VISTA DA LAGOA DO BOQUEIRÃO E…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

vilaboast

É uma pena que muitos pintores não tenham deixado o nome gravado em todas as suas obras, tendo os historiadores e críticos de arte que trabalhar com suposições. E é exatamente isso que aconteceu com esta composição, embora alguns estudiosos de arte atribuam-na a Leandro Joaquim, artista brasileiro do século XVIII, que fazia parte da chamada Escola Fluminense de pintura. Mas nada existe que comprove ser ele é de fato o autor da obra. Nem mesmo se sabe a data correta do quadro em questão, seu título ou a lagoa retratada. Tudo entra no rol das suposições, com acontece com muitas obras da arte brasileira. O fato é que aqui está retratada uma paisagem da cidade do Rio de Janeiro, que recebe o título de Vista da Lagoa do Boqueirão e do Aqueduto de Santa Teresa.

A composição mostra o Aqueduto Carioca, que era responsável por levar as águas captadas do rio Carioca, e, que hoje recebe o nome de Arcos da Lapa. Embora os Arcos sejam atualmente brancos, aqui eles se encontram meio amarronzados, com destaque para os reflexos da luz. Não se sabe ao certo se essa era a sua cor original, uma vez que, antigamente, os pintores não se atinham à exatidão daquilo que compunham, ou seja, não havia um compromisso histórico, como confirma o enquadramento oval da obra.

O artista escolhe o Aqueduto Carioca (Arcos da Lapa), como o elemento principal de sua composição, postado na parte superior, praticamente dividindo a composição oval ao meio, horizontalmente. Na parte superior, à esquerda, encontra-se o convento e uma igreja, mais abaixo. Uma lagoa ocupa grande parte do quadro. Dentro dela há grande movimentação de homens, mulheres, crianças e animais. A criançada diverte-se na água. Um homem negro, com camisa, vermelha tange o gado. Duas mulheres negras, com trouxas na cabeça, levantam as saias para não molhá-las

Na margem direita da lagoa, em relação ao observador, em primeiro plano, estão quatro figuras humanas: uma mulher negra, curvada sob o peso de um enorme cesto de roupa, que carrega na cabeça; um homem negro de chapéu e capa marrom, tocando uma viola, acompanhado de uma mulher negra, também de chapéu; mais à frente, um homem negro, vestindo camisa vermelha, leva um pesado cesto de roupas. Na ponta oval esquerda da composição encontram-se dois homens e uma carroça com uma parelha de bois.

Na margem esquerda da lagoa há muita movimentação: dois homens com canoas na cabeça; mulheres com trouxas, também na cabeça; um homem tangendo um burro; um sujeito montado a cavalo e pessoas conversando. Os adultos representados levam a crer que sejam todos escravos, tanto pela cor da pele como pelos pés descalços.

Houve uma grande modificação entre a paisagem do século XVIII e o local que existe nos dias de hoje:

  • os arcos foram alterados e pintados de branco;
  • a Lagoa do Boqueirão da Ajuda foi aterrada;
  • o morro de Santo Antônio não mais existe;
  • edifícios ruas tomaram o lugar do descampado.

Ficha técnica
Ano: c. 1790
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 86 x 105 cm
Localização: Museu Histórico Nacional, Brasil

 Fonte de pesquisa
A arte brasileira em 25 quadros/ Rafael Cardoso

2 comentaram em “VISTA DA LAGOA DO BOQUEIRÃO E…

  1. Adevaldo Souza

    Lu,
    A pintura também registra os fatos históricos de um lugar. Não é como a fotografia, que conta com exatidão esses fatos, ao contrário da pintura, onde o pintor não tem esse compromisso. Nessa minha fase de pesquisas, aprendi a valorizar uma pintura ou fotografia principalmente em preto e branco.
    Bonita obra atribuída a Leandro Joaquim. Penso que não seja difícil descobrir a data aproximada da obra, que poderia ser feita através de comparação com fotografias e fatos históricos.

    Abraço

    Devas.

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Devas

      A data aproximada encontra-se na “ficha técnica” embaixo do texto. Quanto à fotografia em preto e branco, acho que seu impacto é muito maior. Elas são imorredouras. Também gosto muito!

      Abraços,

      Lu

      Responder

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