Autoria de LuDiasBH
A noite engolira o dia, trazendo o frio.
Mesas e cadeiras à mostra na calçada.
O músico retinia as cordas da guitarra,
salpicando de belas notas a entrada.
Muitos atores compunham o quadro:
casais apaixonados, moças e rapazes,
antigos amigos numa animada prosa,
e os garçons fluindo num leva e traz.
A garotada de patins fazia cabriolas
na quadra que se avizinhava à praça.
Artesãos vendiam colares e pulseiras.
Nas mesas, o velho chopinho regava.
O ventinho gelado das Minas Gerais
soprava revel, mas sem fazer alarido,
enroscava deliciosamente os casais,
e ajuntava nas mesas os amigos.
Os meus olhos argutos e encantados
acompanhavam Maria Rita na pista,
coo seu sorriso banguela e generoso,
fazendo as vezes de ua ágil sambista.
Ela saracoteava suas ancas magriças,
revirava-se feliz de um pra outro lado.
Suspendia e derreava suas escadeiras,
mexendo a ossatura magra e ligeira.
Maria Rita, a festiva bailarina da noite,
buscava na maestria da vida seu tom,
enquanto o cantador descansava, ela
remetia beijos ardentes pros fãs.
Todos aplaudiam a arrebatante dama,
a sambista mais feliz de toda a cidade,
que dormia nas calçadas durante o dia
e à noite ria, cantava e dançava.
Nota: Dueto – Hendrik Terbrugghen
LuDias
Encantadora poesia. Repleta de verdades incrustadas na vida real, onde a felicidade é ter o sentimento de alegria simplesmente ao curtir a música e dançar à noite, mesmo que a fome possa estar à espreitada.
Como mostram seus versos, a felicidade custa pouca coisa para aqueles que sabem viver com intensidade o bem mais precioso que Deus nos deu, a vida.
Parabéns!
Ed
Não é preciso muito para ser feliz.
É isso que nos ensina Maria Rita, ainda que na sua loucura.
Quem tem em demasia, nunca está feliz com nada.
Abraços,
Lu