A ARTE ABSTRATA (II)

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A denominação “Arte Abstrata” diz respeito, normalmente, a certas obras da pintura e escultura do século XX que não possuem função representativa ou simbólica, mas, ainda assim, não podem ser caracterizadas como simples desenhos, logo, não se trata de um estilo artístico isoladamente, sendo que alguns movimentos artísticos mais explícitos, como o Neoplasticismo e o Expressionismo abstrato foram definidos em termos estilísticos. Tanto na França quanto na Inglaterra, inúmeras gerações de pintores indagavam se era necessário tornar a pintura submissa à busca das aparências e, em razão disso, escolheram um mundo imaginário, mostrando, ainda na década de 1980, que a arte também era capaz de retratar sonhos e visões.

Já no final do século XIX era possível perceber que a tendência geral da arte, principalmente no que diz respeito à pintura, caminhava para a abstração. Mesmo Claude Monet e Paul Cézanne se deram conta da função do artista como criador de imagens, de modo que aos poucos eles passaram a dar maior importância à natureza da percepção. Os pintores Georges Seurat e Paul Gauguin — tidos como importantes precursores da Arte Abstrata — levaram ainda mais longe as percepções dos artistas mencionados acima, através da análise da linha, da cor, do tom e da composição, chegando à conclusão de que era possível expressar os estados emocionais, usando apenas os meios formais. Gauguin passou a usar as cores de maneira abstrata, pintando não como enxergava o objeto temático, mas como o sentia. Van Gogh também fez uso da liberdade de cor, usando sempre aquela que julgava apropriada, embora levasse em conta a representação linear do objeto pintado. Henri Matisse e seus colegas, 15 anos depois, reformularam as ideias pós-impressionistas —conhecidas hoje como Fauvismo — que via na cor o elemento mais importante.

As primeiras obras realmente abstratas surgiram em Paris e Munique em 1912. Um ou dois anos depois apareceram em Moscou, Milão, Nova Iorque, Londres e em outros lugares. A princípio grande parte da pintura abstrata era de caráter experimental, representando uma fase passageira na carreira de artistas como K. Larionoff, Fernand Léger, Robert Delaunay, Francis Picabia, Franz Marc, Giacomo Balla e Wyndham Lewis. No entanto, outros artistas abraçaram-na com força total, como mostra a obra de do holandês Piet Mondrian, do russo Wassily Kandinsky, do tcheco Frank Kupka e do russo Kasimire Malevich.

Kandinsky, ao escrever um texto teórico em 1910 sobre o espiritual na arte, encontrou na abstração duas vertentes: a que dizia respeito à arte pictórica dos impressionistas e pós- impressionistas que  desaguou no Fauvismo e no Cubismo e aquela trilhada pelos pintores simbolistas, responsável por levar a uma arte mais religiosa, tida como de “necessidade interior”. Para o artista russo, o caminho tomado pelos simbolistas era o mais importante, pois dizia respeito à qualidade essencial que impedia que a arte abstrata fosse desprovida de significado. Kandinsky buscava uma maneira de criar um quadro sem a presença de um objeto, mas que pudesse ser observado como algo mais, em vez de um mero desenho decorativo. Para que isso acontecesse, trabalhou em dois campos: tornou sua pintura abstrata de modo que todas as formas reconhecíveis nela presentes sumissem lentamente e deu à sua arte uma justificativa filosófica.

A música foi muito importante na busca dos artistas abstracionistas que sabiam que os compositores eram capazes de levar seus ouvintes a outras dimensões, sem fazer uso da representação direta da natureza. E, se a música era capaz de ser abstrata, ordenada e emocional, a arte também poderia ser. A pintura poderia se uma espécie de música visual, pensavam eles. Kandinsky foi o maior exemplo dessa aplicação, inclusive usou a terminologia musical (composições, improvisações e impressões) para nomear muitos de seus quadros.

O movimento abstrato em razão da Segunda Guerra Mundial (1939) teve grande parte de sua atividade, que se cultivava na Europa, cessada, mudando seu centro para Nova York, na década de 1940 — sua esplêndida etapa final. Atualmente a arte tornou-se livre. O artista tanto pode se embrenhar para o campo do abstracionismo ou para aquele que tenha uma referência simbólica ou figurativa. A invenção da Arte Abstrata foi um dos eventos artísticos mais importantes de nossos tempos.

Nota: Composição VII, obra de Wassily Kandinsky (ilustração do texto)

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE ABSTRATA (I)
Kandinsky – AMARELO, VERMELHO E AZUL
Mondrian – MACIEIRA EM FLOR
Teste – A ARTE ABSTRATA

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *