Renoir – MADAME CHARPENTIER E SEUS FILHOS

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Autoria de LuDiasBH Renoir3

A tela transmite para a posteridade toda a poesia de uma casa elegante e a beleza das roupas de nosso tempo. (Marcel Proust no seu livro “Em busca do Tempo Perdido”)

Madame Charpentier (Marguerite) era uma influente mulher da sociedade parisiense. Seu marido, George Charpentier, era editor e colecionador de arte. Sua casa era um local de encontros de poetas naturalistas, pintores impressionistas e políticos socialistas. Renoir pintou vários retratos da família. Embora o casal tivesse cinco filhos, somente dois deles estão retratados aqui por Renoir.

A mulher encontra-se em seu luxuoso ambiente familiar, numa pequena sala de sua mansão decorada em estilo japonês, com paredes pintadas em dourado e vermelho, sendo possível observar a pintura de dois pavões na parte superior, à esquerda da tela, atrás das personagens. Tudo ali demonstra que se trata de uma família muito rica.

Marguerite encontra-se ao lado dos filhos e do cachorro de raça São Bernardo numa pose bastante natural. Seu suntuoso vestido preto,  cobrindo parte do tapete, destaca-a como a principal figura do ambiente. Ela está assentada sobre um sofá de dois assentos, tendo o filho de três anos de idade, Paul, perto de si. Mais embaixo, sentada no dorso do grande cão preto e branco, está a filha Georgette com seis anos de idade. As crianças usam vestidos azuis com detalhes em branco. As alças das mangas são amarradas em forma de borboleta, costume que alude ao estilo japonês. A mãe, os filhos e o cão formam uma pirâmide.

As cores presentes na pintura vão do laranja ou vermelho da tapeçaria, passando pelo preto do vestido da madame e do pelo do cachorro, pelo amarelo do tapete e pelo azul das roupas das crianças, trazendo toques de branco aqui e acolá. Existe uma bela combinação entre as flores, o cortinado da janela e o tecido que forra o sofá. A presença do cão, símbolo da fidelidade,  no ambiente realça a harmonia em que vive a rica família.

À esquerda das personagens, num grande espaço vazio, encontra-se uma mesa e sobre ela estão: um vaso de porcelana com flores, um prato com uvas, copos de cristal e um jarro, possivelmente com água. Renoir gostava de inserir em suas pinturas pequenas naturezas-mortas. O pintor deixa bem evidente as influências japonesas na composição de Madame Charpentier e Seus Filhos, pois tudo que rodeia os personagens são peças decorativas dessa arte, muito em voga naquela época.

Nota:
Antes de estudar Renoir, eu não me conformava com o título dado ao quadro, pois sempre via ali duas meninas. Segundo a Coleção Folha e a Abril Coleções, naquele tempo era comum entre a rica burguesia vestir meninos como se fossem meninas. Tratava-se de um costume aristocrático. Os meninos também usavam cabelos grandes. Contudo, a Coleção Girassol e os livros da editora Taschen apresentam as personagens como se fossem duas meninas. Onde está a verdade? Confesso que não sei.

Ficha técnica:
Ano: 1878
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 153,7 x 190,2 cm
Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Renoir/ Coleção Folha
Renoir/ Coleção Girassol
Renoir/ Abril Coleções
Renoir/ Editora Taschen

6 comentaram em “Renoir – MADAME CHARPENTIER E SEUS FILHOS

  1. Gelza

    Lu
    Eu tenho um espelhinho há mais de 35 anos, que tem esse quadro no verso! Eu sempre quis saber da história dessa pintura. Muito obrigada por partilhar estes detalhes tão lindos.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Gelza

      Seu espelhinho deve ser bem valioso por trazer uma pintura tão linda há tantos anos. Sou eu quem agradece a sua presença e comentário. Venha sempre visitar este espaço. Será um grande prazer contar com a sua presença.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Cristine

    também sempre achei que eram duas meninas, apesar de ser verdade que as crianças eram vestidas da mesma forma até uma certa idade, até o início do século 20. Outro dia vi uma foto do Franklin Roosevelt pequenino, vestido como uma menina. Hoje é que meninos e meninas são diferenciados desde antes de nascer, com os famigerados azul e rosa…

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Cris

      O pior é que não há uma postura única em relação aos dois guris.
      O que vi em espanhol, trata-os como duas meninas.
      Em inglês, os artigos que encontrei referem a um menino e uma menina.

      Pois é, a humanidade agora rotulou as cores.
      Coitadinha da cor rosa, pois, em relação a essa cor, as mães são muito mais preconceituosas.
      Por isso, quando adultos, muitos homens não aceitam usar a cor rosa.

      Haja tolice!

      Beijos,

      Lu

      Responder
  3. Manoel Matos

    Lu

    Se se trata de um menino e de uma menina, devo dizer que a gente da época era muito estranha. Para mim são duas menininhas.

    Beijos

    Nel

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Nel

      Nem me fale!
      Eu só consigo enxergar duas meninas.
      Escrevi para a Editora Girassol, mas não me responderam.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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