Em mim ruge uma fera até então contida.
Há desesperança em seus uivos lúgubres.
Seu corpo debate-se numa cólera surda,
seus olhos marrons são ternos e tristes.
Há tempos a animália vive amordaçada a
uma coleira de couro com metal na ponta,
em meio a mangues, lodaçais e pântanos,
atada ao frágil bambu da temperança.
Uma parte dela traz o rabo entre as pernas,
encolhe-se cabisbaixa e rubra de vergonha.
A outra metade esbraveja pelos sete cantos,
escancarando seu desencanto coo mundo.
Eu sou fera – mescla de dureza e fragilidade:
ora estou rija como asas de um falcão em voo,
ora fico débil como barcos largados ao vento.
Ambas as partes cheias de saudades e dor.
Animália, é isto que eu sou!
Nota: Imagem copiada de animais.culturamix.com