A ARTE DO MANEIRISMO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Segundo afirma o professor E.H. Gombrich em seu livro A História da Arte, “Por volta de 1520 todos os amantes da arte nas cidades italianas pareciam concordar em que a pintura tinha atingido o ápice da perfeição. Homens como Michelangelo e Rafael, Ticiano e Leonardo tinham feito tudo o que gerações anteriores haviam tentado fazer. […] e — conforme se dizia — tinham até superado as mais célebres estátuas da antiguidade grega e romana”.

Alguns artistas, acreditando em tal afirmativa, passaram apenas a imitar o trabalho desses mestres do Renascimento, ocasionando muitas vezes resultados ridiculamente cômicos. Foi por isso que muitos críticos, entendendo que os jovens pintores erravam ao imitar tais artistas, passaram a chamar essa fase das artes de “período maneirista”. Outros, no entanto, não aceitaram a hipótese de que a arte tivesse chegado ao seu limite. E, assim, nasceu uma pintura cheia de significado, o que muitas vezes tornava-a obscura, a não ser para os mais eruditos.

O termo “maneirismo” passou a descrever todo esse período em razão de suas características estilísticas. George Vasari, pintor, escritor e arquiteto italiano, foi o primeiro a usar a palavra italiana “maniera” (maneira, estilo) em relação às obras de seus conterrâneos, entretanto a palavra “maneirismo” passou a ser usada como um termo depreciativo pelos críticos posteriores que consideravam tal estilo apenas como uma transição afetada entre o Renascimento e o Barroco. No século XX o termo “maneirismo” passou a ser usado de um modo neutro, embora às opiniões continuem divergindo quanto à definição do estilo e o seu período exato.

As raízes do Maneirismo estão fincadas na Itália, tendo ali se desenvolvido entre os anos de 1520 a 1610. A cidade de Florença foi o seu berço. Alguns historiadores da arte veem o novo estilo como uma reação ao excesso de harmonia clássica, enquanto outros enxergam-no como uma evolução. Mas de modo geral as definições deste estilo dizem respeito à distorção ou ao excesso de refinamento dos ideais da última fase do Renascimento. Quer alguns o achem um estilo refinado e emocional ou afetado e decadente, não se pode negar o alto grau de tensão e dramaticidade que alcançou, tanto no uso de figuras alongadas em poses exageradas, como por suas cores e luzes fortes, acompanhadas da distorção de escala e perspectiva.

O Maneirismo foi espalhado pela Europa em todo o século XVI através de italianos expatriados e de artistas estrangeiros que estudaram na Itália. Chegou a tornar-se o “estilo oficial” de muitas cortes, ornamentando palácios e mansões da aristocracia. Este estilo chegou ao fim, segundo alguns estudiosos do assunto, com o surgimento dos irmãos Carraci e Caravaggio por volta de 1600. As gravuras foram outra fonte da disseminação maneirista.

A pintura maneirista introduz vários pontos de vista numa mesma obra, exibindo um cenário de irrealidade. Existem muitos elementos em torno da figura principal que já não fica mais centralizada. O drama é intensificado. As figuras são alongadas e os músculos sem contornos. Os rostos são melancólicos e as vestes detalhadamente trabalhadas. Uma luz forte é jogada sobre os objetos, produzindo sombras com a finalidade de elevar a dramaticidade. Tal estilo alcançou um alto patamar tanto na intensidade emocional de Jacopo Pontormo como na sensualidade elegante de Agnolo Bronzino — dois grandes nomes da pintura maneirista.

A escultura maneirista tem como principal característica a figura serpentinata (modelo emprestado dos gregos que acreditavam que a forma sinuosa era o meio indicado para expressar movimento). Benvenuto Cellini, Giambologna e Parmegianino são três grandes mestres do campo escultural. A arquitetura passou por modificações nos padrões clássicos: alterações nos ritmos estruturais, na funcionalidade de elementos, na ilusão de perspectiva e na lógica aristotélica. Andrea Palladio é um dos mestres desse período.

Fora da Itália podem ser citadas as cortes de Fontainbleua, na França e Praga, na Boêmia, como os mais importantes cenários do Maneirismo. Alguns críticos do passado chegaram a avaliar o estilo distorcido e o ritmo fluido de El Greco (Doménikos Thotokópoulos) — arquiteto, escultor e pintor grego que desenvolveu sua carreira na Espanha — como sinais de insanidade, mas é impossível desconhecer o fervor espiritual que brota de suas obras.

Dentre as características do Maneirismo está o alongamento intencional dos corpos e das proporções, cujo grau varia de um artista para outro. Esse movimento com ideias centrais uniu um grupo de artistas. Giuseppe Arcimboldo foi um artista maneirista da corte dos Habsburgo, sendo posteriormente uma inspiração para o movimento Surrealista, ao criar retratos simbólicos de seres humanos, usando a disposição criativa de frutas e legumes, levando as excentricidades do Maneirismo a um novo patamar. Em suma, o estilo maneirista não primava por ser coerente e único, mas por ser uma maneira de vivenciar o próprio estilo como sendo uma entidade diferenciada e pessoal.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Teste – A ARTE DO MANEIRISMO
Parmigianino – VIRGEM DO PESCOÇO LONGO
Pontormo – A DEPOSIÇÃO DA CRUZ

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
Arte/ Publifolha

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