VIRGINDADE – DE DEFEITO A VIRTUDE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

virgem

Certo Beaumarchais disse sabiamente que o ser humano difere do animal por comer sem ter fome, beber sem ter sede e fazer amor em todas as estações. E por falar em sexo, o mais interessante na história da humanidade é que a mais velha das profissões, a prostituição, só aparece com o advento da propriedade. Por isso, a castidade veio muito tempo depois, ao contrário do que muitos imaginam.

O maior medo de uma garota primitiva não era deixar de ser virgem, mas não gerar filhos. Ficar prenhe antes de se casar podia ser de suma valia, pois tirava do macho o medo de que a mulher fosse estéril. Antecipando a chegada da propriedade, as tribos deduziam que se uma mulher era virgem, significava que era impopular e que ninguém a queria. Em certas tribos, se o noivo encontrava a fêmea intacta, ficava tão enfurecido a ponto de insultar a mãe da moça, sob a alegação de que fora negligente na criação da filha. O que acabava, muitas vezes, na não consumação do casório.

A virgindade era vista como tabu, principalmente pelas tribos que recusavam derramar o sangue dos seus. O marido não podia se submeter à tão “hedionda” função. Para tanto, essa tarefa era repassada a um estrangeiro que tinha a tarefa de deflorar a mulher. No Tibet, as mães saíam ansiosas, em busca de um homem que quisesse desvirginar suas filhas. No Malabar, as donzelas iam para as estradas cercar os passantes, para que lhes tirassem o selo, de modo a encontrar casamento. Em outras tribos, a noiva era tão generosa e boa anfitriã, que se dava por inteiro aos convidados, antes de chegar a vez do marido. Maravilhosas, modernas e eficazes eram certas tribos das Filipinas. Elas possuíam um funcionário, muito bem pago, já que o serviço exigia muito talento, cujo dever era desobstruir a passagem do falo, poupando o noivo de tal incômodo.

Com a adoção da propriedade, que institui o poder, o direito de usar, gozar e dispor de bens e de reavê-los, muda tudo. E dentre esses bens encontrava-se a mulher, de modo que a virgindade, de defeito foi transformada em virtude. E o preço da noiva virgem subiu vertiginosamente no conceito das famílias, embora não se cogitasse sobre a castidade pré-nupcial para o macho.

O esquema transformou tanto a sociedade da época, que os tuaregues puniam com a morte as filhas ou irmãs que não menstruassem. Mesmo que as regras atrasassem por um mês apenas. Na Abissínia, na Núbia e na Somalilândia, as meninas passavam pela cruel arte de infibulação, ou seja, um anel era colocado nas partes genitais, de modo a impedir a cópula. Na Nova Bretanha as meninas ricas eram confinadas, durante os cinco anos considerados mais perigosos, em cabanas que eram guardadas por velhos. Elas não podiam sair e só eram visitadas por parentes. E os muçulmanos e hindus, ainda hoje, não estão muito longe de tais práticas. Como podemos ver, a selvageria e a civilização estão separadas por um pequeno passo.

Fonte de pesquisa:
Nossa Herança Ocidental/ Will Durant

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