tem um relógio digital que mostra a pressão da pessoa e a quilometragem andada.
    O que mais não se inventa?

    Quem sabe o relógio do atleta era oco e carregava dentro o seu remédio contra asma?
    Ou levava o seu lanchinho?
    Tudo é possível.

    Abraços,

    Lu

    Responder
    1. Alfredo Domingos

      Lu, obrigado pela sua participação.
      Gostei do remédio pra asma. Quem sabe?…

      Abraço, Alfredo Domingos.

      Responder

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