Rubens – O JARDIM DO AMOR

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Jardim do Amor, obra do pintor Peter Paul Rubens, reflete a sua felicidade depois de, aos 53 anos de idade, viúvo, casar-se com uma garota de 16 anos. Não é à toa que tantos querubins esvoaçam pela tela, pintada logo após o casamento do artista francês. Ao contrário da maioria das obras de Rubens O Jardim do Amor que também foi conhecida como A Corte dos Prazeres de Vênus, não foi feita sob encomenda, mas para o deleite do próprio pintor que recupera a sua alegria existencial ao lado de sua nova e graciosa mulher.

A composição retrata o modo de viver dos ricos da época. A cena é ambientada num jardim. À esquerda da tela um mancebo enlaça sua companheira loira pela cintura, tentando convencê-la de algo ou estão a dançar. E à direita um casal suntuosamente vestido desce as escadas em direção ao grupo de amigos. No centro do quadro um grupo animado de quatro mulheres — também ricamente vestidas — ouve as canções do tocador de alaúde. Para alguns Helene, a nova esposa de Rubens, é a mulher de azul que se abaixa levemente, tentando tocar o querubim.

As mulheres estão vestidas de acordo com a moda francesa da época: vestidos longos e rodados, com amplos decotes que deixam à vista grande parte dos ombros e do colo. A presença de espadas na composição indica que os personagens pertencem à nobreza ou à aristocracia. Inúmeros querubins — todos nus — nas mais diferentes posições adejam em volta do grupo. Um deles empurra um casal; outro se encontra no colo de uma mulher; outro espalha flores; outros parecem participar da conversa; e muitos deles voam numa imensa alegria.

De acordo com os historiadores todos os personagens femininos presentes na composição são parecidos com a nova esposa do pintor: nariz reto, olhos meio protuberantes e cabelos aloirados. O que leva a crer que o artista pintou sua esposa na companhia de suas irmãs. Os personagens masculinos também são muito parecidos e trazem as mesmas características do artista, ou seja, na composição Rubens faz uma homenagem a si e a sua esposa, embora à época, ele se mostrasse bem mais velho do que aparenta na pintura.

No canto superior direito há uma fonte, sendo que a água desce do peito da deusa Vênus que por sua vez encontra-se montada num golfinho. Ela é o símbolo da fertilidade e o animal simboliza os jogos de amor incansáveis. O escudo visto na varanda também simboliza Vênus e os anjos — tidos como irmãos de Cupido — são também filhos da deusa.

Certos historiadores acreditam que na composição O Jardim do Amor, o pintor mostra a transformação de sua esposa Helene de menina para noiva, esposa e mãe. Baseando-se nessa suposição, eles deduzem que assim se desenrola o ciclo das mudanças:

  1. a garota de pé, sendo empurrada por um cupido, está sendo convidada pelo admirador para abrir mão da timidez e se sentar;
  2. já moça, ela está assentada na grama, com a mão sobre o joelho do amado, tendo o olhar para fora da tela, olhando para o observador (no caso o pintor);
  3. já casada, ela desce orgulhosamente as escadas, acompanhada pelo marido.

Acreditam também que as três mulheres no centro do quadro seriam uma representação das três formas de amor: o apaixonado, o sereno e o maternal que é aquele que traz o Cupido no colo.

O argumento de que a composição baseia-se numa ode ao amor está: na presença dos anjinhos com pombos que simbolizam o amor conjugal; a tocha de Himenau que é o deus do casamento; as flores nupciais; a presença do cãozinho ao lado do casal que desce as escadas e que simboliza a fidelidade; e o pavão (do qual só se vê só o pescoço, logo acima do personagem com capa vermelha) que simboliza a deusa Juno — protetora do casamento.

Curiosidades:
Na época em que este quadro foi pintado, o ideal feminino exigia que as mulheres fossem gordas, ou seja, tivessem formas arredondadas, um pescoço forte, peitos bem avantajados, mãos brancas, cabelos abundantes e encaracolados, sendo o loiro cinza a cor preferida das madeixas. Mostrar os ossos não era de bom tom.

Os jardins eram muito importantes no século XVII, pois refletiam o status social de seus proprietários. Havia quatro tipos de jardins, de acordo com a classe social do dono:

  • horta com ervas medicinais e legumes — pertencentes às pessoas comuns;
  • horta com ervas medicinais, legumes e trilhas para caminhadas — pertencentes às pessoas com melhores condições;
  • parque com grutas, pavilhões e gazebos — pertencentes aos aristocratas e ricos burgueses;
  • lagoas artificiais e residências secundárias — pertencentes aos príncipes e reis.

As pessoas consideravam bela e atraente apenas a natureza domesticada, por isso, os jardins eram repletos de fontes, balaustradas, estátuas e grutas artificiais. Ali as pessoas passavam grande parte de seu tempo, principalmente os enamorados — ocasião em que podiam ter mais privacidade. Os jardins também eram palcos para os piqueniques, serenatas e jogos pastorais.

Ficha técnica
Ano: 1632/1634
Dimensões: 198 x 283 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Rubens/ Abril Coleções

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