A paixão é ardilosa, traiçoeira e cruel,
porque esconde os amores destemidos
sob o côncavo de irreais favos de mel.
A paixão é raposa astuta e desalmada,
cega os olhos e ludibria a razão, pois
não pede licença e nem diz “obrigada”.
A paixão é um perigoso e falso dardo.
Pra todo aquele que a carrega no peito
é presunção pura e amor enganado.
A paixão não tem vínculo com o amor,
cheio de defeitos e cevado pelo tempo,
onde o querer bem cresce coo fermento.
A paixão é ligeira como o nervoso vento,
ora balouçando aqui, ora agitando acolá,
sem nunca trazer um rasgo de alento.
A paixão não carrega dengo ou piedade,
mas leva a volúpia dos desejos incertos.
É fogo nas areias escaldantes do deserto.
A paixão é desejo de posse, egocêntrica,
instinto de poder sobre a vida de outrem,
deixando-a à deriva, sem prumo e porto.
A paixão não tem chamego ou zelo, mas
gula e voracidade pelo sujeito da ardência,
deixando a vítima só em seu tormento.
A paixão não traz alegria e nem bondade.
tampouco é a maldita prazer dividido, mas
deleite solitário e avaro da possessividade.
A paixão e o amor são como água e óleo,
sentimentos de linhagens divergentes, ou
distintos seres, sem comunhão ou sentido.
Nos loucos devaneios do poeta, a paixão
ganha ares de fidalga e não sei o quê, mas
fora disso é nonsense, antiquada e démodé.
Nota: ilustração copiada de www.mdig.com.br
Lu,
“Lua, oh lua!
Querem te passar pra trás…” (música “A lua é dos namorados”, autoria de Ângela Maria)
Então, diante deste seu texto sobre a paixão, digo:
Paixão, oh paixão!
Querem te passar pra trás.
Pelo amor de Deus, Lu!
Não atiremos a milésima pedra na paixão. Por que ela sofre tanto? Não deveria, pois
aquece e estimula nossos corações.
Permite o gostoso tremor pelo corpo, o suor nas mãos e outras boas sensações em nós.
Pensemos que a paixão abre as portas para o amor. É até subserviente!
Imaginemos que ela está na sala de espera do consultório do amor. Basta entrar no compartimento principal. Enfim, envolver-se na festa e trazer para si a maravilha que é o amor.
Lu, reconsidere…
Abraço, Alfredo Domingos.
Alf
Você entrou na defesa da paixão… risos.
Mas aqui eu falo da paixão avassaladora, que bota sela no indivíduo, fazendo dele um joguete, um trapo humano.
A pessoa perde a razão e sofre pra danar.
Quando ela só aquece o coração, ou seja, fica em banho-maria, é gostosa, mas quando machuca… não é fácil não.
Não gosto de nada que me tire a razão.
Portanto, para sua tristeza, ela continua no banco dos réus… risos.
Grande abraço,
Lu