A MORTE DA VIRGEM – CAT. DE ESTRABURGO (Aula nº 26 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

  

                                                 (Clique nas imagens para ampliá-las.)

A belíssima Catedral de Estraburgo ou Catedral de Nossa Senhora de Estraburgo — edificada em estilo gótico — foi erguida em cerca de 1230 (século XIII) e situa-se na cidade de Estraburgo/França. Em um de seus pórticos está representada “A Morte da Virgem” (ver segunda ilustração acima) que ora é descrita.

A Virgem Maria, deitada em seu leito de morte, tem perto de si os doze apóstolos, sendo que um deles encontra-se debruçado à sua cabeceira e outro a seus pés. À sua direita encontra-se Maria Madalena, sentada no chão, com os olhos voltados para ela. No centro da composição em meio aos discípulos encontra-se seu filho Jesus Cristo recebendo a sua alma — representada pela estatueta apoiada em sua mão esquerda.

O artista que esculpiu a obra ainda se preocupou com a simetria — característica do estilo românico — ao colocar as cabeças dos apóstolos em torno do arco. Também há simetria (correspondência em forma, grandeza e localização entre as partes existentes de um lado e do outro de determinada linha, plano ou eixo) na disposição dos dois apóstolos: um que se debruça sobre a cabeceira e o outro sobre os pés do leito.

O escultor também se preocupou em dar vida aos personagens retratados. Um semblante tenso e um olhar que repassa grande dor é visto nos apóstolos. Três deles trazem a mão no rosto, denotando sofrimento e luto. Maria Madalena torce as mãos em visível sofrimento. A expressão de seu rosto aflito contrasta com a serenidade vista no rosto da Virgem Mãe em seu leito de morte.

Ao contrário do que era visto nas esculturas românicas, quando as vestes pareciam envoltórios vazios, ou seja, sem corpos por baixo delas, os artistas góticos aparentemente buscaram na arte greco-romana a sua beleza, permitindo que a estrutura do corpo se mostrasse debaixo das dobras das vestimentas. A maneira como as mãos e os pés da Virgem aparecem sob o tecido de suas vestes deixa claro que aos escultores góticos interessava a representação, mas também o modo de representá-la.

Uma diferença fundamental separava os artistas gregos dos góticos. Enquanto aos primeiros importava criar a imagem de um formoso corpo, aos segundos interessava ensinar as Escrituras Sagradas de um modo mais real e que fosse capaz de comover os fiéis. Na escultura em questão o artista gótico preocupou-se muito mais com o proceder de Jesus ao olhar para sua mãe agonizante do que em representar seus músculos. Até mesmo porque — segundo a visão cristã da época — a mensagem deveria ser a mais clara possível, eliminando tudo que fosse inútil.

Exercício

  1. O que você sabe sobre a Catedral de Estraburgo?
  2. Quais são os exemplos de simetria vistos na “Morte da Virgem”?
  3. Qual a diferença entre as esculturas romanas e as góticas em relação às vestes?

Fonte de pesquisa:
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

6 comentaram em “A MORTE DA VIRGEM – CAT. DE ESTRABURGO (Aula nº 26 A)

  1. Marinalva Dias Autor do post

    Lu
    A Catedral de Nossa Sra. de Estraburgo na França levou quase 300 anos na sua construção, por isso sua arquitetura mistura diferentes influências românicas e góticas. Ela é riquíssima em detalhes. Suas esculturas ladeiam os pórticos com santos, anjos e muitos outros. A “Morte da Virgem” é um belíssimo quadro com perfeita simetria e onde cada uma das figuras parece ganhar vida. A mensagem pode ser entendida pelos devotos perfeitamente.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      É realmente muito tempo para a construção de uma obra. Com o curto tempo de vida das pessoas à época, devem ter trabalhado nela mais de cinco gerações.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  2. Hernando Martins

    Lu

    Como foi dito anteriormente nos belos textos apresentados, a arte gótica e a românica se misturam em certos momentos, quer dizer que o término de uma se confunde com o início da outra. A arte gótica deixou um legado grandioso,principalmente nas edificações de belíssimas catedrais na Europeia, lembrando que esse estilo de época iniciou se na França e se espalhou.

    Observando essa obra extraordinária,”A Morte da Virgem”, presente na catedral de Estraburgo, verifica-se que o artista, através da sua criatividade consegue realizar uma obra com detalhes incríveis na forma e expressão muito real dos personagens presentes na cena, com apóstolos, Cristo e Madalena expressando todo sentimento de pesar, mas sem perder a importância da mensagem simbólica da obra que é a unificação da arte, da filosofia e da religiosidade.

    Observa-se que o artista tem o cuidado de deixar a obra muito real, os corpos com características bem definidas. Mesmo sobre as vestimentas ficam evidentes os detalhes das partes corporais, dando uma tridimensionalidade incrível na obra, fazendo com que a imagem se aproxime do espectador. Na arte românica o espectador é que se aproximava da arte escultural, cuja finalidade era apenas religiosa. Tudo isso é importante para refletirmos que a história é dinâmica e o artista é o elemento primordial para materializar todo o pensamento político, social, econômico, filosófico, cultural e religioso de uma forma brilhante e capaz de encantar todos aqueles providos de sensibilidade,independente do nível cultural, porque a arte é abrangente e provida de uma linguagem universal.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      A arte românica e a gótica realmente coexistem em alguns períodos, pois, como já disse, cada novo estilo novo que surge carrega consigo um pouco do antigo. As transformações na arte são dinâmicas mas também possuem um tempo próprio. Nada acontece num estalar de dedos. Cada artista vai fazendo uma descoberta e adequando-a ao que já existe, até que, com a distância temporal, novos estilos vão surgindo. O processo artístico é realmente fantástico. Vimos como o arco semicircular da arte românica deu lugar ao arco ogival da gótica, possibilitando uma transformação grandiosa na arquitetura. No Renascimento veremos a busca pela cultura clássica e por tudo de extraordinário que ela criou na arte.

      A obra em questão é realmente muito bonita e mostra a sensibilidade do artista que por sua vez repassa-a aos que a veem. É impossível ficar indiferente diante dela. Sim, a arte é abrangente e possui uma linguagem universal, como você comentou, mas, quanto mais conhecimento você agregar sobre ela, mais acuidade terá para perceber seus pormenores, ou seja, mais seu olhar ficará treinado para vê-la e sua alma para senti-la.

      Abraços,

      Lu

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  3. Antonio Costa

    Lu

    É grandiosa a arte escultórica sobre a “Morte da Virgem”. A dureza pétrea e mesmo a ausência de variedade de cores se submeteram à força da emoção que o artista foi capaz de extrair. A simetria e o arco conduzem o leitor para o foco das ações, onde os personagens são estrategicamente colocados. Chama a atenção o fato de Maria Madalena segurar na própria mão, como se fosse a de Maria, envolta sob as vestes. Uma escultura forte e encantadora por todos os detalhes aqui colocados. A basílica assimétrica ganha beleza junto ao quadro da virgem.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio

      O trabalho escultórico é realmente cheio de muita sensibilidade. Trata-se de uma obra do gótico, quando a escultura dava um passo à frente na tentativa de libertar-se da arquitetura, ou seja, existir por si mesma. Se compararmos com o estilo românico, veremos que as mudanças já começam a ocorrer. É interessante a sua observação sobre Maria Madalena.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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