A ARTE NO MUNDO ISLÂMICO (Aula nº 20)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                     

                                         (Clique nas imagens para ampliá-las.)

Na aula sobre a decoração das igrejas cristãs nós vimos como tudo acabou se acomodando no Ocidente, contudo, no Oriente Médio as coisas não aconteceram bem assim. Os conquistadores muçulmanos que nos séculos VII e VIII da nossa era dominaram um grande território (Pérsia, Mesopotâmia, Egito, África do Norte e Espanha) possuíam uma religião extremamente radical que proibia terminantemente a feitura de quaisquer imagens. Aos artistas não era permitido a representação de qualquer figura humana. Estaria então a arte fadada a desaparecer no Oriente Médio, conforme a vontade de seus soberanos e religiosos? Isto é o que iremos ver.

A arte não pode ser simplesmente banida ao gosto das religiões ou ao bel-prazer dos mandatários, pois ela é inerente à criatividade e à cultura de cada povo. Não é possível sufocá-la para atender os caprichos dos homens no que diz respeito às suas crenças. Hitler foi um dos exemplos de interferência no mundo artístico com a sua famosa crítica à “arte degenerada” (ver link abaixo sobre o assunto). Mas o que aconteceu com os artistas muçulmanos? Os artífices do Oriente precisavam encontrar uma saída para expandir sua criatividade. Se não podiam representar figuras humanas, teriam que trabalhar com padrões e formas. Foi exatamente o que fizeram, criando magníficos arabescos rendilhados e graciosos nos mais variados padrões decorativos, como vemos na ilustração de uma mesquita acima à esquerda.

Os tapetes orientais alcançaram terras não islâmicas, fazendo com que o mundo ocidental conhecesse uma nova arte — a dos arabescos, como mostra a segunda ilustração. No mundo dos seguidores de Maomé, ao invés de os artistas travarem contato com a realidade, optaram por representar o onírico, usando apenas linhas e cores. Porém, seitas posteriores entre os muçulmanos mostraram-se menos severas na interpretação daquilo que dizia respeito à proibição de imagens. Para elas a reprodução de figuras e ilustrações podiam ser feitas, sim, desde que fossem desprovidas de qualquer cunho religioso, como mostram as representações presentes em romances, fábulas e histórias criadas na Pérsia a partir do século XIV. Mais tarde o mesmo sucedeu na Índia, sob a governança de muçulmanos (mongóis), como mostra a terceira ilustração, inspirada num romance persa do século XV, obra que não aparenta praticamente qualquer ilusão de realidade, como também acontecia com a arte bizantina.

Exercício:

1. HITLER E A “ARTE DEGENERADA” 
2.
RELIGIÃO ISLÂMICA – A ARTE DOS ARABESCOS
3.
OS BELOS TAPETES TURCOS

Ilustração: 1. Pátio dos Leões (1377), Alhambra, Granada, Espanha / 2. Tapete persa (séx. XVII) / 3. O príncipe persa encontra a princesa chinesa Humayn em seu jardim (c.400 a.C.)

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

12 comentaram em “A ARTE NO MUNDO ISLÂMICO (Aula nº 20)

  1. Marinalva Dias Autor do post

    Lu
    A arte islâmica é fascinante. Suas mesquitas e os esplêndidos tapetes persas, combinados com o colorido dos mosaicos são esplêndidos. A arte islâmica foi na realidade, desde seu início, conceitual e religiosa. No âmbito sagrado evitou-se a arte figurativa, concentrando-se na geometria e no abstrato, sendo, assim, ela é mais simbólica do que transcendental. Os tapetes tiveram um papel importante nessa cultura, ao decorar palácios e mesquitas, onde são usados durante as orações, uma vez que os devotos não podem ficar em contato com a terra ao entrar em contato com Alá.

    É muito triste ver como os nazistas alemães, sob a liderança de Hitler, usando uma teoria racial como justificativa, tenha difamado as obras de arte. Mas ele fez muito mais do que isso, ao cassar curadores e diretores de museus, assim como artistas e professores de arte e apossar dos tesouros para serem vendidos. Até que grau de insanidade chega a mente humana! Destruir a arte é também destruir aqueles que a criaram. Pessoas sem sensibilidade e conhecimento são capazes de tudo.

    Até a próxima aula!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Um desses países árabes em razão do excesso de encomendas ou porque ficavam mais baratos, mandou fabricar tapetes na China. Resultado, os artesãos chineses aprenderam a técnica e hoje rivalizam com os tapetes árabes, fazendo com que seus preços astronômicos caíssem. No mundo de hoje não é mais possível segurar o conhecimento de um tipo de arte.

      Hitler foi realmente um louco varrido. Ambicioso, destruía tudo o que encontrava pela frente, desde que lhe trouxesse ganhos. Na história do nazismo o que mais me impressiona é como os alemães se deixaram levar por seu discurso, tendo que pagar depois um preço muito alto. Reafirmo o que escreveu: “Até que grau de insanidade chega a mente humana!”.

      Abraços,

      Lu

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  2. Antônio Costa

    Lu

    A escrita revela o autor, a pintura de igual forma, vai bem mais além, no profundo da mente/emoção do artista. O detalhismo repetitivo dos tapetes não perde brilho, ao contrário seduz, porque além de ser uma tarefa difícil, a conciliação com as cores se torna um real desafio, pincelar com linhas criando formas é um grande desafio. Gostaria de ter a oportunidade de desvendar que mensagens guarda cada obra em uma cultura tão hermética. Talvez haja algum estudo revelador assim como fazemos com as pinturas. É bem interessante analisar arte, cultura e repressão neste contexto do mundo oriental.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      A arte islâmica, apesar de estritamente rígida, contém belezas indescritíveis. O detalhismo de suas obras é de uma simetria fantástica. Com certeza deve haver muita história debaixo de tantos pontos e nós, mas nunca encontrei nada que me levasse a desvendá-lo. Vou continuar persistindo na busca.

      Abraços,

      Lu

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  3. Adevaldo Rodrigues Autor do post

    Lu

    Achei muito interessante o artigo sobre Hitler e a “arte degenerada” e qual era realmente o objetivo do ditador e sua cúpula. A hipocrisia dos ditadores e extremistas de direita perdura até hoje. Os nazistas, além das obras de arte, também roubaram o dinheiro dos judeus. O discurso deles naquela época era: o modernismo é uma conspiração de judeus e comunistas para acabar com o corpo e a grandeza do espírito dos alemães. A prática: dizimar a vida e esbanjar o dinheiro dos desafetos.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      A descoberta dos quadros famosos, tidos por Hitler como “arte degenerada”, mostra a hipocrisia de seu regime. Mas o que esperar de um tirano, senão maldade. O que está preocupante nos dias de hoje são as chamadas “fake news”. São tamanhos os absurdos que muitas vezes fico boquiaberta ao ver como pessoas inteligentes podem dar tanto crédito a elas, como fizeram os alemães na época de Hitler.

      Você se expressa sobre o texto cujo link acompanha a lição, o que mostra o quão é importante tais leitura para uma melhor compreensão da História da Arte.

      Abraços,

      Lu

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  4. Irene Fleury Autor do post

    Lu

    Sigo seu curso de arte e, penso, estar executando muito bem o seu projeto. O importante é atingir um maior número de pessoas que, de outra forma, não teria a oportunidade de conhecer a Arte. Quanto descobrimento deve estar sendo feito! O ponto de partida é esse: motivar, abrir janelas para todos. Sensibilizar, levar pessoas a descobrir, com gosto, o nunca pensado.

    Você tem um conhecimento amplo e divide-o de modo que atinja a todos. Cumprimentos por sua missão de educadora. Deus a abençoe!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Irene

      Agradeço muitíssimo a sua generosidade em fazer tal avaliação, pois ela me é necessária, caso tenha que mudar alguma coisa. Muitas vezes, quando estamos entranhados num assunto, perdemos a noção de como o outro o está recebendo. É sempre bom ter um “feedback” de alguém tão especial como você.

      Beijos,

      Lu

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  5. LuDiasBH Autor do post

    Moacyr

    Mais à frente, após a entrada na mesquita, está o famoso “Pátio dos Leões” que, segundo dizem, é outra maravilha. Quanto a Hitler, você tem toda a razão. O que se pode esperar de um genocida, senão a maldade e o desprezo pela arte? Lamentável!

    Abraços,

    Lu

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  6. Moacyr

    Lu
    Também fiquei encabulado com o trabalho feito na mesquita que deve ter sido criado na madeira. Aquele rendilhado e a entrada do templo islâmico como um todo é de tirar o chapéu.

    Não me surpreendeu a esperteza do genocida Hitler em relação às “obras degeneradas”, astucioso como era, tudo se podia esperar dele, até mesmo o massacre do povo judeu.

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  7. Hernando Martins

    Lu

    O mundo islâmico, desde os primórdios, foi mais fechado e radical no campo religioso, com o objetivo de controlar os seguidores e não permitir desvios nas suas crenças. Não era permitido ao artista utilizar formas humanas nos seus trabalhos e, mesmo com o domínio de outros povos no Oriente, ainda assim eles mantiveram suas crenças resistentes a interferências externas.

    O artista, como elemento capaz de transcender a arte, mesmo quando sufocado e impedido de expressar seu talento espontaneamente, ainda encontra subterfúgio para revelar sua criatividade artística através de trabalhos magníficos. No caso dos artistas orientais, desenvolveram trabalhos brilhantes com os arabescos, desenhos que imitam as plantas, utilizado na tapeçaria, transformando a Pérsia em referência nessa arte e continua sendo o ícone da tapeçaria. Os desenhos de formas de pessoas eram permitidos para outras modalidades, a exemplo da ilustração de histórias, romance e fábulas,isso ocorreu tanto na Pérsia como na Índia.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      Todas as religiões apresentam alas conservadoras e outras mais liberais. Vimos isso acontecer dentro do próprio cristianismo. E com o Islamismo não é diferente, embora continue proibida a representação humana, ao contrário do que vimos na Pérsia de antigamente. A saída dos artistas islâmicos foi a geometria, principalmente, e o trabalhos com folhas e flores.

      Você observou as maravilhas do rendilhado da mesquita que ilustra o texto? Fiquei encantada. E que paciência! É uma prova de que o artista sempre busca uma forma de expandir a sua arte em países que tentam limitar a sua criatividade.

      Beijos,

      Lu

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